terça-feira, 28 de maio de 2013

Produtora recorre a fãs do Sepultura para bancar filme

folha de são paulo
Campanha de financiamento coletivo na internet para concluir documentário sobre a banda termina amanhã
Longa vai celebrar os 30 anos do grupo e terá entrevistas com Scott Ian, do Anthrax, e Phil Anselmo, ex-Pantera
ADRIANA DEL RÉCOLABORAÇÃO PARA A FOLHAEra início dos anos 1980. Um grupo de adolescentes, assim como tantos outros, fazia seu som enquanto sonhava em viver de música. Mas nada de rock ou MPB. O negócio deles era heavy metal.
Os ensaios ocorriam em Belo Horizonte, na casa dos pais do baixista Paulo Jr. --único da formação original que ainda está no Sepultura, hoje com Derrick Green, Andreas Kisser e Eloy Casagrande.
Um dia, a vizinha Solange Borges, cantora e irmã de Lô Borges, não aguentou e foi até o QG daqueles rapazotes para afinar a guitarra. Afinal, se era para fazer tanto barulho, que ao menos os instrumentos estivessem tinindo.
O episódio "tragicômico" foi relembrado, aos risos, por Paulo, em depoimento a Otávio Juliano, diretor do documentário "Sepultura". O filme vai passar a limpo os 30 anos da banda, a serem completados em 2014.
Sua estreia está prevista justamente para o ano que vem, por conta da efeméride. Com a produtora executiva Luciana Ferraz, sua sócia na InterFace Filmes, Juliano acompanha a banda há três anos, inclusive em turnês internacionais.
Desde 2010, o filme foi autorizado a captar R$ 700 mil via leis de incentivo estadual e federal, mas nenhum patrocinador demonstrou interesse no projeto até agora.
Para o guitarrista Andreas Kisser, isso se deve ao "preconceito". "Muitas empresas veem o heavy metal como algo agressivo. É difícil de engolir que, em pleno 2013, a banda ainda não tenha reconhecimento no Brasil", disse.
ARRECADAÇÃO
O diretor garante que o filme vai sair. Até agora, o investimento tem sido da InterFace Filmes. A produtora propôs o registro à banda, que topou participar, sem interferências.
Para ajudar a finalizar o documentário, a InterFace lançou campanha de crowdfunding no Kickstarter, site de financiamento coletivo (http://www.kickstarter.com/projects/interfacefilmes/sepultura-official-documentary).
Até amanhã, os fãs poderão contribuir com qualquer valor, de US$ 2 (R$ 4) a US$ 10 mil (R$ 20 mil) ou mais. Em contrapartida, participarão do projeto de alguma forma.
A meta a ser atingida é de, no mínimo, US$ 100 mil (R$ 200 mil) --até a conclusão desta edição, haviam sido arrecadados pouco mais de US$ 20 mil (R$ 40 mil). Se o piso estipulado não for atingido, os realizadores do filme não receberão nada.
Os amigos da banda estão fazendo a parte deles, tornando-se acessíveis. Já foram entrevistados nomes como Phil Anselmo (ex-Pantera e atual Down) e Scott Ian (Anthrax).
Acompanhada com exclusividade pela Folha, a conversa com Scott ocorreu em São Paulo, na semana passada. "Quando ouvi Refuse/Resist' [do álbum Chaos A.D.'] pela primeira vez, pensei: Esse é o som do fim do mundo'. Foi aí que me tornei fã", diz.
Lances mais polêmicos, como a saída de Max Cavalera do Sepultura, também farão parte do filme. Juliano afirma que está em contato com o ex-integrante e espera que ele aceite falar sobre a banda que fundou com o irmão Iggor.
Kisser acha importante tê-los no longa, mas desmente boatos de uma turnê "reunion" com os ex-colegas de banda: "Isso está fora de cogitação".

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