terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Popularizar o desenvolvimento científico continua sendo um grande desafio para o Brasil.‏

R$ 44,7 milhões para aproximar a ciência mineira da sociedade
Expectativa da Fapemig é de crescimento nas pesquisas desenvolvidas no estado este ano. Em 2012, o Brasil mostrou que inovação e internacionalização são o lema da atualidade
 



Bruno Freitas

Estado de Minas: 26/02/2013 

Popularizar o desenvolvimento científico continua sendo um grande desafio para o Brasil. Nesse contexto, 2012 parece ter sido um ano promissor. Iniciativas como a 9ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) indicaram que é possível fomentar o interesse dos jovens brasileiros pela área. O evento coordenado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) registrou recordes de participação: foram mais de 28 mil atividades cadastradas, 723 cidades e 912 instituições, contra 16 mil ações, 654 municípios e 833 entidades no ano anterior. A criação de novos museus e espaços que possam estimular a formação de uma cultura científica no país – como ocorre nos Estados Unidos e na Europa – também fazem parte desse caminho, que em 2013 tende a se voltar às pesquisas em inovação e internacionalização. A burocracia, entretanto, continua sendo o grande entrave do setor.

“A demanda é muito grande e os recursos, insuficientes. É preciso fazer todo um movimento para isso”, alerta o diretor do Departamento de Popularização e Difusão de Ciência e Tecnologia do MCTI, Ildeu Moreira. Diferentemente do Brasil, a exploração de espaços científicos, acrescenta ele, pode fazer a diferença na formação intelectual do cidadão. “Os museus de ciência nos Estados Unidos e na Europa, por exemplo, são instrumentos importantes de formação da cultura científica, de discussão da política, de interdisciplinaridade e de apoio ao sistema formal de ensino”, aponta.

Pelo menos no papel, a expectativa é de que este seja um ano de crescimento na pesquisa mineira. Passado o carnaval, o calendário científico começa com o pé direito, com oito novos editais de R$ 44,7 milhões lançados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig). Disponíveis para consulta no site (www.fapemig.br), os documentos fazem parte de um plano da entidade em consolidar as áreas de inovação e internacionalização no estado.

A novidade este ano é que, para serem aprovados, os projetos serão submetidos a um novo sistema eletrônico desenvolvido pela Fapemig com o apoio de pesquisadores do Departamento de Ciência da Computação da UFMG: o Everest. “A ciência mineira vai muito bem. Na categoria Estudante de Ensino Superior, o prêmio Jovem Cientista 2012 foi entregue a uma aluna da Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg) da área de design que criou um tecido esportivo que se adapta ao calor e ao frio. Para este ano, nosso foco continuará nesse caminho, dando ênfase à parceria com agências e instituições do exterior com as quais temos desenhado em conjunto, além da atuação com empresas e programas com os quais trabalhamos desde a implantação da Lei Mineira de Inovação, em 2008”, afirma o presidente da Fapemig, Mario Neto Borges.

Sem deixar de alimentar a base da ciência, que é a concessão de bolsas que vão desde a iniciação científica júnior ao pós-doutorado, Borges anuncia que a entidade pretende investir cerca de R$ 350 milhões em pesquisa ao longo do ano.

O polo aeronáutico é uma das áreas a ser contempladas, distribuída em três frentes de atuação: asas móveis em Itajubá (Região Sul de Minas), onde está sendo desenvolvido o primeiro helicóptero nacional; asas fixas em Tupaciguara (Triângulo Mineiro), na criação de um avião executivo de pequeno porte; e o Centro de Desenvolvimento da Embraer em Lagoa Santa (Grande Belo Horizonte), focado no treinamento e qualificação de profissionais do setor aeronáutico.

Outras duas áreas contempladas são as de tecnologia da informação (TI) e saúde. A primeira, por meio do Programa Estratégico de Software e Serviços de Tecnologia da Informação (TI Maior), estabeleceu em dezembro um acordo de cooperação técnica entre os governos estadual e federal. Mais de R$ 500 milhões serão investidos no país somente nessa área, dos quais R$ 110 milhões em 2013. Na área da saúde, pesquisa de hipertensão arterial, doenças cardiovasculares, diabetes e doença renal crônica serão beneficiadas com R$ 1 milhão no Programa Hiperdia Minas. Além disso, R$ 4 milhões serão aplicados em 81 bolsas de pós-doutorado e taxa de bancada aprovadas pelo Programa Mineiro de Pós-Doutorado (PMPD).

BUROCRACIA A maior barreira para o fomento, entretanto, vem de dentro do próprio governo. Compartilhando o pensamento de Ildeu Moreira, do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, Mario Borges alerta que executar o orçamento previsto depende da burocracia governamental. "O Brasil é um país tradicionalmente latino, burocrático, está incutido na nossa cultura e pelo fato de a ciência brasileira ser muito nova, ainda não há legislação específica", comenta. A aprovação do Código Nacional de Ciência, Tecnologia de Inovação (projeto de lei 2.177/2011), em tramitação na Câmara dos Deputados, aponta ele, poderia facilitar o projeto. “Até que o PL seja votado, essa será a maior dificuldade para trabalhar tanto em nível nacional como internacional”, acrescenta o presidente da Fapemig. Uma necessidade urgente que não depende apenas do interesse do brasileiro.


PALAVRA DE ESPECIALISTA: MARTA TAVARES D’AGOSTO - PRÓ-REITORA DE PESQUISA DA UFJF

É preciso fazer mais

"As palavras de ordem na pesquisa brasileira hoje são inovação e internacionalização, mas elas ainda são incipientes e precisam de fato acontecer. O Brasil está muito aquém em pesquisa porque os programas precisam ganhar uma escala maior. Existem algumas linhas de incentivo à inovação, mas elas ainda são tímidas para o que o país precisa. Se quisermos fazer uma mudança de empreendedorismo e exportação de tecnologia, temos que mudar os currículos de graduação e instituir atividades como essa na rotina acadêmica. Programas que envolvam os alunos em inovação também são muito necessários. Todas essas questões vêm sendo discutidas, mas o retorno tem sido muito lento. É preciso um impacto maior, acelerar esse processo."


BOLSA PESQUISA 2013
Confira os principais editais abertos pela Fapemig no estado no primeiro semestre do ano:

Publicação: 26/02/2013 04:00
Inovação tecnológica:
mestres e doutores
• O que é: edital que busca melhorar a competitividade nas empresas, estimulando a pesquisa e a inovação por meio da contratação de mestres e doutores.
• Prazo de envio de proposta: 25 de março.
• Valor total: R$ 500 mil.

Apoio a incubadoras de empresas de base tecnológica
•  O que é: projeto de apoio à geração de novos produtos, processos e novas empresas de base tecnológica e incentivo à interação entre os parques tecnológicos e as incubadoras. Podem concorrer propostas de incubadoras de empresas sediadas
em Minas Gerais, de base tecnológica ou mistas, com empresas residentes e intensivas em
tecnologia. As propostas apresentadas devem induzir ao desenvolvimento de ações associativas
e compartilhadas entre as incubadoras, contribuir
para a graduação de novas empresas de
base tecnológica.
• Prazo de envio de proposta: 11 de março
•  Valor total: R$ 1,3 milhão

Universal
•  O que é: edital que contempla pesquisas em
todas as áreas do conhecimento. Quem participar não pode se candidatar ao Programa
Pesquisador Mineiro.
•  Prazo de envio de proposta: 1º de abril
•  Valor total: R$ 23 milhões, sendo que
o valor individual das propostas não pode
ultrapassar R$ 50 mil

Manutenção de equipamentos
•  O que é: edital que busca financiar reparos e manutenção de equipamentos de laboratórios fora do período de garantia ou que custem mais de
R$ 100 mil. A Fapemig exige uma contrapartida financeira da instituição de no mínimo 10%
do valor solicitado.
•  Prazo de envio de proposta: 8 de abril
•  Valor total: R$ 2 milhões

Programa Pesquisador Mineiro
•  O que é: oferece cotas financeiras mensais (grant) a pesquisadores e tecnólogos com o objetivo de apoiá-los em projetos de pesquisa. Os candidatos devem ter reconhecida liderança em sua área
de atuação. O prazo de execução de cada
proposta contratada é de dois anos, contados
a partir de julho.
•  Prazo de envio de proposta: 8 de março
•  Valor total: R$ 11,4 milhões, concedidos em 300 cotas distribuídas em três modalidades: pesquisadores que não sejam beneficiários do Adicional de Bancada concedido pelo CNPq (200 cotas de R$ 48 mil), pesquisador beneficiário do Adicional de Bancada concedido pelo CNPq (60 cotas de R$ 24 mil) e tecnólogos (10 cotas de R$ 48 mil).

Aquisição de livros técnicos científicos
•  O que é: busca atualizar e ampliar o acervo dos cursos recomendados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) oferecidos por instituições mineiras.
•  Prazo de envio de proposta: 15 de abril
•  Valor total: R$ 2 milhões

Publicação de periódicos científicos institucionais
•  O que é: edital com o objetivo de financiar a editoração e publicação de periódicos científicos impressos ou eletrônicos, podendo contribuir com a divulgação de resultados de pesquisas.
•  Prazo de envio de proposta: 6 de maio
•  Valor total: R$ 1 milhão

Bolsa de incentivo à pesquisa e ao desenvolvimento científico e tecnológico
•  O que é: bolsa de incentivo à fixação e qualificação dos pesquisadores de Minas que tem como público-alvo servidores públicos estaduais que atuam como pesquisadores em instituições de ensino e pesquisa do estado, com projetos financiados por agências oficiais. O auxílio é concedido por um ano, com possibilidade de prorrogação por mais um.
•  Prazo de envio de proposta: 22 de abril
•  Valor total: R$ 2 milhões, com valores que variam de acordo com a titulação do proponente.

Apoio a projetos de extensão em interface com a pesquisa
•  O que é: financia projetos de extensão buscando fortalecer a ação transformadora da pesquisa sobre os problemas sociais e estabelecer uma relação de diálogo entre pesquisadores e sociedade.
•  Prazo de envio de proposta: 29 de abril
•  Valor total: R$ 2 milhões, com valor individual de até R$ 50 mil

Programa Santos Dumont
•  O que é: projeto com o objetivo de desenvolver produtos, processos ou serviços com inovação tecnológica, estimulando o espírito empreendedor de alunos da graduação. O edital também
financia equipes universitárias em competições tecnológicas de caráter educacional, como a fórmula Baja SAE-Brasil.
•  Prazo de envio de proposta: 8 de maio
•  Valor total: R$ 500 mil
Fonte: Fapemig

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