Nada de novo no front
Biografia da banda AC/DC, do jornalista Mick Wall, é trabalho de fã, com elogios derramados ao principal vocalista da banda Bon Scott, que morreu em 1980
Daniel Seabra
Estado de Minas: 24/05/2014
O cantor Brian Johnson e o guitarrista Angus Young em ação: mesmo repetitivos, os shows sempre dão certo |
No rastro da devastadora notícia que estourou como uma bomba no mundo do rock nas últimas semanas, chega às livrarias brasileiras AC/DC – A biografia, do jornalista britânico Mick Wall. No mês passado, a banda, uma das mais cultuadas e amadas do planeta, anunciou a saída de um de seus membros fundadores, o guitarrista Malcolm Young que, com uma séria doença degenerativa, vai se afastar do grupo por tempo indeterminado. Eles garantem que a banda segue. No livro, considerada (pelo autor) a biografia definitiva, Wall, um dos jornalistas que mais acompanharam o rock nos últimos anos, relata a história do AC/DC desde seu início até os dias de hoje.
Logo de cara, Mick Wall, que também escreveu sobre os monstros sagrados Metallica, Black Sabbath e Led Zeppelin, deixa claro que a obra não tem qualquer envolvimento com a banda, ou seja, “não estou comprometido com ninguém ao contar minha versão da história”, frisou. Segundo ele, já existem vários livros de fãs no mercado, o que não é o caso, já que desta vez ele não teve qualquer ajuda ou proibição dos músicos. Isso se explica claramente, já que a banda é totalmente reclusa e raramente concede entrevistas. Somente em turnês ou em lançamentos de discos e, ainda assim, com poucas perguntas e sem muitos detalhes.
Fã confesso do primeiro vocalista, Bon Scott, que morreu em 1980, o jornalista não demostra muito entusiasmo com Brian Johnson, que assumiu o microfone. Para Wall, o grupo deveria ter parado há 30 anos, quando Scott foi encontrado morto. Aliás, sua devoção ao antigo cantor é tamanha que, logo no prólogo do livro, ele tenta relatar o que seria a passagem de Bon para o outro lado, no dia de sua morte.
E este período está no livro, que é baseado em entrevistas feitas pelo autor com integrantes da banda e com pessoas próximas aos músicos. Também estão a ida da família Young da Escócia para a Austrália, onde tudo começou, com a pobreza na infância dos irmãos Malcolm e Angus, as brigas em que sempre se metiam e a escolha do nome do grupo, que quase foi The Night Hawks. O que é hoje é uma megabanda, que superlota estádios ao redor do mundo, começou quase como um “empreendimento” familiar. Os irmãos sempre repetiam: “Vamos ser enormes, cara, muito grandes”. E a profecia se concretizou.
O AC/DC, hoje, é como Garrincha no futebol, ou o Metallica e o Iron Maiden, por exemplo, na música. Você sabe o que vai acontecer no show, o repertório é praticamente o mesmo, mas não dá para perder. É como um disco do Motorhead. Aliás, é uma receita de bolo que sempre dá certo. Ou seja, para quem tem ou quer ter uma boa biblioteca roqueira, trata-se de mais um artigo indispensável.
AC/DC – A Biografia
• De Mick Wall, tradução de Marcelo Barbão
• Editora Globo Livros
• 456 páginas, R$ 49,90
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