Em conferência, Manuel Castells tratou de relação entre poder e comunicação
Em São Paulo, espanhol falou no Fronteiras do Pensamento sobre era da "autocomunicação de massas" na rede
A batalha paulistana foi referência recorrente em sua fala sobre comunicação e poder, na terceira conferência do ciclo Fronteiras do Pensamento em 2013 (evento do qual aFolha é parceira). O especialista em mídia e política atribuiu a onda mundial de protestos a um novo espaço público cuja marca é a "autocomunicação de massas".
Professor e pesquisador em instituições de ponta como a Universidade Aberta da Catalunha, o MIT (Massachusetts Institute of Technology) e a Universidade da Califórnia em Berkeley, Castell expôs sua complexa teoria sobre a crise na "comunicação de massas político-midiática" e as transformações tecnológicas nas comunicações.
Segundo Castells, a lógica midiática leva à "personalização extrema da política", na qual "a mensagem política se resume a um rosto a ser eleito" --ou a ser destruído em escândalos midiáticos.
"Se a confiança na pessoa é a mensagem central, a principal arma de combate político é a destruição dessa pessoa", afirmou. O resultado é a desconfiança geral em relação à política.
A internet, para Castells, altera esse esquema de dois modos: ao permitir a "autocomunicação", retirando a mediação dos meios de comunicação, e ao aglutinar demandas "emocionais", como a "dignidade" reivindicada por movimentos europeus.
"A internet é a liberdade e é um meio de perdermos o medo juntos", disse Castells. Para ele, já vivemos uma "virtualidade real" e não mais uma "realidade virtual".
"A internet é a infraestrutura de nossas vidas", afirmou. "Somos anjos e demônios. Viver na internet tem um perigo: nós mesmos".
Em setembro a Zahar lançará seu livro "Redes de Indignação e Esperança". A visita ao país incluiu palestra em Porto Alegre, na segunda, e na Universidade Mackenzie, em São Paulo, ontem. Hoje, Castells debaterá com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em evento fechado na Fundação iFHC.
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