Pastor promete deixar a Comissão de
Direitos Humanos desde que Genoino e João Paulo, julgados culpados no
caso do mensalão, saiam da CCJ. Líder do PT na Casa vê desaforo
Adriana Caitano e Amanda Almeida
Estado de Minas: 10/04/2013
Brasília – A tão esperada
conversa do deputado Marco Feliciano (PSC-SP) com as lideranças
parlamentares e a Mesa Diretora da Câmara, marcada para ontem, serviu
para esquentar ainda mais a arranhada relação do parlamentar com o PT.
Ao ser pressionado a deixar o comando da Comissão de Direitos Humanos e
Minorias (CDHM), o pastor condicionou a renúncia à saída dos réus
condenados no processo do mensalão José Genoino (PT-SP) e João Paulo
Cunha (PT-SP) da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). O líder
petista, José Guimarães (CE), classificou a proposta de “provocação” e
“desaforo”. Sem a contrapartida, Feliciano disse que fica, mas saiu do
encontro com uma bronca do presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves
(PMDB-RN), que o obrigou a reabrir as sessões do colegiado: “Ele vai ter
que se comportar”.
Enquanto alguns líderes, como o do PSDB,
Carlos Sampaio (SP), se recusaram a participar do encontro porque não
vislumbravam qualquer alternativa para a crise, outros saíram dele
decepcionados. “Foi uma reunião totalmente desnecessária, sem efeito
algum, não deveria nem ter participado, foi só para ouvir desaforos”,
reclamou José Guimarães, referindo-se à condição imposta por Feliciano
para deixar o comando da CDHM. “Quando ele disse que não ia renunciar e
pediu que tivéssemos misericórdia, porque estava sendo perseguido, foi
desanimador”, comentou Ivan Valente (SP), líder do PSOL. “Ele quer se
manter a qualquer custo, está se colocando como vítima para aproveitar o
momento a seu favor e acaba aumentando o impasse”, reclamou o líder do
PPS, Rubens Bueno (PR).
Os apelos pela saída, porém, não foram
unânimes. Muitos líderes evitaram falar e outros defenderam o direito de
o pastor se manter na presidência do colegiado. “É lógico que é uma
situação delicada para a imagem da Casa, mas, regimentalmente, não há
nada a ser feito. Todos temos direito de nos manifestar dentro dos
limites da lei”, argumentou o líder do PSD, Eduardo Sciarra (PR). Com o
apoio de parte dos colegas, Feliciano saiu do encontro sentindo-se
fortalecido. “A maioria dos líderes foi a favor da minha permanência,
porque é regimental. Eu fico, fui eleito democraticamente. Estou
tentando viver, estou com seis quilos a menos. Me deem uma chance de
trabalhar”, disse.
Manifestantes A autoconfiança
do pastor, porém, esbarrou no Regimento da Casa e na irritação de
Henrique Alves. A decisão tomada por Feliciano, na semana passada, de
fechar as próximas sessões da CDHM teve que ser revogada. “Essa história
de comissão proibir o acesso do povo às suas reuniões é inviável, aqui é
a Casa do povo”, declarou o peemedebista. A entrada de manifestantes
nas reuniões, a partir de agora, só poderá ser proibida se os protestos
atrapalharem a sessão.
Além de exigir a abertura da comissão,
Henrique Alves também criticou o comportamento e os comentários de
Feliciano. “Ele não pode associar a sua palavra de presidente da
comissão e de pastor, não pode ser aqui uma pessoa, exercer a
presidência, que tem dever de agregar, e sair daqui e ter uma posição
diferenciada, em conflito com as minorias”, ponderou. “O compromisso
dele agora é que vai se comportar respeitosamente aqui e fora daqui.”
Apesar
de não haver mais possibilidades regimentais para Feliciano deixar o
comando da CDHM, parlamentares contrários ao pastor ainda estudam
medidas alternativas. Por meio de projetos de resolução a serem
apresentados à Mesa Diretora, eles querem aumentar o número de
integrantes do colegiado, o que poderia esvaziar a hegemonia evangélica
na atual composição, ou permitir que um presidente de comissão possa ser
deposto do cargo pelo Conselho de Ética em caso de quebra de decoro –
atualmente, a única punição possível é a perda de mandato. “Ainda vamos
encontrar uma saída”, promete André Figueiredo.
Acusação contra ex-assessor
O
deputado Marco Feliciano (PSC-SP) culpou os ex-advogados pelo fato de
hoje responder a uma ação penal no Supremo Tribunal Federal (STF). No
depoimento que prestou na sexta-feira para se defender no processo no
qual é acusado de estelionato, o pastor afirmou que não soube de uma
ação cível que previa a possibilidade de conciliação. “Nunca soube desse
fato. (...) Meus advogados não fizeram nada”, alegou. A transcrição do
depoimento foi divulgada ontem pelo relator do processo no Supremo
Tribunal Federal (STF), ministro Ricardo Lewandowski. De acordo com o
Ministério Público, o pastor firmou um contrato para comparecer a um
evento em São Gabriel (RS), mas, embora tenha recebido R$ 13,3 mil
adiantados, não realizou o culto religioso. Feliciano atribuiu a um
ex-assessor, André Luiz de Oliveira, hoje pastor, a responsabilidade por
sua agenda na época.
Nenhum comentário:
Postar um comentário