Estado de MInas: 10/04/2013
São as águas de abril
prorrogando o verão ou adiando o céu azul de minha cidade? Não sou
meteorologista, mas o fato é que a chuva, que andava por outras bandas,
resolveu bater em nossas casas. Melhor que fosse no Norte de Minas ou no
Nordeste, onde a seca está brava. Aproveito então o dia cinza para
cumprir a mais terrível das tarefas que, todos os anos, me obriguei a
cumprir: fazer a declaração de Imposto de Renda. Conheço poucas pessoas
que o fazem sem confiá-la a um contador. Mas me acostumei, desde muito
tempo, a verificar a lenta e constante apropriação, pelos governos, de
uma fatia do que ganho com o fruto do meu trabalho.
Acho doloroso, mas educativo, esse meu proceder. Ver, a cada ano, novas mordidas se dirigindo ao meu bolso. Minguaram as isenções e os abatimentos. É melhor saber o que me fazem do que ficar na ignorância e na reclamação sem argumentos. Melhor a consciência. Houve um tempo em que a Receita Federal se propagandeava como o leão. Era o marketing da ditadura, que não se importava em mostrar sua ferocidade abertamente para os cidadãos. Com a democracia, ela transmite imagem mais suave, mas, garanto e todos percebem, a goela continua enorme.
Mas confesso que esse é meu pior dia de cidadão. Pois as garras só atingem a população de recebimentos médios e que não aceita usar de nenhum macete ou subterfúgio para fugir da responsabilidade. É cruel, pois os milionários contratam escritórios e consultores que os livram do flagelo que cai sobre nós, pessoas físicas. Os cidadãos comuns.
Nem parece que sou de um estado que se orgulha de antepassados que conjuraram contra a coroa portuguesa para se livrar do quinto do ouro que garimpavam. Admiro essa rebeldia mineira, mas me orgulho mais das ideias, da cultura e da liberdade que impulsionavam e caminhavam juntas da reivindicação contra os impostos. E aí está: por ser imposto e não democraticamente referendado, essa cobrança dos governos de todos os tempos e lugares é desprezível.
Não que não concorde com o princípio de que todos devam contribuir, dentro de suas possibilidades, para que se construa um tesouro coletivo que sirva para o bem comum. Este é um conceito básico, ponto de partida para o progresso da humanidade. E quando digo humanidade não estou me referindo à ideia abstrata, que é fácil de ser apoiada. Amar a humanidade é cômodo, amar o semelhante, aquele que está ao nosso lado e necessitado, são outros quinhentos.
Aí está a gênese do direito e da justiça, essenciais para um mundo civilizado. O curioso é que, no século 18, mineiros se levantaram contra o poder para não pagar o quinto, ou seja, 20%. Hoje, somos cobrados em cerca de 40% do nosso trabalho, dois quintos. Pois é.
Acho doloroso, mas educativo, esse meu proceder. Ver, a cada ano, novas mordidas se dirigindo ao meu bolso. Minguaram as isenções e os abatimentos. É melhor saber o que me fazem do que ficar na ignorância e na reclamação sem argumentos. Melhor a consciência. Houve um tempo em que a Receita Federal se propagandeava como o leão. Era o marketing da ditadura, que não se importava em mostrar sua ferocidade abertamente para os cidadãos. Com a democracia, ela transmite imagem mais suave, mas, garanto e todos percebem, a goela continua enorme.
Mas confesso que esse é meu pior dia de cidadão. Pois as garras só atingem a população de recebimentos médios e que não aceita usar de nenhum macete ou subterfúgio para fugir da responsabilidade. É cruel, pois os milionários contratam escritórios e consultores que os livram do flagelo que cai sobre nós, pessoas físicas. Os cidadãos comuns.
Nem parece que sou de um estado que se orgulha de antepassados que conjuraram contra a coroa portuguesa para se livrar do quinto do ouro que garimpavam. Admiro essa rebeldia mineira, mas me orgulho mais das ideias, da cultura e da liberdade que impulsionavam e caminhavam juntas da reivindicação contra os impostos. E aí está: por ser imposto e não democraticamente referendado, essa cobrança dos governos de todos os tempos e lugares é desprezível.
Não que não concorde com o princípio de que todos devam contribuir, dentro de suas possibilidades, para que se construa um tesouro coletivo que sirva para o bem comum. Este é um conceito básico, ponto de partida para o progresso da humanidade. E quando digo humanidade não estou me referindo à ideia abstrata, que é fácil de ser apoiada. Amar a humanidade é cômodo, amar o semelhante, aquele que está ao nosso lado e necessitado, são outros quinhentos.
Aí está a gênese do direito e da justiça, essenciais para um mundo civilizado. O curioso é que, no século 18, mineiros se levantaram contra o poder para não pagar o quinto, ou seja, 20%. Hoje, somos cobrados em cerca de 40% do nosso trabalho, dois quintos. Pois é.
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