Estado de Minas: 01/09/2013
De repente, sem aviso prévio, você conhece moça muito bonita, divorciada, um filho adolescente, profissional bem-sucedida, independente. Rola um clima de simpatia ou empatia, sei lá. A jovem senhora reside no Rio e viaja a trabalho pelo Brasil inteiro. Você mora perto do Rio e costuma visitar a Cidade Maravilhosa. Nada mais natural do que um encontro marcado, jantar a dois num restaurante que tem estacionamento, vinho tinto – os cheiros e o papo caminham bem. Descem para o carro, há dezenas de bons motéis nas imediações, a moça é loquaz e você, bom ouvinte, começa a ficar preocupado com as histórias que ela conta. Há pessoas que gostam de contar episódios complicados de suas vidas, assim como há outras que não contam nem penduradas. A moça bonita, independente, profissional respeitada, jogava no primeiro time: contava coisas que ninguém precisava saber, sobretudo o galã em vias de se apaixonar. Cês querem saber de uma coisa? Nessas horas, o melhor que o sujeito faz é cair fora.
Você impa?
Pergunto ao caro e preclaro leitor: você impa? Verbo impar, em sentido figurado: mostrar-se repleto de (alegria, prazer); não caber em si. Claro que você impa. Todos impamos de contentamento com o governo deste país grande e bobo. Temos agora o Estatuto do Jovem, que se junta ao do Idoso e ao da Criança e do Adolescente para nos proporcionar o céu aqui embaixo, considerando que a subida é certa e inevitável. Se entendi o noticiário da tevê, o Estatuto do Jovem cuida do brasileiro até alcançar os 29 anos. Resta um pedaço entre os 29 e os 60 anos do Estatuto do Idoso, que há de ser preenchido com o Estatuto do Idiota para cuidar daqueles que trabalham e permitem, pagando impostos e taxas, que o pessoal reivindique tarifa zero ou passe livre para todas as faixas etárias, Bolsa-Família para garantir os votos, universidades federais gratuitas para muitos jovens que chegam aos campi dirigindo seus automóveis de último tipo, e o que mais? Tudo, caro leitor, tudo que você possa imaginar, sem prejuízo do inimaginável. Tarifa zero é a síntese das reivindicações. A juventude sonha com tudo zero: casa, comida, roupa lavada, luz, transportes, escolas, baladas, bebidas, motéis, cinemas. Realmente, seria o mundo ideal desde que se pudesse encontrar alguém para pagar a festa.
Projeto de marketing
Visando reconquistar o público que perdeu nos últimos 40 anos, quando se deixou tomar de assalto por todos os contraventores do Rio, o Jockey Clube Brasileiro está com um projeto de marketing em que procura dizer das delícias de passar uma tarde ou um princípio de noite no hipódromo da Gávea. Nos anos de assalto dos contraventores, bicheiros e seus cúmplices montaram haras, studs e chegaram a controlar a maior parte dos cavalos inscritos em determinadas provas. Hoje, acham mais divertido jantar em Paris com guardanapos brancos amarrados nas cabeças. No mundo inteiro ou em boa parte dele, isto é, no mundo que importa, o turfe tem prestígio, dá milhões de empregos, é frequentado pelos melhores públicos. É jogo e tem falcatruas, concordo, mas a vida de todos nós é um jogo sujeito a embustes nos mais diversos níveis: no trabalho, na política, nas relações sociais, nas famílias. Peço ao leitor que consulte um advogado de família, que vive fazendo divórcios e inventários, e depois me conte. Praticamente “morei” no hipódromo da Gávea até completar 20 ou 22 anos. Voltava do colégio para casa via Hipódromo, madrugava na Gávea para assistir aos trabalhos, jogava o dinheirinho da mesada – nem por isso me transformei num jogador. No dia em que componho estas bem traçadas vou aplicar 14 reais na Mega-Sena acumulada.
O hipódromo é muito bonito e o cavalo dispensa comentários. De terno e gravata, o menino de 14, 15 aninhos frequentava a tribuna social e batia papo com os idosos de 30, 40, 50 anos. Certa feita, quando o Juizado de Menores proibiu que os menores apostassem, pedi a um senhor magro, de cabelos brancos, que apostasse para mim numa determinada égua. Ele respondeu que, em rigor, não poderia fazer a aposta, mas faria porque era meu amigo. E mostrou a carteira do Juizado: era o fiscal encarregado de proibir o jogo de menores. O Brasil sempre teve coisas deliciosas. Espero que dê certo o projeto de marketing do Jockey e a Gávea volte a ser uma boa parte do que era. Diverti-me bastante naquele tempo e não acho que as idas diárias ao hipódromo tenham sido prejudiciais à formação do menino.
O mundo é uma bola
1º de setembro de 70: destruição de Jerusalém pelo imperador romano Tito, ou, mais precisamente, Titus Flavius Otavianus Augustus, que foi imperador de 79 a 81, donde se conclui que em 70 era general e servia na Judeia sob as ordens de seu pai. Em 1010, as tropas de Suleiman de Córdoba derrotam as forças espanholas comandadas pelo conde de Urgel na Batalha de Acabatalbazar. Sulaiman II ibn al-Hakan foi o quinto califa de Córdoba. Nada encontrei sobre a batalha que deve ter acabado com o tal bazar. Hoje é Dia do Bailarino, do Professor de Educação Física e do Caixeiro-viajante.
Ruminanças
“São necessários apenas dois anos para que o ser humano aprenda a falar, e toda uma vida para que ele aprenda a ficar em silêncio” (Florian Bernard).
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