Estado de Minas: 16/08/2013
Os amigos Marco
Antônio e Serjão estavam em um bar lá pelos lados do Santo Agostinho,
quase na Contorno. Era início da noite, o lugar começava a se encher de
gente, e os dois, que haviam crescido juntos, falavam coisas diversas,
como a vitória do Galo na Libertadores, o caos do trânsito de Belo
Horizonte, o momento político do país, quando, de repente, bem na mesa
em frente à deles, sentam-se duas moças.
Vestidas iguais, com certeza deviam trabalhar em alguma empresa ali perto. Uma delas, a mais baixa, tinha uma pinta, que chamava a atenção, bem em cima da boca, enquanto a outra, mais alta, trazia os cabelos coloridos de caju. E foi justamente esta que, nos instantes seguintes, sorriu para o Marquinhos.
Recém-separado, e vivendo aquela fase quando o homem, sem se mancar, vai à luta na tentativa de “recuperar o tempo perdido”, este quase não acreditou ao ver uma beleza daquelas, justo numa sexta-feira, dando bola para ele. Era sorte demais para uma pessoa só. Então, estufou o peito, retribuiu o sorriso; em seguida, virou-se para o Serjão, que testemunhava a cena em silêncio, e sentenciou: “É hoje, amigo, que vou me dar bem”. “Vá devagar, meu velho, vá devagar, você tem o dobro da idade da menina, deve ter algum engano nisso.” Mas o Marquinhos, que sempre acreditou no seu taco, não quis ouvir o Serjão.
Nos minutos seguintes, depois de receber outro sorriso da moça, que comentou alguma coisa com a colega, ele chamou o garçom, ao qual pediu mais um uísque, naquele dia na promoção, custando R$ 5 a dose. E ainda com direito a levar o copinho para casa. Já havia tomado três, e começava a viver aquele momento em que o álcool, com todos os seus poderes, dá à pessoa aquela sensação de onipotência.
“Leve uma cerveja para as duas meninas ali naquela mesa, diga que fui eu quem mandou”, ordenou ao garçom, no velho estilo. “Pois não, doutor, deixe comigo”, este respondeu, já pensando numa boa gorjeta, enquanto o Serjão, que prosseguia calado, voltou a falar, como se estivesse adivinhando: “Se manca, mano, a garota deve estar fazendo hora com sua cara, é muita areia para o seu caminhãozinho”.
“Que isso, meu chapa, hoje em dia não tem mais disso, são as mulheres que estão dando em cima dos homens, não está vendo?”, respondeu Marquinhos, que, no embalo, aproveitou para pedir outro uísque.
A noite, com todos os seus segredos, já havia descido, quando outra vez a moça, em cuja mesa tinha sido entregue a bebida, olhou de novo para ele, tornou a sorrir e fez um aceno de cabeça. Foi o suficiente, a senha para Marco Antônio, achando-se o dono da situação, convidá-la para juntar-se a eles.
“Sou a Natália, colega da Juliana lá no Pio XII, o senhor não está se lembrando de mim, seu Marcos? Eu ia muito à sua casa, para estudar com ela... ”, disse a beldade, depois de estender-lhe a mão, agradecer a gentileza, e falar que estava esperando o namorado. O Serjão, que continuava na sua, se deleitava, enquanto o amigo, sem saber como sair daquela situação, não parava de gaguejar.
>> carloslopes.mg@diariosassociados.com.br
Vestidas iguais, com certeza deviam trabalhar em alguma empresa ali perto. Uma delas, a mais baixa, tinha uma pinta, que chamava a atenção, bem em cima da boca, enquanto a outra, mais alta, trazia os cabelos coloridos de caju. E foi justamente esta que, nos instantes seguintes, sorriu para o Marquinhos.
Recém-separado, e vivendo aquela fase quando o homem, sem se mancar, vai à luta na tentativa de “recuperar o tempo perdido”, este quase não acreditou ao ver uma beleza daquelas, justo numa sexta-feira, dando bola para ele. Era sorte demais para uma pessoa só. Então, estufou o peito, retribuiu o sorriso; em seguida, virou-se para o Serjão, que testemunhava a cena em silêncio, e sentenciou: “É hoje, amigo, que vou me dar bem”. “Vá devagar, meu velho, vá devagar, você tem o dobro da idade da menina, deve ter algum engano nisso.” Mas o Marquinhos, que sempre acreditou no seu taco, não quis ouvir o Serjão.
Nos minutos seguintes, depois de receber outro sorriso da moça, que comentou alguma coisa com a colega, ele chamou o garçom, ao qual pediu mais um uísque, naquele dia na promoção, custando R$ 5 a dose. E ainda com direito a levar o copinho para casa. Já havia tomado três, e começava a viver aquele momento em que o álcool, com todos os seus poderes, dá à pessoa aquela sensação de onipotência.
“Leve uma cerveja para as duas meninas ali naquela mesa, diga que fui eu quem mandou”, ordenou ao garçom, no velho estilo. “Pois não, doutor, deixe comigo”, este respondeu, já pensando numa boa gorjeta, enquanto o Serjão, que prosseguia calado, voltou a falar, como se estivesse adivinhando: “Se manca, mano, a garota deve estar fazendo hora com sua cara, é muita areia para o seu caminhãozinho”.
“Que isso, meu chapa, hoje em dia não tem mais disso, são as mulheres que estão dando em cima dos homens, não está vendo?”, respondeu Marquinhos, que, no embalo, aproveitou para pedir outro uísque.
A noite, com todos os seus segredos, já havia descido, quando outra vez a moça, em cuja mesa tinha sido entregue a bebida, olhou de novo para ele, tornou a sorrir e fez um aceno de cabeça. Foi o suficiente, a senha para Marco Antônio, achando-se o dono da situação, convidá-la para juntar-se a eles.
“Sou a Natália, colega da Juliana lá no Pio XII, o senhor não está se lembrando de mim, seu Marcos? Eu ia muito à sua casa, para estudar com ela... ”, disse a beldade, depois de estender-lhe a mão, agradecer a gentileza, e falar que estava esperando o namorado. O Serjão, que continuava na sua, se deleitava, enquanto o amigo, sem saber como sair daquela situação, não parava de gaguejar.
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