"Vou fazer um 'beijaço' com o microfone", ameaçou, diante da falha do equipamento, Laerte --que há pouco começou o bem-humorado protesto em suas tiras-- em um bate-papo com o colega Angeli neste sábado (4), na Caixa Cultural, em São Paulo.
Os dois cartunistas estavam ali para falar sobre o amigo Glauco Vilas Boas, morto em 2010. Parte da sua produção de charges políticas publicadas na Folha está em mostra na instituição até o dia 30/6.
Laerte relembrou a maneira artesanal como trabalhavam no fim dos anos 1970, quando se conheceram. "Sempre tive um pouco de preconceito com ele, por ele ser meio preguiçoso. De fato, ele era!", diz Laerte, para risos da plateia. "Vendo essa mostra, descubro a coisa artesanal. Estou meio surpresa."
Avener Prado/Folhapress | ||
Angeli e Laerte em bate-papo na abertura da exposição "Abobrinhas da Brasilônia", de charges políticas de Glauco |
Para Angeli, o traço sintético e simples de Glauco são sua principal contribuição à arte. "Ele trouxe à charge o humor de esquina, que se pratica nos bares entre amigos, sem atitude intelectual."
Os dois relembraram altos e baixos da parceria com Glauco nos anos 1990, quando faziam juntos "Los 3 Amigos".
Também falaram das experiências dos três com o chá do daime: "Um dos efeitos que senti foi o aparecimento explícito de um certo gesto que era feminino", diz Laerte.
Laerte acha difícil separar o autor de seu desenho. "Era quase um órgão de expressão dele." (TRAJANO PONTES)
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