Títeres em ação
Variedade, apuro técnico e qualidade estão em cena no Festival Internacional de Teatro de Bonecos
Carolina Braga
Estado de Minas: 16/08/2013
Solte
a imaginação. Chegou a hora de sombras darem vida a criaturas, xícaras
se transformarem em patos, guardanapo virar espadachim e colher fazer as
vezes de cozinheira, além de fios, luvas e sombras darem origem a seres
diversos. O Festival Internacional de Teatro de Bonecos volta à cidade
com a mesma infinidade de técnicas e possibilidades cênicas que marcaram
suas últimas 12 edições. As atrações vão até dia 25. Com sete
companhias brasileiras e três internacionais, a programação 2013 é
pautada em variedade, apuro técnico e na qualidade dramatúrgica. “São
pontos que observamos desde o início, para não estigmatizar ainda mais o
teatro de bonecos”, ressalta o coordenador Lelo Silva, da Catibrum
Teatro de Bonecos.
A programação reduzida em relação a outros
anos demandou da curadoria atenção ainda maior. Estarão em Belo
Horizonte grupos e artistas que efetivamente desenvolvem pesquisa na
área. No caso da Cia. Truks, por exemplo, são 10 anos em que os objetos
estão no centro das experimentações. A companhia paulista abre a
maratona, amanhã, com sua nova montagem, Sonhatório.
Com texto e
direção de Henrique Sitchin, o espetáculo usa coisas do cotidiano para
contar a história de três internos num sanatório. Enquanto aguardam a
comida na cozinha, os objetos mostram que não existem limites para a
imaginação. “Frente a todo esse aparato tecnológico dos dias de hoje, o
espetáculo mostra que também há coisas simples que podem ser legais”,
comenta o diretor.
Se a simplicidade é uma das características de
Sonhatório, em O som das cores, a Catibrum Teatro de Bonecos apresenta o
resultado de investigação mais sofisticada. O espetáculo, com texto
inspirado em poema de Rainer Maria Rikle e livro do taiwanês Jimmy Liao,
foi elaborado ao longo de nove meses. “Foi muito tempo de pesquisa e
trabalho fechado mesmo. Chegamos a ficar 12 horas dentro da sala de
ensaio. O resultado justifica todo esse tempo”, comenta Lelo.
O
som das cores fará sua estreia no festival depois de ser apresentado em
Juiz de Fora (MG), Piracicaba (SP) e Curitiba (PR). É a história de uma
jovem de 15 anos que enfrenta labirintos na tentativa de recuperar a
visão. A montagem mistura técnicas e bonecos de tamanhos variados. Se a
protagonista tem 60cm, outros personagens alcançam até 1,5m. São
utilizadas manipulações diretas e indiretas. “O cenário é pequeno, com
2,5m x 2,5m, que se transforma por causa de vários mecanismos. Ele
proporciona uma grande viagem mesmo”, completa o criador.
Do mundo
Embora a programação internacional seja mais tímida que a de outros
tempos, Lelo Silva garante que os espetáculos escolhidos podem
surpreender. Será a primeira vez que o grupo galego El retrete, de
Dorian Gray, vem a Belo Horizonte, com apresentações marcadas para
segunda e terça-feiras. A companhia explora o território do teatro
visual, físico e também da manipulação de objetos. Em Rúa Aire a técnica
da vez é a construção de títeres com balões.
Os chilenos do
Teatro de Muñecos Animados El Chonchón fazem com Los cómicos del
novecientos uma homenagem a artistas como Charles Chaplin, Buster
Keaton, Harold Lloyd, Ben Turpin, Laurel e Hardy, ícones do cinema mudo.
Já o argentino Sérgio Mercúrio, conhecido como El Titeriteiro de
Banfield, precisa da interação da plateia em Viejo (Velhos). Esta peça é
a primeira de uma trilogia sobre a velhice.
TEATRO DE CAIXAS
Além
dos espetáculos, uma das novidades do festival é mostra especialmente
dedicada ao chamado teatro de caixa. São peças de curta duração
apresentadas para, no máximo, dois espectadores. Elas serão apresentadas
no dia 24, das 18h às 21h, no Prédio Verde da Praça da Liberdade.
Entrada franca.
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