domingo, 1 de setembro de 2013

Estima-se que 40% das brasileiras com mais de 50 anos apresentam algum grau de calvície.‏


Símbolo de feminilidade 

Estima-se que 40% das brasileiras com mais de 50 anos apresentam algum grau de calvície. Dependendo da intensidade, a queda de fios mexe com a autoestima e causa depressão
 

Celina Aquino

Estado de Minas: 01/09/2013 


 (istockphoto)


Enquanto cabelo era sinônimo de força para Sansão, é provável que Dalila o enxergasse como símbolo de feminilidade. Por isso, a queda dos fios pode ser tão devastadora para as mulheres. Estima-se que 40% das brasileiras com mais de 50 anos apresentam algum grau de calvície. Em casos mais extremos, a perda de cabelo mexe com a autoestima e pode até causar depressão.

Existem mais de 100 causas conhecidas de queda de cabelo. A mais comum está relacionada com a genética. Apesar de o problema não passar necessariamente de uma geração para a seguinte, a herança familiar tem forte influência. “Se a mulher tem pais, avós, tios ou irmãos calvos, a probabilidade de ter queda de cabelo é maior”, pontua o cirurgião plástico mineiro Marcelo Pitchon, especialista em transplante capilar. Ele informa que 95% a 98% dos casos têm ligação com a genética, o que leva a alopecia (nome técnico da calvície) androgenética a se manifestar com mais frequência entre as pacientes.


Geralmente, as mulheres calvas começam a perder cabelo a partir de um a dois centímetros depois da linha que emoldura o rosto, o que é diferente do sexo masculino, pois os homens costumam apresentar as famosas entradas, até que ficam sem o contorno entre a testa e o couro cabeludo. Pitchon esclarece que há, na linha do cabelo das mulheres, uma enzima chamada aromatase, que tem papel protetor do couro cabeludo. A substância não está presente na cabeça dos homens.
É normal perder até 100 fios todos os dias. Isso porque o cabelo tem um ciclo de vida, que pode durar de dois a sete anos, em que passa pelas fases de nascimento, crescimento e queda espontânea. Em mulheres com tendência genética, os fios vão crescendo cada vez menos, até que chegam ao ponto em que ficam praticamente imperceptíveis, o que as leva a enxergar o couro cabeludo.


Quem não tiver paciência para contar fio a fio pode observar outros aspectos que caracterizam a alopecia androgenética. Se o rabo de cabelo começa a afinar, algumas áreas do couro cabeludo estão visíveis ou há fios muito finos entre os normais, é hora de fazer avaliação com um especialista. “Vemos mulheres que compram uma série de produtos, que não são necessariamente ruins, mas não são indicados para o caso delas. Não existe receita de bolo. Queda de cabelo é um assunto médico e a orientação é procurar um dermatologista, e não fazer tratamentos caseiros”, alerta o coordenador do Departamento de Cabelos e Unhas da Sociedade Brasileira de Dermatologia, Francisco Le Voci.


Com a escolha adequada, é possível esticar o tempo de sobrevivência dos fios. Le Voci acrescenta que o arsenal terapêutico também consegue impedir ou desacelerar o acometimento dos folículos pilosos, estruturas de onde nascem os fios, que começam a atrofiar em quadros de calvície. O sucesso do tratamento, no entanto, depende do estágio em que está a alopecia. “Independentemente do resultado, mesmo que não seja o dos sonhos, o melhor é tratar adequadamente, do que não tratar. A perda dos cabelos tem efeito devastador. As mulheres ficam extremamente abaladas, muito desconfortáveis, com vergonha e, às vezes, deprimidas”, observa o dermatologista, que defende o acompanhamento médico.

SOLUÇÃO A autoestima da administradora de empresas Suely Rocha Mitraud Ruas, de 58 anos, despencou na mesma proporção em que os fios caíram. “Qualquer mulher que tenha um pouco de vaidade não se sente bem ao se olhar no espelho. Vivi muitos momentos de tristeza por causa disso. Você vira alvo de olhares”, relembra. Para disfarçar a calvície, ela cortou o cabelo bem curtinho e passou a usar faixas arco no cabelo. Suely demorou para procurar ajuda, acreditando que a queda fosse uma situação passageira, provocada por estresse. Não sabia que, entre os seis irmãos, havia sido sorteada para puxar a calvície do pai.


O tricologista de São Paulo Adriano Almeida explica que é possível tratar a alopecia com medicamento oral, muitas vezes associado a vitaminas, injeções intralesionais no couro cabeludo, laser (aplicado semanalmente, com luz que estimula o desenvolvimento do cabelo) e loções capilares para uso em casa. Os xampus também integram o tratamento, não porque impedem a queda, mas porque tiram a oleosidade dos fios, fator que dificulta o crescimento. As mulheres, normalmente, optam por usar uma prótese de cabelo enquanto os fios não aparecem. Ao contrário da peruca, o implante não cirúrgico é feito sob medida para as pacientes, com fios naturais que se assemelham aos originais.


Alternativa definitiva, o transplante capilar pode custar de R$ 6 mil a R$ 40 mil. O médico retira a reserva de cabelo da parte posterior da cabeça. Não se sabe por que, essa é a região que nunca vai ser afetada pela calvície. Invenção do especialista mineiro Marcelo Pitchon, a técnica com fios longos pode ser a salvação das mulheres, já que o cabelo da paciente não é raspado. Os fios são transferidos do tamanho em que estão, permitindo um resultado imediato. “O importante é a sombra que o cabelo dá. Como tenho a possibilidade de mudar o ângulo, aproximar ou afastar mais os fios, consigo cobrir áreas maiores”, descreve o cirurgião plástico, referindo-se ao procedimento, que considera uma arte.


Com o transplante capilar, Suely deu uma rasteira na genética e voltou a sorrir. Ela revela que não tem o mínimo constrangimento de falar sobre a cirurgia e agora fica feliz em saber que nada a impede de deixar o cabelo crescer. “Posso decidir o que quero fazer”, comenta.



Xampus antiqueda funcionam

Mito – A função básica de um xampu é a higienização adequada dos cabelos. Com relação à queda, a ação é muito limitada. No tratamento, é importante o uso do xampu para a limpeza do couro cabeludo e para que não ocorra agressão
aos fios.

O uso de secador e chapinha provoca queda de cabelo

Verdade – O secador deve ser usado com temperatura de morna a fria para que não ocorra dano térmico em fios já enfraquecidos. A chapinha também deve ser evitada se os fios estiverem fracos, pois pode intensificar a fragilidade.

Os fios caem mais em quem lava a cabeça todos os dias

Mito – A lavagem diária não provoca mais queda de cabelo.

Dormir com o cabelo molhado influencia na queda de cabelo

Mito – O hábito pode deixar os fios mais secos e quebradiços, mas não piora a queda.

Caspa está relacionada com queda de cabelo

Mito – A caspa é uma condição crônica, que não está associada à queda. O que pode ocorrer é uma mulher ter mais caspa por alterações hormonais que estejam provocando a perda
dos fios.

Uma pessoa estressada pode ficar calva

Verdade – O estresse pode ser um fator secundário de acentuação da calvície, mas existem alopecias que são causadas primariamente por isso.

A alimentação influencia
na queda de cabelo

Verdade – Uma alimentação deficiente de nutrientes pode, sim, causar queda.
Normalmente, isso ocorre em casos de quase desnutrição ou um déficit muito significativo.

O cabelo cai mais com
o envelhecimento

Verdade – Os fios podem cair mais com o passar dos anos. Todos teremos algum grau de queda com o envelhecimento, o que não quer dizer que ocorrerá uma calvície avançada somente por conta disso.

Antibiótico causa queda
de cabelo

Verdade – Existe, sim, a possibilidade de vários medicamentos provocarem a queda dos cabelos. Isso, muitas vezes, está relacionado com a sensibilidade de cada pessoa.

Deixar resíduos de creme pode fazer o cabelo cair

Mito – Os resíduos normalmente não provocam queda.

O uso de química (escova progressiva, tintura) acelera o processo de queda de cabelo

Verdade – Os tratamentos cosméticos, de maneira geral, podem acentuar a queda em fios enfraquecidos. Em alguns casos, podem até ser a causa primária de uma queda mais acentuada.

É normal cair cabelo durante a gravidez

Mito – As alterações hormonais durante a gravidez levam a uma diminuição da queda de cabelo.
O que pode haver é uma queda mais intensa, compensatória,
no pós-parto.

Anticoncepcional acelera a queda de cabelo

Depende – O anticoncepcional geralmente auxilia no tratamento de calvície, pois regulariza o ciclo menstrual. Porém, pode ocorrer de a pílula piorar a queda em algumas mulheres.

Fonte: Francisco Le Voci, coordenador do Departamento de Cabelos e
Unhas da Sociedade Brasileira
de Dermatologia



ALÉM DA    GENÉTICA

Quando é temporária, a queda de cabelo pode ser provocada por outros fatores que
não estão ligados à
herança familiar:

deficiência nutricional: principalmente de cobre, zinco e ferro, minerais importantes para o crescimento do cabelo

distúrbios endócrinos: o hipotireoidismo é um dos problemas que podem interferir no ciclo do cabelo

cirurgia bariátrica: impede que a paciente absorva os nutrientes de forma adequada, o que pode levar à queda de fios

alopecia areata: tipo de calvície, geralmente causada por
estresse, que faz o cabelo cair em pequenas áreas

menopausa: a mulher deixa de produzir o hormônio feminino de forma abundante, elevando a concentração do hormônio masculino, responsável pela queda de cabelo

doenças autoimunes: é frequente
     haver queda de cabelo em
     pacientes com lúpus

quimioterapia: o tratamento para câncer também ataca as células que dão origem
ao cabelo

Fonte: Adriano Almeida, tricologista 

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