GABRIELA MELLÃO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
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Daniele Finzi Pasca usa suas criações oníricas para abrir janelas na alma dos espectadores. Suas obras, em grande parte espetáculos de câmara, costumam ser janelas discretas, como é o caso de "Ícaro", monólogo criado e interpretado pelo encenador ítalo-suíço, apresentado algumas vezes no país.
Em "Corteo", show do Cirque du Soleil criado por Pasca, cuja turnê brasileira chega a São Paulo no próximo sábado, essas janelas são coloridas e superdimensionadas.
Deste modo, não fogem à regra das produções da principal companhia circense do mundo. E não perdem, entretanto, o ar intimista.
John Vizcaino/Reuters | ||
Cena do espetáculo "Corteo", que estreia em São Paulo no próximo sábado |
Ao mesmo tempo em que é o maior espetáculo do Cirque du Soleil em turnê atualmente, "Corteo" (cortejo, em italiano) parece ser o menos grandioso. O menos artificial também, fato que potencializa seu encantamento.
Pela primeira vez nos quase 30 anos de história da trupe, o palco tem visão de 360 graus. Ao circundar toda a cena, os membros da plateia se aproximam dela e se projetam na trama apresentada: as memórias de vida de um palhaço.
O espectador presencia a reação da plateia a sua frente, reagindo à emoção de seus pares, como no circo.
Além disso, passa a enxergar a expressão dos artistas. Eles não escondem os rostos atrás dos quilos de maquiagem usados habitualmente nos show do Soleil.
Os artistas, que nunca foram retratados de modo tão humanizado, protagonizam um sonho felliniano, mais habitado por anjos que homens.
"'Corteo' é um espetáculo emocional sobre pessoas reais. Para chegarmos ao coração da plateia precisávamos revelar os sentimentos dos artistas", explica o diretor Bruce Mather, responsável pela montagem em São Paulo.
"Desta vez, meus amigos vão me reconhecer no palco", celebra Fabio Luis Santos, 26, um dos dois brasileiros que integram o elenco de "Corteo", formado por 60 pessoas. Nos últimos três anos, ele esteve irreconhecível travestido de sapo em "Totem", outra criação do Cirque du Soleil com a qual excursionou.
Os figurinos, a iluminação e os demais elementos cênicos de "Corteo" buscam a beleza que reside na simplicidade, algo nunca visto nos demais espetáculos da trupe canadense.
"Dizem que inventamos o circo. Não é verdade. O Cirque du Soleil apenas deu uma cara nova a esta arte. "Corteo" é uma homenagem à tradição circense, um tributo às nossas origens", diz Mather.
ESPETÁCULO AÉREO
A simplicidade deste espetáculo --que estreou no Canadá em 2005 e já foi visto por mais de 6,5 milhões de pessoas em dez países-- é apenas aparente. Mather conta que se trata da produção itinerante do Soleil mais complexa tecnicamente: o volume de aparatos tecnológicos e cenográficos é de mil toneladas.
Adriano Vizoni/Folhapress | ||
O brasileiro Fabio Luis Santos, que integra elenco do circo |
Os números aéreos, destaques desta produção, fazem homens, bicicletas e camas voarem a 12 metros de altura.
Integrante do espetáculo, Camila Comin, 29, trocou a seleção brasileira de ginástica olímpica por "Corteo". Depois de cinco anos de treino no Soleil, ela, que foi classificada entre as 24 melhores ginastas do mundo, ao lado de Daniele Hypólito, nas Olimpíadas de Atenas em 2004, diz ser uma atleta melhor hoje. "Aqui aprendemos a pensar coletivamente e tomamos mais riscos. Além disso, um atleta realiza cerca de dez competições por ano. Em "Corteo" nos apresentamos 350 vezes anualmente", diz.
Camila faz o papel de um anjo que atua como guia espiritual do protagonista e passa a totalidade do espetáculo no ar.
"Não coloco os pés no chão uma única vez", fala ela, ansiosa para mostrar seus voos para a família paulistana.
Segundo conta, a expectativa de se apresentar para parentes e amigos é grande. "Além disso, receber a energia do brasileiro é algo que não tem preço", diz ela, que permanece em território nacional até 2014.
Depois da temporada em São Paulo, "Corteo" estreia em Brasília em julho, em Belo Horizonte em setembro, em Curitiba em novembro, no Rio em dezembro e em Porto Alegre em março de 2014.
CORTEO
QUANDO de ter. a sex., às 21h, sáb., às 17h e às 21h, e dom., às 16h e às 20h (de 30/03 a 14/07).
ONDE Parque Villa-Lobos (av. Queiroz Filho, s/nº - Pinheiros)
QUANTO de R$ 71 a R$ 450 (mais informações nos sites corteobrasil.com.br e ticketsforfun.com.br)
CLASSIFICAÇÃO livre
QUANDO de ter. a sex., às 21h, sáb., às 17h e às 21h, e dom., às 16h e às 20h (de 30/03 a 14/07).
ONDE Parque Villa-Lobos (av. Queiroz Filho, s/nº - Pinheiros)
QUANTO de R$ 71 a R$ 450 (mais informações nos sites corteobrasil.com.br e ticketsforfun.com.br)
CLASSIFICAÇÃO livre
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