sexta-feira, 12 de julho de 2013

Eduardo Almeida Reis - Neologismo‏

Era ponto facultativo e os admiráveis funcionários do posto do SUS não avisaram aos brasileiros agendados, mesmo tendo os números dos seus telefones 


Eduardo Almeida Reis

Estado de Minas: 12/07/2013 

De vez em quando acerto na mosca, mas hoje exceli. Procurei no Google e não tem. Portanto, valho-me desta oportunosa ensancha para patentear o neologismo homonopólio, o monopólio homo que tomou conta de nossa mídia.

Monopólio, sabemos todos, vem do latim monopolium,ii, 'mercado em que se vende só uma espécie de mercadoria', do grego monopolion, ou 'direito exclusivo de venda de certos produtos, local ou mercado para essa venda'. Deve ter entrado em nosso idioma entre 1562 e 1575. Tem os seguintes significados: 1. privilégio legal, ou de fato, que possui uma pessoa, uma empresa ou um governo de fabricar ou vender certas coisas, de explorar determinados serviços, de ocupar certos cargos; 2. comércio abusivo que consiste em um indivíduo ou grupo tornar-se único possuidor de determinado produto para, na falta de competidores, poder vendê-lo por preço exorbitante; 3. posse exclusiva, propriedade de um só, além da derivação, em sentido figurado: pretensão de exclusividade.

Exatamente o que temos visto no homonopólio midiático: pretensão de exclusividade. Não somente no monopólio do tema, como também no número de praticantes que têm assento nos diversos programas de rádio, televisão e pelas páginas dos jornais. Dia virá – e não está longe – em que os heterossexuais serão apontados nas ruas como figuras estranhas e ultrapassadas, só comparáveis às galochas e aos lampiões de querosene.


Sangue no posto
O mesmo sistema de governança que estabelece as regras e os horários para acabar com a escravidão (sic) das empregadas domésticas realiza exames de sangue nos postos do maravilhoso SUS. Escrevo às 11h41 de uma segunda-feira e a comadre ainda não pintou no pedaço patronal, porque foi tirar sangue no posto. Com a seguinte agravante: com hora marcada, tinha ido ao mesmo posto há duas semanas e descobriu que estava fechado. Era ponto facultativo e os admiráveis funcionários do posto do SUS não avisaram aos brasileiros agendados, mesmo tendo os números dos seus telefones.


Guy da Lagoa
O Collins inglês-português ensina que o adjetivo friendly significa simpático, amigável, talqualmente o Guy, restaurante carioca gostaria de ser com os cachorros de seus clientes: era dog friendly. A Lagoa Rodrigo de Freitas, na Zona Sul do Rio, é meio difícil de definir, porque Houaiss diz que lagoa é pequeno lago ou depressão de pequena profundidade, contendo água doce ou salgada, definições que não se ajustam à Rodrigo de Freitas, que não é pequeno lago, em cujas margens foi nascido e criado um philosopho amigo nosso.

Cafés e restaurantes dog friendly são relativamente comuns em diversos países, alguns com a “originalidade” de lugares à mesa e refeições especiais para os totós ilustres. O que é de gosto regala a vida, já diziam nossos avós, muitos dos quais tinham o bom gosto de não acolher cachorros e gatos em suas residências, no que obravam muitíssimo bem.

No Guy da Lagoa aconteceu fato previsível: um mamífero carnívoro da família dos canídeos, Canis familiaris – provavelmente originado a partir de populações selvagens do lobo eurasiático Canis lupus – encontrado no mundo todo como animal doméstico, deu uma dentada numa frequentadora do Guy, que processou o restaurante. Resultado: a partir do processo, o Guy da Lagoa deixou de receber fregueses com os seus cachorros, considerando que alguns muitos indivíduos da família dos canídeos voltaram ao estado feral. E agora, esta: aprendi que o adjetivo feral significa “que fugiu da domesticidade e voltou à vida selvagem”. Pudera: convivendo com os homens, queriam o quê?


O mundo é uma bola
12 de julho de 1472: Anne Neville se casa com o futuro rei Ricardo III, da Inglaterra. A vida de Ricardo III foi retratada numa peça de Shakespeare e seu esqueleto só foi encontrado em 2012. Ilustração no abençoado Google mostra uma Anne feia pra dedéu, sinal de que não foi pintada no dia do seu casamento com Ricardo. Por quê? Ora, porque há um mistério visual que transforma todas as noivas em moças bonitas na hora do casamento. Não há de ser pela maquiagem e pela produção para o evento matrimonial. Algo me diz que existe algo interno, profundo, na esperança de que o casamento dê certo, o que só acontece em 0,04% dos casos. Tudo bem, essa porcentagem foi sacal, não no sentido de maçante, tediosa, enfadonha, mas no sentido de saque, opinião não solicitada, palpite, peruada philosophal. Ou será que o caro, preclaro e pacientíssimo leitor tem notícia de muitos casamentos bem-sucedidos?

Já que o dia 12 de julho é de casamentos na Inglaterra, por ser verão e facilitar o relacionamento amoroso sem cobertores mil, em 1543 tivemos o sexto e último casamento de Henrique VIII, dessa vez com Catherine Parr. Catherine gostava de casamentos e se casou quatro vezes: com Sir Edward Borough (1527–1529), John Neville (1533–1542), Henrique VIII (1543–1547) e com Thomas Seymour, seis meses depois da morte de Henrique VIII (1547–1548). Nascida em 1512, quando se casou com Henrique VIII tinha 31 aninhos, gastando óleo 20. Morreu com 36 anos, tadinha, de complicações resultantes de um parto.

Hoje é o Dia do Engenheiro Florestal.


Ruminanças
“O Brasil vive anunciando as virtudes do legado do futebol. Realmente, o legado é tão importante que as duas maiores economias do planeta, Estados Unidos e China, nunca levaram a sério o esporte bretão.” (R. Manso Neto)

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