Folha de São Paulo
com Agência de Notícias
O papa Bento 16 nomeou nesta sexta-feira o advogado alemão Ernst von Freyberg como presidente do IOR (Instituto para Obras Religiosas), mais conhecido como o Banco do Vaticano, informou o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi.
Associated Press |
O advogado alemão Ernst von Freyberg, em foto divulgada na última sexta-feira |
Segundo Lombardi, o papa manifestou seu pleno consentimento à designação de von Freyberg pela comissão de cardeais que supervisiona as atividades da instituição, após uma profunda avaliação dos candidatos.
O comunicado da Santa Sé diz que Freyberg traz "vasta experiência em questões financeiras e o processo regulatório financeiro"
Nascido em 1958, ele é membro do conselho de assessores da agência de empregos temporários Manpower GmbH e da empresa de gestão de ativos Flossbach von Storch AG.
O novo chefe do banco é um católico devoto, mas, de acordo com Lombardi, não é um amigo pessoal de Bento 16.
Segundo o Vaticano, cerca de 40 pesoas em todo o mundo foram consideradas para o cargo.
PRESSA
O anúncio de que o papa indiciaria o novo presidente do IOR foi feito nesta quinta-feira pelo secretário de Estado, Tarcisio Bertone, o segundo homem na estrutura da Santa Sé, a quem se acusa de ter feito pressão para que fosse demitido Ettore Gotti Tedeschi, pessoa de confiança do papa e membro da Opus Dei --a poderosa ordem que teve papel relevante com João Paulo 2º e continuou tendo com Joseph Ratzinger.
Gotti Tedeschi, acusado de má gestão, sem maiores especificações, foi afastado em maio do ano passado.
A demissão foi "acompanhada de uma demolição de sua figura humana e profissional, que filtrou dos muros vaticanos e que não tem precedentes na história recente da Santa Sé", segundo o boletim "Vatican Insider", publicado pelo matutino "La Stampa".
O simples fato de que o cargo ficou vago durante quase um ano indica como as finanças do Vaticano são obscuras e problemáticas.
"Vatican Insider" critica a decisão de nomear o novo presidente do banco exatamente no momento em que há estupor pela renúncia de Bento 16.
Lamenta que, "nesta dramática semana (...), a máquina da Cúria atue normalmente, não obstante o pasmo bem evidente mesmo dentro dos muros vaticanos".
É razoável supor que o cardeal Bertone tenha apressado a nomeação do banqueiro para evitar que a vacância continuasse por pelo menos mais um mês, porque a renúncia do papa causa a paralisia do Vaticano, inclusive nomeações.
COM CLÓVIS ROSSI, ENVIADO ESPECIAL A ROMA
Nenhum comentário:
Postar um comentário