Tereza Cruvinel
Estado de Minas: 28/03/2013
"Não podemos permitir
que a eleição da Dilma corra qualquer risco. Não podemos truncar nossa
aliança com o PMDB", disse o ex-presidente Lula em entrevista ao jornal
Valor Econômico. O PMDB foi contemplado no ajuste ministerial da
presidente, ainda inconcluso, mas a insatisfação com o governo continua
grande, especialmente na bancada da Câmara, que se sente
sub-representada. Ela alimenta as divergências nos estados, que estão
produzindo candidaturas concorrentes entre PT e PMDB. O acirramento é
maior no Rio de Janeiro, entre as candidaturas de Lindbergh Farias e
Luiz Fernando Pezão, mas o quadro deve se repetir na maioria dos
estados. As queixas brotam em qualquer roda de peemedebistas, tendo o
líder Eduardo Cunha (RJ) como porta-voz. Uma situação que contraria as
recomendações de Lula ao PT.
Com as mudanças no ministério, diz ele, a presidente devolveu ao PMDB, ao transferir o ministro Moreira Franco para a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), um pedaço do Ministério da Defesa que o partido ocupava no governo Lula com Nelson Jobim. Ao trocar Mendes Ribeiro por Antônio Andrade na Agricultura, ambos do PMDB, “ela resolveu foi um problema eleitoral dela em Minas”. Dilma Rousseff, de fato, vai precisar de um bom palanque e da coalizão unida no estado onde Aécio Neves certamente será vitorioso na disputa presidencial. “No fim e ao cabo – diz o líder – a situação ficou praticamente a mesma.” Ele cita postos importantes que o partido ocupava no governo Lula e perdeu na presidência Dilma. Os ministérios, que eram cinco (Transportes, Agricultura, Comunicações, Saúde e Minas e Energia), foram reduzidos a quatro e meio (Turismo, Previdência, Agricultura, Minas e Energia e Anac). No segundo escalão foram-lhe tiradas a Presidência de Furnas, uma vice-presidência do Banco do Brasil, uma das três vice-presidências da Caixa Econômica Federal, a diretoria do Departamento Nacional de Obras contra as Secas (Dnocs), duas diretorias da Eletrobras e uma da Petrobras. “O compartilhamento do poder se dá pela distribuição dos cargos e também pela participação nas decisões governamentais. Nos dois aspectos, o governo não tem para com o PMDB a deferência correspondente ao papel que se espera dele”, acrescenta Cunha, antevendo a contaminação das articulações eleitorais nos estados pelas insatisfações decorrentes da insatisfação das bancadas.
Está claro, nesta altura, que na maior parte dos estados PMDB e PT terão palanques distintos. Uma coalizão nacional jamais se imporá verticalmente num país como o Brasil. A situação é administrável quando os dois lados mantêm um padrão elevado na disputa. Mas, no calor da campanha, alguns cedem ao golpe baixo. Na preliminares em que estamos, já surgiu uma denúncia contra o senador petista, atribuída pelo próprio veículo que a publicou ao PMDB do Rio. Imagine-se o que haverá quando estivermos de fato em 2014.
O troco de Feliciano
Marco Feliciano (PSC-SP) e seus apoiadores evangélicos estão partindo para o “bateu, levou”. O presidente da Câmara, Henrique Alves, havia dado prazo até anteontem, terça-feira, para que o PSC e os líderes resolvessem essa crise bizarra em torno da Comissão de Direitos Humanos e Minorias, que ontem produziu novos confrontos com os manifestantes que pedem a saída do pastor. A reunião de terça-feira à noite acabou sem solução porque os evangélicos apresentaram a Alves uma denúncia de 2011 contra o ex-presidente da comissão, o petista Domingos Dutra, um dos que têm pedido a renúncia do sucessor. Ele teria demitido uma empregada doméstica que, ao discutir a rescisão trabalhista na Justiça, teria descoberto que era, na verdade, funcionária da Câmara. E que seu verdadeiro salário era o dobro do que recebia. Os evangélicos teriam armado um barraco, exigindo a abertura de processo contra Dutra no Conselho de Ética. O tempo fechou e a reunião se encerrou com Feliciano mantido no cargo. E assim a crise continua.
O essencial e o oportuno
É do Congresso, que há tempos enfrenta o apedrejamento, a iniciativa de mudar a Constituição para suprimir a existência dos trabalhadores de segunda classe, os domésticos, em sua maioria mulheres, equiparando seus direitos aos dos demais empregados. Isso foi possível agora graças ao consenso social criado em torno da agenda de combate à pobreza, este um mérito do Executivo. Daqui a alguns anos, os que olharem para trás se perguntarão como isso era possível, assim como hoje achamos espantoso que tenha havido o tráfico negreiro e a escravatura.
Mas a campanha eleitoral está aí, estimulando a aprovação de leis que agradam mas, por genéricas, precisarão ser regulamentadas para não criarem confusão. É o caso do projeto aprovado pela Câmara, dispensando os moradores de pagar pedágio nos postos instalados em seus municípios. É justo mas a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e a Associação dos Concessionários de Rodovias estão de cabelo em pé. A lei não explica como o cidadão provará que é morador. Se for com uma mera conta de luz, a fraude vai campear.
Com as mudanças no ministério, diz ele, a presidente devolveu ao PMDB, ao transferir o ministro Moreira Franco para a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), um pedaço do Ministério da Defesa que o partido ocupava no governo Lula com Nelson Jobim. Ao trocar Mendes Ribeiro por Antônio Andrade na Agricultura, ambos do PMDB, “ela resolveu foi um problema eleitoral dela em Minas”. Dilma Rousseff, de fato, vai precisar de um bom palanque e da coalizão unida no estado onde Aécio Neves certamente será vitorioso na disputa presidencial. “No fim e ao cabo – diz o líder – a situação ficou praticamente a mesma.” Ele cita postos importantes que o partido ocupava no governo Lula e perdeu na presidência Dilma. Os ministérios, que eram cinco (Transportes, Agricultura, Comunicações, Saúde e Minas e Energia), foram reduzidos a quatro e meio (Turismo, Previdência, Agricultura, Minas e Energia e Anac). No segundo escalão foram-lhe tiradas a Presidência de Furnas, uma vice-presidência do Banco do Brasil, uma das três vice-presidências da Caixa Econômica Federal, a diretoria do Departamento Nacional de Obras contra as Secas (Dnocs), duas diretorias da Eletrobras e uma da Petrobras. “O compartilhamento do poder se dá pela distribuição dos cargos e também pela participação nas decisões governamentais. Nos dois aspectos, o governo não tem para com o PMDB a deferência correspondente ao papel que se espera dele”, acrescenta Cunha, antevendo a contaminação das articulações eleitorais nos estados pelas insatisfações decorrentes da insatisfação das bancadas.
Está claro, nesta altura, que na maior parte dos estados PMDB e PT terão palanques distintos. Uma coalizão nacional jamais se imporá verticalmente num país como o Brasil. A situação é administrável quando os dois lados mantêm um padrão elevado na disputa. Mas, no calor da campanha, alguns cedem ao golpe baixo. Na preliminares em que estamos, já surgiu uma denúncia contra o senador petista, atribuída pelo próprio veículo que a publicou ao PMDB do Rio. Imagine-se o que haverá quando estivermos de fato em 2014.
O troco de Feliciano
Marco Feliciano (PSC-SP) e seus apoiadores evangélicos estão partindo para o “bateu, levou”. O presidente da Câmara, Henrique Alves, havia dado prazo até anteontem, terça-feira, para que o PSC e os líderes resolvessem essa crise bizarra em torno da Comissão de Direitos Humanos e Minorias, que ontem produziu novos confrontos com os manifestantes que pedem a saída do pastor. A reunião de terça-feira à noite acabou sem solução porque os evangélicos apresentaram a Alves uma denúncia de 2011 contra o ex-presidente da comissão, o petista Domingos Dutra, um dos que têm pedido a renúncia do sucessor. Ele teria demitido uma empregada doméstica que, ao discutir a rescisão trabalhista na Justiça, teria descoberto que era, na verdade, funcionária da Câmara. E que seu verdadeiro salário era o dobro do que recebia. Os evangélicos teriam armado um barraco, exigindo a abertura de processo contra Dutra no Conselho de Ética. O tempo fechou e a reunião se encerrou com Feliciano mantido no cargo. E assim a crise continua.
O essencial e o oportuno
É do Congresso, que há tempos enfrenta o apedrejamento, a iniciativa de mudar a Constituição para suprimir a existência dos trabalhadores de segunda classe, os domésticos, em sua maioria mulheres, equiparando seus direitos aos dos demais empregados. Isso foi possível agora graças ao consenso social criado em torno da agenda de combate à pobreza, este um mérito do Executivo. Daqui a alguns anos, os que olharem para trás se perguntarão como isso era possível, assim como hoje achamos espantoso que tenha havido o tráfico negreiro e a escravatura.
Mas a campanha eleitoral está aí, estimulando a aprovação de leis que agradam mas, por genéricas, precisarão ser regulamentadas para não criarem confusão. É o caso do projeto aprovado pela Câmara, dispensando os moradores de pagar pedágio nos postos instalados em seus municípios. É justo mas a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e a Associação dos Concessionários de Rodovias estão de cabelo em pé. A lei não explica como o cidadão provará que é morador. Se for com uma mera conta de luz, a fraude vai campear.
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