Balanço revela mudança de comportamento no país, com artistas e galerias atuando juntos
Sérgio Rodrigo Reis
Estado de MInas: 16/03/2013
O que determina o valor de uma obra de
arte? Como funciona o mercado? Qual o papel dos atravessadores? Como a
arte contemporânea se posiciona no mundo globalizado? Essas e outras
perguntas foram respondidas esta semana por especialistas ligados à
ArtRio, uma das maiores feiras brasileiras do segmento, que estiveram em
Belo Horizonte, na Celma Albuquerque Galeria de Arte, com um único
objetivo: difundir e desmistificar algumas das mais recorrentes questões
da área.
A ação faz parte de estratégia da ArtRio de tentar
ampliar o mercado nacional da arte. Segundo os organizadores, a situação
está boa, mas, nem de longe, próxima do potencial do país. “As
perspectivas são gigantes. Somos um bebê neste mercado. Vai melhorar e
muito”, avalia a carioca Brenda Valansi, uma das fundadoras da feira.
Ela tem na ponta da língua os números que comprovam a teoria: neste ano,
a terceira edição do evento atraiu mais de 70 mil pessoas. Houve a
participação de 120 galerias, das quais 40% vieram de outros países.
Mesmo sem revelar os valores por trás das negociações, garante que todos
ficaram satisfeitos.
O que tem garantido a boa repercussão da
feira em pouco tempo de atividade, para ela, são os critérios aplicados.
Para participar, as galerias são submetidas a uma comissão. Só entra
quem tiver currículo e comprovar trabalho sério. Depois de escolhido,
cada participante tem direito a espaços que variam entre 20 metros
quadrados (no caso das jovens galerias), a estandes entre 40 e 120m2,
para quem tem carreira consolidada. “É um mercado cada vez mais
interessante, porque o Brasil está indo bem e, cada vez mais, sobra
tempo para as pessoas pensarem em arte. É necessário um primeiro
contato.” O tema, além de seus fascínios, pode representar boas
oportunidades de negócios.
A perspectiva, de acordo com a
especialista, sinaliza para crescimento, sobretudo, na fotografia. “O
mercado englobou a foto como arte.” Mesmo com bons negócios à vista, ela
não acha que as pessoas devem iniciar suas coleções só pensando na
valorização. Mas sim pelo que gostam. “Depois, procuro ver o valor da
obra. Se for baixo: ok! Agora, se for mais caro, tento entender o que
está por trás do valor.” E o que determina o preço de um trabalho
artístico? “Primeiro é a trajetória do artista, o que vem fazendo e a
sua credibilidade. Não adianta nada comprar algo caro de um jovem
artista em início de carreira, que, daqui a pouco, pode virar um
dentista.” Há outros dilemas. “A pessoa que não é muito rica acha que
arte é para os muito ricos. Já os milionários, que nunca tiveram
contato, acham que é para intelectuais. Arte é para todos. Basta se
interessar. E não precisa ser intelectual para isso.”
Brenda
Valansi analisa o mercado brasileiro de arte como um segmento em franca
evolução e em busca de profissionalização. “Desde que entrei, há 10
anos, só vejo as pessoas querendo fazer as coisas direito. Vejo os
artistas querendo vender por meio de suas galerias e não diretamente
para os clientes e, por outro lado, as galerias focadas em suas
obrigações empresariais, como a emissão de notas fiscais.” Para quem
acompanha o segmento há alguns anos, as palavras da especialista soam
boa mudança de paradigmas do segmento.
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