CRÍTICA / ARTES PLÁSTICAS
FABIO CYPRIANOCRÍTICO DA FOLHA
'DOAÇÕES RECENTES 1' TEM BONS TRABALHOS; MAS UMA MOSTRA COM 11 ARTISTAS APENAS RESSALTA PRECARIEDADE DA SITUAÇÃO DO MAC
Não há como descrever de outro jeito: é frustrante a ocupação lenta e gradual da nova sede do Museu de Arte Contemporânea da USP (MAC-USP).A nova mostra "MAC 50: Doações Recentes 1", inaugurada no fim do mês passado, após um ano da entrega do prédio pelo governo do Estado de São Paulo à USP, ocorre ainda num lugar de passagem, o térreo do edifício projetado por Oscar Niemeyer.
Lá também permanece "O Tridimensional no Acervo do MAC" (com suas obras agora redispostas no espaço), exposição que inaugurou a ocupação da nova sede, com a promessa de preencher os 36 mil metros quadrados de área expositiva de forma paulatina -ao menos metade dessa área deveria estar funcionando agora.
Mas a ocupação desacelerada do edifício, em decorrência de questões burocráticas que demonstram visível desatenção da direção da USP, faz de "Doações Recentes 1" um exercício inócuo.
A exposição, com curadoria de Tadeu Chiarelli, diretor do MAC, apresenta uma seleção que não chega a 15 obras, entre as 120 obtidas pelo museu na última década.
Há bons trabalhos, como "Tendências da Escultura Moderna", de Lucas Simões.
Na obra, o artista remonta o livro de mesmo nome de Walter Zanini, primeiro diretor do MAC, morto recentemente -o que propicia a possibilidade de uma merecida homenagem. Por dialogar com a história do próprio museu, a obra de Simões se torna o ponto alto da exposição.
Também há nomes significativos na cena contemporânea, como Ana Maria Tavares, Rosângela Rennó e Sandra Cinto, além de trabalhos de grandes dimensões, como os de Daniel Acosta ou Marcelo Silveira.
Reina, contudo, uma atmosfera de improvisação, já que a mostra ocorre num espaço que não é o mais adequado, enquanto as salas expositivas ainda não estão em condição de uso.
Por décadas, o MAC, possuidor de um notável acervo de arte moderna e contemporânea, ficou confinado à sua modesta sede na USP e a parte do pavilhão da Bienal, onde não tinha condições de apresentar sua coleção.
Agora, mais de um ano após a inauguração da nova sede, o museu possui um espaço digno, mas não demonstra capacidade para viabilizar seu uso. Uma mostra com 11 artistas, em vez de sinalizar disposição para um futuro promissor, apenas ressalta o caráter de precariedade de tal situação.
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