Luiz Francisco Corrêa
Jornalista, diretor da Via Comunicação Ltda., membro do Conselho Curador da Fundação de Pesquisa e Ensino da Cirurgia (Fupec), diretor da Associação Palavra Bem Dita
Estado e Minas: 30/05/2013
O nível de maturidade
e seriedade de um país pode ser medido também pelo seu respeito a todas
as questões relacionadas aos direitos humanos. Na história recente,
temos nomes que se tornaram verdadeiros símbolos contra as injustiças e
os preconceitos, como Nélson Mandela, na África do Sul; Martin Luther
King, nos Estados Unidos, entre outros. No Brasil jamais poderemos nos
esquecer de dom Paulo Evaristo Arns, dom Elder Câmara, dona Zilda Arns. E
dos mineiros saudosos dona Helena Greco, o sociólogo Herbert José de
Sousa (o Betinho), Henfil, entre outros.
É emocionante vermos personalidades ou mesmo pessoas comuns afinadas com o seu tempo combatendo os seus preconceitos e tabus, que muitas vezes guardam escondidos, no seu canto mais recôndito. O mundo ainda convive com muitas intolerâncias. No Brasil, existe uma luta intensa contra o preconceito com os afrodescendentes (esta palavra, criticada por muitos, é menos carregada de preconceito), os gays, e de certa forma com os muito pobres que migram para as grandes capitais do Sudeste, sobretudo São Paulo, em geral originários do Nordeste.
Do outro lado, desafiando a luta, estão os skinheads, e os preconceituosos que desejam que o Brasil seja um país de raça branca predominante. O que, de fato, é conversa mole para boi dormir, pois todos nós brasileiros, mesmo das classes mais abastadas, somos originários de índios, que estavam por aqui desde sempre, imigrantes (portugueses por motivos óbvios, italianos, espanhóis, libaneses, sírios etc.), que chegaram pobres aqui no Brasil, salvo exceções, e negros. Sim, também tem aquela história de originários de famílias nobres de Portugal. Ora bolas, mas as famílias nobres de Portugal, tal como eram na época da corte, já desapareceram há muito tempo e os de origem nobre que restam são muito envolvidos com o mundo contemporâneo, são cidadãos do mundo.
Recentemente o deputado Feliciano ficou evidente na mídia brasileira por estar à frente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara. Essa comissão, segundo consta, não tem lá muita importância prática , entretanto é muito simbólica. No Brasil, com presos políticos desaparecidos e muitos mortos na ditadura militar, com desrespeito às minorias (nem tão minorias assim), com crescentes assassinatos na periferia dos grandes centros urbanos, forte violência contra a mulher, entre outras mazelas sérias, espera-se que um político que esteja à frente de uma comissão de direitos humanos e minorias seja uma pessoa com uma história rica de militância na área, consistência intelectual, enfim, que seja um humanista. Mas sabemos que o levou o pastor Feliciano ao seu cargo foi um jogo político deplorável.
Se voltássemos no tempo, quais seriam as opiniões sobre a comissão e seu atual presidente das figuras citadas no primeiro parágrafo? Discretos e inteligentes certamente não falariam muito, mas os seus olhares acostumados a conhecer a realidade da miséria humana com profundidade talvez apenas encarassem seus entrevistadores com um olhar perplexo e não respondessem nada. Ou então expressariam a sua perplexidade com alguma palavra forte, mas de protesto. São apenas cogitações, pois o tempo não volta mais.
Comenta-se na mídia que o deputado Feliciano é conhecido por seus preconceitos contra os afrodescendenstes e gays. Estranho, pois a população de origem negra é de mais da metade do Brasil e os casamentos interraciais crescem cada vez mais no país. Acreditamos que em cultos de igrejas evangélicas – de onde se origina o tal pastor Feliciano – uma boa parcela seja de origem afrodescendente e pague o mais corretamente possível os seus dízimos às referidas Igrejas. Por outro lado, os gays, vítimas de violência na Avenida Paulista, em São Paulo, e em outros grandes centros urbanos, assim como a grande maioria dos brasileiros só podem e devem protestar contra a permanência desde senhor no cargo atual.
De acordo com ampla divulgação na mídia o pastor deputado Marcos Feliciano é filho de uma senhora que foi doméstica, mãe solteira, que, nos anos 70, aos 20 anos realizava abortos em Orlândia(SP). Nesse aspecto, uma história rica desse senhor, pois temos um grande número de domésticas no Brasil, profissão muito respeitável, e hoje em dia continuam os abortos clandestinos no país, inclusive em locais elegantes. Lembramos que essa senhora já deve ter sofrido preconceitos, inclusive de Igrejas evangélicas pelos abortos que realizou. Não há dúvida que o deputado Marcos Feliciano deveria refletir mais sobre os seus preconceitos. Que o deputado e pastor, que já teve os seus muitos minutos de glória, saiba que a glória passa para todos, e fica apenas um legado, que no caso das suas ideias expostas vastamente na internet, são atrasadas e feias para um homem que teima em ser presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias. Desejamos que seja escolhida uma pessoa de fato apta para o cargo e que o pastor descanse em paz nos cultos dos quais participa.
É emocionante vermos personalidades ou mesmo pessoas comuns afinadas com o seu tempo combatendo os seus preconceitos e tabus, que muitas vezes guardam escondidos, no seu canto mais recôndito. O mundo ainda convive com muitas intolerâncias. No Brasil, existe uma luta intensa contra o preconceito com os afrodescendentes (esta palavra, criticada por muitos, é menos carregada de preconceito), os gays, e de certa forma com os muito pobres que migram para as grandes capitais do Sudeste, sobretudo São Paulo, em geral originários do Nordeste.
Do outro lado, desafiando a luta, estão os skinheads, e os preconceituosos que desejam que o Brasil seja um país de raça branca predominante. O que, de fato, é conversa mole para boi dormir, pois todos nós brasileiros, mesmo das classes mais abastadas, somos originários de índios, que estavam por aqui desde sempre, imigrantes (portugueses por motivos óbvios, italianos, espanhóis, libaneses, sírios etc.), que chegaram pobres aqui no Brasil, salvo exceções, e negros. Sim, também tem aquela história de originários de famílias nobres de Portugal. Ora bolas, mas as famílias nobres de Portugal, tal como eram na época da corte, já desapareceram há muito tempo e os de origem nobre que restam são muito envolvidos com o mundo contemporâneo, são cidadãos do mundo.
Recentemente o deputado Feliciano ficou evidente na mídia brasileira por estar à frente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara. Essa comissão, segundo consta, não tem lá muita importância prática , entretanto é muito simbólica. No Brasil, com presos políticos desaparecidos e muitos mortos na ditadura militar, com desrespeito às minorias (nem tão minorias assim), com crescentes assassinatos na periferia dos grandes centros urbanos, forte violência contra a mulher, entre outras mazelas sérias, espera-se que um político que esteja à frente de uma comissão de direitos humanos e minorias seja uma pessoa com uma história rica de militância na área, consistência intelectual, enfim, que seja um humanista. Mas sabemos que o levou o pastor Feliciano ao seu cargo foi um jogo político deplorável.
Se voltássemos no tempo, quais seriam as opiniões sobre a comissão e seu atual presidente das figuras citadas no primeiro parágrafo? Discretos e inteligentes certamente não falariam muito, mas os seus olhares acostumados a conhecer a realidade da miséria humana com profundidade talvez apenas encarassem seus entrevistadores com um olhar perplexo e não respondessem nada. Ou então expressariam a sua perplexidade com alguma palavra forte, mas de protesto. São apenas cogitações, pois o tempo não volta mais.
Comenta-se na mídia que o deputado Feliciano é conhecido por seus preconceitos contra os afrodescendenstes e gays. Estranho, pois a população de origem negra é de mais da metade do Brasil e os casamentos interraciais crescem cada vez mais no país. Acreditamos que em cultos de igrejas evangélicas – de onde se origina o tal pastor Feliciano – uma boa parcela seja de origem afrodescendente e pague o mais corretamente possível os seus dízimos às referidas Igrejas. Por outro lado, os gays, vítimas de violência na Avenida Paulista, em São Paulo, e em outros grandes centros urbanos, assim como a grande maioria dos brasileiros só podem e devem protestar contra a permanência desde senhor no cargo atual.
De acordo com ampla divulgação na mídia o pastor deputado Marcos Feliciano é filho de uma senhora que foi doméstica, mãe solteira, que, nos anos 70, aos 20 anos realizava abortos em Orlândia(SP). Nesse aspecto, uma história rica desse senhor, pois temos um grande número de domésticas no Brasil, profissão muito respeitável, e hoje em dia continuam os abortos clandestinos no país, inclusive em locais elegantes. Lembramos que essa senhora já deve ter sofrido preconceitos, inclusive de Igrejas evangélicas pelos abortos que realizou. Não há dúvida que o deputado Marcos Feliciano deveria refletir mais sobre os seus preconceitos. Que o deputado e pastor, que já teve os seus muitos minutos de glória, saiba que a glória passa para todos, e fica apenas um legado, que no caso das suas ideias expostas vastamente na internet, são atrasadas e feias para um homem que teima em ser presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias. Desejamos que seja escolhida uma pessoa de fato apta para o cargo e que o pastor descanse em paz nos cultos dos quais participa.
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