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Crise é 'besteira' da imprensa, diz pastor
Ainda sob pressão, Feliciano reafirma que não renunciará e
nega que protestos contra ele afetem trabalhos da comissão
Alessandra Mello
Estado de Minas: 28/03/2013
O deputado pastor Marco Feliciano (PSC-SP)
reafirmou ontem que não pretende em hipótese nenhuma renunciar à
Presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara.
Ele garantiu que não existe crise no colegiado e que tudo não passa de
“besteiras” dos jornalistas. "Já fizemos duas sessões, e na primeira
votamos toda a pauta. Na segunda, só fui impedido por causa do tempo”.
Ele disse ainda que nem o presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves
(PMDB-RN), nem o colégio de líderes podem interferir na sua decisão de
permanecer no cargo. Apesar de o PSC ter anunciado na terça-feira que
mantém o apoio ao pastor, em meio a pressões para que ele renunciasse,
líderes partidários ainda buscam uma brecha para destituí-lo da
presidência do colegiado.
"Não renuncio de jeito nenhum. O que
os líderes podem fazer com a minha vida? Eu fui eleito pelo voto popular
e pelo voto do colegiado", disse o pastor. Pelo Regimento Interno da
Câmara, os integrantes das comissões fixas e temporárias só podem ser
afastados se não comparecerem a reuniões seguidas.
Ontem pela
manhã Feliciano esteve na sede da Embaixada da Indonésia para entregar
um pedido de clemência a favor de dois brasileiros condenados à pena de
morte por tráfico de drogas naquele país. Indagado se era o momento
oportuno de fazer esse tipo de apelo, em razão da crise na comissão, o
pastor se irritou. "Essa é uma pergunta estúpida. E lá existe tempo para
fazer pedido de clemência?", questionou. Em seguida, dirigindo-se aos
jornalistas, prosseguiu: "Vocês estão ultrapassando o meu limite de
espaço. Estou aqui por um assunto sério e vocês estão de brincadeira".
A
ascensão de Marco Feliciano ao comando da CDHM divide opiniões. De um
lado, ativistas da causa LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e
transgêneros) e defensores dos direitos das minorias protestam contra
sua escolha, acusando-o de racismo e homofobia. De outro, conservadores e
evangélicos defendem sua permanência no cargo e acusam os contrários de
perseguição religiosa e de querer implantar uma “ditadura gay” no
Brasil.
No meio desse turbilhão, quem perde é a comissão e seus
representados, já que desde a eleição do pastor, no início do mês,
nenhuma reunião da CDHM foi levada a cabo. Quem ganha é Feliciano,
alçado de uma hora para a outra ao posto de líder conservador,
suplantando até mesmo o também integrante do colegiado deputado Jair
Bolsonaro (PP-RJ), até então um dos mais polêmicos protagonistas de
ataques verbais considerados de cunho racista e homofóbico no Congresso
Nacional e que tem cerrado fileira ao lado do pastor.
Com tanto
palanque a seu dispor, Feliciano já sonha com voos mais altos: quer ser
candidato do PSC a presidente da República em 2014. Mesmo que a ideia da
candidatura ao Palácio do Planalto não vingue, o partido dá como certa a
reeleição do deputado para a Câmara com votação maior do que a de 2010,
quando obteve 211 mil votos e foi o parlamentar da bancada evangélica
mais bem votado no Brasil.
Pastor da Assembleia de Deus e líder
de 13 igrejas do Ministério Templo do Avivamento, criado por ele no
interior de São Paulo em 1997 e já com sedes em vários estados,
Feliciano é acusado de racismo pelo Ministério Público por causa de uma
declaração considerada ofensiva aos homossexuais publicada em seu perfil
no Twitter, no início do ano. O inquérito foi levado ao Supremo
Tribunal Federal, mas a ação ainda não foi acatada. (Com agências)
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