Ex-presidente, que ampliou total de pastas de 24 para 37, pediu à sucessora enxugamento para sinalizar 'austeridade'
Redução de cargos no primeiro escalão já havia sido proposta ao governo pelo PMDB e por líderes da oposição
Segundo a Folha apurou, Lula, em conversas com interlocutores, também disse que defendeu mudança nas principais áreas do governo, como articulação política e equipe econômica.
Dilma chegou a indicar, segundo petistas próximos a Lula, que iria analisar a possibilidade de mudar a equipe ministerial durante o recesso do Congresso, em julho.
Só que o surgimento da onda de manifestações nas ruas fez a presidente mudar o foco de sua agenda e, segundo assessores, adiar as trocas.
Recentemente, Lula queixou-se a interlocutores que a presidente é "teimosa" e não queria "fazer ajustes" no governo, considerados por ele necessários para reverter o clima de pessimismo na área econômica e política.
Oficialmente, a assessoria de Lula diz que o ex-presidente não tratou desse tipo de assunto com Dilma, afirmando que "é atribuição da presidente definir ministério". Informou ainda que o petista faz palestras no exterior.
Petistas ligados ao ex-presidente disseram à Folha, porém, que a sugestão era, inclusive, o governo fazer uma redução de 39 para cerca de 30 ministérios e assumir um discurso de maior rigor fiscal.
Quanto ao discurso na área fiscal, Dilma decidiu no mês passado, depois de se reunir com Lula num hotel em São Paulo, determinar que o ministro Guido Mantega (Fazenda) assumisse compromisso com a meta de superavit primário de 2,3% do PIB.
A proposta de reduzir o número de ministérios já havia sido feita à presidente pelo empresário Jorge Gerdau, membro da Câmara de Gestão da Presidência da República.
Dilma tem hoje 39 ministros. São 24 ministérios, dez secretarias e cinco órgãos com status de ministério. Ela criou duas novas pastas, a Secretaria de Aviação Civil, cujo titular tem status de ministro, e o Ministério da Micro e Pequena Empresa. Seu antecessor deixou para ela 37 ministros.
Lula herdou do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso 24 ministérios. Ele converteu em secretarias com status de ministério várias áreas ligadas até então a outras pastas, como Portos, Direitos Humanos e Pesca. FHC chegou a ter nove secretarias, sem status de ministério.
Lula fez também, recentemente, críticas à estratégia política do Planalto, depois negadas oficialmente por ele. Na semana passada, reservadamente, ele classificou de "barbeiragem" a articulação do governo para a instalação de constituinte exclusiva para a reforma política.
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