Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 31/05/2014
Na obsessão de veicular principalmente as notícias ruins, a imprensa brasileira vive repetindo que a ALMG ou ALEMG, Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais, é a mais cara do Brasil e neste ano superou a marca de R$ 1,01 bilhão do orçamento, como leio no provedor Terra. Sozinho, o parlamento mineiro terá nos cofres um orçamento que quase equivale aos de seis estados da Região Norte do país, incluindo o gigantesco Pará, que juntos somam R$ 1,11 bilhão em verbas neste ano da Copa das Copas.
O orçamento legislativo mineiro supera até mesmo o do Parlamento Nacional de Portugal, que tem 230 parlamentares com um orçamento previsto de 99,98 milhões de euros, algo em torno de 325 milhões de reais. Os deputados estaduais mineiros têm o segundo maior custo por parlamentar por ano do Brasil. Cada um custa R$ 13,1 milhões e perde apenas para a Câmara Legislativa do Distrito Federal, em que o custo por cadeira é de R$ 16,8 milhões.
Criticar é fácil, mas é preciso divulgar o lado bom das instituições. A ALMG, por seus ilustres deputados, tem instantes de genialidade impagável, adjetivo de dois gêneros que tanto pode ser interpretado como “que não tem preço, precioso, inestimável”, como também “ridículo ou cômico, que faz rir por ser muito engraçado”.
Li na coluna do Fontana, edição de 28 de abril, que a Assembleia Legislativa teve naquele dia uma reunião da Comissão de Assuntos Municipais para tratar de projetos de ampliação e melhoria das linhas de metrô de Belo Horizonte. O respeitado jornalista fez diversas considerações sobre os transportes públicos na capital, terminando com um detalhe: o metrô de Buenos Aires foi inaugurado em 1924.
Para falar da genialidade de nossa ALMG, seja-me peramitido acrescentar o seguinte: a reunião do dia 28 de abril foi para tratar de projetos de ampliação e melhoria das linhas do metrô de BH. Ampliar significa aumentar; melhorar significa tornar melhor. Como aumentar e melhorar algo que não existe? É providência que contraria a lógica, a física, a mecânica quântica, vai de encontro a tudo quanto se possa imaginar. O metrô de Belo Horizonte é um devaneio: sonho, quimera, produto de fantasia. Aumentar e melhorar algo que não existe é delírio, falta de tino, crença vã – daí a genialidade da reunião.
Emigrantes
As emigrações, saídas espontâneas de um país, definitivas ou não, têm sido cíclicas. Houve períodos em que muitos brasileiros de determinadas camadas sociais sonharam emigrar para a Europa ou para os Estados Unidos, assim como milhões de brasileiros de certos estados migraram para o Rio e São Paulo.
Nos últimos dois anos, o sonho haitiano tem sido emigrar para o Brasil. Em 2008, a República do Haiti somava pouco mais de 8 milhões de habitantes. No terremoto de 2010 devem ter morrido 200 mil, mas nasceram outros. Admitamos que a população continue na faixa dos 8 milhões. Emigrando de seu país, que ocupa o terço ocidental da Ilha Hispaniola, ou Ilha de São Domingos, chegam ao Brasil pelo Acre, estado superiormente governado pelo médico Sebastião Afonso Viana Macedo Neves, mais conhecido como Tião Viana (PT-AC), que os encaminha de ônibus para São Paulo.
Dez ônibus transportam em média 400 haitianos; mil ônibus cerca de 40 mil. Compete ao leitor, bom em aritmética, descobrir quantas viagens de ônibus serão necessárias para trazer 8 milhões de pessoas, fluentes em francês e crioulo haitiano, do Acre para São Paulo. O resto se ajeita com o Bolsa Família.
Pavor!
Cá entre nós, que ninguém nos ouça: a Taça é um pavor! Pode ter seis quilos de ouro de 18 quilates, 36,8 cm de altura, mas é horrível, como vimos na bela matéria de Bruno Freitas, capa do caderno Superesportes do EM, edição de 29 de abril, quando faltava mais de um mês para a Copa das Copas e ainda não havia índios flechando policiais nas vizinhanças.
Pode ser o ângulo em que a foto foi batida, mas o resultado é um misto do ET do filme famoso com o visual do famoso engenheiro Nestor Cerveró, dos mais ilustres e conhecidos ex-diretores do que resta da Petrobras. Derretida, a Taça vale seis quilos de ouro de 18 quilates. Naquele ângulo, serve apenas para assustar gregos, troianos, mineiros e tocantinenses.
Em duas semanas começa a Copa’ 2014. Daqui a dois anos teremos as Olimpíadas 2016, outro delicioso espetáculo de atrasos e malversação de dinheiros públicos. O país é pouco sério, além de grande e bobo.
O mundo é uma bola
31 de maio de 1223: na Batalha do Rio Kalka, um exército mongol liderado pelos generais Subedei e Jebe Noyon vence os exércitos de vários principados russos. “E nós com isso?” deve estar perguntando o assustadíssimo leitor. Efetivamente, o assunto só interessava aos moradores na região do Rio Kalka, em 1223.
Muito mais importante para a história da mineiridade é a notícia da fundação, no dia 31 de maio de 1850, da cidade de Juiz de Fora. Deve ser feriado por aqui, mas felizmente é sábado. Detesto feriados. Hoje é o Dia da Juventude Luterana e do Comissário de Bordo.
Ruminanças
“Os homens se dividem em duas espécies: os que têm medo de avião e os que fingem que não têm” (Fernando Sabino, 1923-2004).
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