Paula Carolina
Estado de Minas: 07/09/2013
Transformar uma ideia inovadora em empresa rentável. Esse é o mote do Programa de Aceleração Célula PUC Minas, que, em parceira com a Fumsoft – instituição que atua na criação, capacitação, qualificação e fomento de empreendedores e organizações produtoras de software de Minas Gerais –, tem o objetivo de disseminar e estimular o empreendedorismo dentro das universidades. Desde 2005, cerca de 35 empresas, num total de 120 estudantes, já passaram pelo programa, muitas atuando com sucesso hoje no mercado.
A cada ano, alunos do curso de sistemas de informação da PUC têm a oportunidade de, com estudantes de outras áreas ou mesmo já formados (e independentemente da instituição de ensino), constituir uma sociedade e participar de processo de seleção que elege três ou quatro projetos para serem desenvolvidos dentro da Fumsoft. “É o período mais propício para despertar neles a vontade de empreender. Aliás, os universitários hoje querem é empreender, ter seu próprio negócio. Ninguém mais quer ser empregado. A chamada geração Y é competente, quer trabalhar, mas privilegia muito a questão da autoria”, pondera a coordenadora de empreendedorismo da Fumsoft, Daisy Melo.
A exigência para a formação do grupo é que pelo menos dois integrantes sejam estudantes do curso de sistemas de informação da PUC. “Os estudantes podem ter sócios de áreas complementares às habilidades que serão desenvolvidas pela empresa”, continua Daisy. “O importante é que tenham um sonho e saibam atrair essas pessoas complementares, pois, normalmente, a ideia é de um só”, observa. A partir do momento em que o grupo é selecionado, o projeto é modelado e construído um modelo de negócio para, então desenvolver o produto mais viável dentro daquele objetivo. Durante seis meses, os estudantes trabalham dentro da Fumsoft, tendo não só espaço físico e mobiliário à disposição como a consultoria de profissionais capacitados na área de tecnologia da informação e a convivência com outros empreendedores. “Das 35 empresas desenvolvidas dentro do programa, sete estão atuando hoje. É um resultado extraordinário se considerarmos que estão só validando ideias. Hoje, um capitalista de risco que quer investir olha de 100 até mil empresas e não consegue escolher uma para apostar”, compara a coordenadora.
CUIDADOS O último processo de seleção ocorreu em abril e os grupos iniciaram os trabalhos em junho. Em dezembro, os projetos serão apresentados a potenciais investidores. A Cuidare On-line é uma das empresas em desenvolvimento. Formada em enfermagem, Viviane Reis de Oliveira já estava criando um site voltado para cuidadores (e para quem procura um cuidador) em diversas áreas da saúde e bem-estar. Associou-se ao irmão, que cursa sistemas de informação na PUC, e o programa caiu como uma luva. “Acho que uma das coisas mais importantes foi que, na Fumsoft, iniciamos o processo da maneira correta. Muitos projetos morrem antes da hora por ser iniciados da maneira errada”, afirma Viviane. “Aprendemos a montar um plano de negócios e temos uma assessoria”, completa.
A Cuidare On-line é um site que pretende ser uma plataforma para conectar quem busca serviços que envolvam cuidados de maneira geral – cuidadores de idosos, babás, atendimento a gestantes, personal trainer, fisoterapeutas etc. – com quem oferece esses serviços, seja empresa ou profissionais freelancer. O objetivo é dar um atendimento bem personalizado.
“Muitas pessoas têm exigências pontuais. Por exemplo, no momento, tem uma pessoa que está procurando um personal trainer que esteja no condomínio onde mora, em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, às 6h. Com certeza, deve ter alguém com essa disponibilidade, mas essa pessoa não está encontrando. O site busca exatamente fazer essa conexão”, exemplifica. A plataforma pretende funcionar em duas vertentes. De um lado, quem está buscando qualquer tipo de serviço entra no site, faz a inscrição e se cadastra. E pode, inclusive, participar de comunidades relativas ao assunto. De outro, o profissional se apresenta e pode comprar uma cota dentro do site para integrar uma lista de cuidadores. Todos passam por processo de verificação de segurança, que inclui desde a checagem do endereço onde moram e possíveis antecedentes criminais em todo o Brasil até o perfil disponível em redes sociais.
“Notamos que quem busca uma babá ou um cuidador de idoso, por exemplo, tem sempre um pé atrás e muito receio de colocar um desconhecido em casa. Então, pretendemos dar essa segurança”, avalia Viviane. Outra proposta é visitar gratuitamente as pessoas que buscam os cuidadores para entender de perto suas reais necessidades.
Para dar mais segurança ao acordo entre contratantes e contratados, o site oferece ainda um serviço, nesse caso pago, que envolve a garantia de marcação de dia e horário e até de pagamento entre as partes, para evitar “cano” de um dos dois lados. “O pagamento do profissional pode ser feito pelo site e só é disponibilizado para ele depois de realizado o serviço. Por outro lado, ele já vai fazer o serviço sabendo que o depósito está garantido”, explica. Grande parte do site já está concluída e, no momento, o grupo de Viviane está na fase de cadastrar profissionais para depois dar início ao processo de divulgação.
JOGOS Recém-formado em tecnologia em jogos digitais pela PUC São Gabriel e professor de curso técnico, Klaus Wagner Oliveira da Cunha desenvolve a Angra Games com quatro amigos. “A ideia já estava em andamento há uns seis meses. Vimos o edital e resolvemos participar. Além da estrutura física, passamos a contar com networking e consultoria em geral para a criação do produto, amadurecimento e desenvolvimento da empresa”, conta. O objetivo é desenvolver qualquer tipo de aplicação ou interação em jogo, usando o conceito de gamificação, ou seja, o uso de aplicativos em jogos em situações ou aplicações que não necessariamente sejam jogos.
Usando a experiência de professores que todos são, um dos primeiros focos é o ensino a distância, com elementos de interação baseados em jogos. "O aluno vai fazendo a atividade que o professor deixou no sistema, como se fosse um jogo. Tem pontuação e ranking. Enquanto joga, ele está estudando", explica Klaus. “Qualquer interação vale ponto. O aluno aumenta a experiência e, conforme vai evoluindo, vai ganhando títulos. E esse espaço é visível para os professores, que podem, por exemplo, avaliar qual é o melhor aluno”, continua. O primeiro cliente e patrocinador do projeto é o Centro Educacional Conceição Ferreira Nunes (Cecon), onde todos os integrantes do grupo já trabalharam e para o qual está sendo desenvolvido também um sistema completo de gerenciamento, incluindo controle de matrícula e tudo mais que uma escola precisa.
CARREIRA Da comunicação entre universitários de forma anônima ao conhecimento mais profundo da futura profissão, a Plano de Carreira mudou consideravelmente o foco depois do apoio da Fumsoft. “Nosso projeto mudou bastante. A ideia inicial era desenvolver um aplicativo de comunicação em que, por exemplo, você é estudante da PUC e viu alguém na lanchonete e quer se comunicar com essa pessoa. Então, usaria esse aplicativo de forma anônima. A pessoa que nos orientou disse que poderíamos melhorar a ideia e foi o que fizemos”, relata a estudante de biomedicina Carolina Gonçalves Dias. “Refletindo mais, vimos outro problema mais significativo para os universitários em um primeiro momento, que é conhecer bem o mercado em que vai trabalhar e saber como se capacitar para sair da faculdade mais bem preparado”, continua.
A equipe então criou um site em que estudantes podem se cadastrar e conhecer empresas do setor relacionado ao curso que fazem. Por outro lado, a empresa tem a oportunidade de se apresentar, como uma forma de publicidade, e também vir a conhecer aqueles que poderão ser seus futuros profissionais. Oferecer cursos de capacitação é outro objetivo do site, que iniciará o conteúdo com o curso de publicidade e propaganda, tendo em vista a experiência de uma das integrantes da equipe.
Personagem da notícia
André Fonseca, Sócio-proprietário da dito Internet
Exemplo de sucesso
Os empresários André Fonseca e Bruno Andrade Alves se conheceram na faculdade e resolveram participar do Programa de Aceleração Célula PUC Minas para desenvolver a empresa Dito Internet, o que teve início em meados de 2007. Hoje, a empresa cria aplicativos que têm o objetivo de ajudar outras empresas a gerar negócios por meio do relacionamento de consumidores nas redes sociais. Entre os clientes, nada menos que marcas como TIM, Fiat, MRV e Ingresso.com. Este último, contratante de um serviço que ilustra bem a atuação da empresa. "O objetivo é permitir que a pessoa compre, pelo Facebook, o ingresso para o cinema. Quando compra, fica sabendo que amigos seus já assistiram àquele filme, o que acharam, a que outros filmes assistiram etc.", explica André. "Pesquisas mostram que as pessoas confiam mais na opinião dos amigos do que nos comerciais. Daí a força para esse boca a boca pela internet", finaliza. Pelo nível de comprometimento dos sócios com o trabalho, André até acredita que a empresa chegaria aonde está, mesmo sem o apoio do programa. No entanto, ressalta a importância da colaboração da Fumsoft, em especial pela oportunidade da troca de ideias
com outros empreendedores, treinamentos e cursos de
que participaram.
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