Termômetro e fita adesiva para turista
Guia para visitantes que estarão em BH durante a Copa do Mundo dá orientações inusitadas sobre alimentação e doenças e surpreende com recomendação para consumo apenas de água engarrafada
Shirley Pacelli
Estado de Minas: 07/06/2014
Orientações incluídas
em um manual para turistas que estarão em Belo Horizonte para
acompanhar os jogos da Copa do Mundo causaram surpresa entre moradores e
especialistas por serem inusitadas ou óbvias. Em meio a muitas dicas
úteis, o Guia de Segurança e Saúde, lançado pelo governo de Minas,
entretanto, levanta dúvidas sobre a qualidade de produtos e serviços, a
garantia de segurança aos visitantes e ainda expõe falhas estruturais e a
dificuldade de combate e o risco de doenças no país. Uma delas é beber
apenas água engarrafada e evitar bebedouros de procedência duvidosa.
Outra é certificar-se quanto à temperatura de carnes usando um
termômetro. É recomendado também prender a barra da calça na bota com
fita adesiva em regiões infestadas por carrapatos.
O transportador Luiz Chagas, de 50 anos, considera “absurda” a orientação. “Denigrem a imagem do país quanto à qualidade da água que o próprio povo está consumindo”, reclama. Já a coodenadora do Centro de Informações e Estratégias de Vigilância em Saúde (Cievs) do estado, a médica infectologista Tania Marcial, por exemplo, se surpreendeu com a orientação sobre o termômetro. “É o ideal, mas quem vai andar com um termômetro no bolso? E o texto não informa a temperatura correta”, alerta.
Sobre a água, ela lembra que os visitantes recebem orientações de comprar a bebida engarrafada já nos seus países, e aqui são orientados a comprar só a mineral. A dica, segundo ela, é para evitar que os turistas bebam água de torneira ou de bebedouros em más condições. Em nota, a Copasa informou que a água que distribui atende rigorosamente as exigências de qualidade feitas pelo Ministério da Saúde e pode ser consumida sem qualquer risco. “O cuidado que se deve ter é com a reservação domiciliar”, afirmou a empresa
Não fazer tatuagens ou pôr piercings, segundo Tania, é uma recomendação geral da área de saúde para evitar transmissão de doenças como hepatite e HIV. Vestir roupas de manga longa e se hospedar em locais com tela de proteção nas janelas são ações de prevenção contra insetos como o mosquito transmissor da dengue. “Nossa intenção é dar orientação para que os turistas não tenham algum problema de saúde durante sua estadia, mas são cuidados que a população toda deve tomar”, esclarece.
DOENÇAS Há outras diversas orientações que parecem óbvias para os cidadãos, como não consumir alimentos vencidos e lavar as mãos depois de ir ao banheiro.O vice-presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, Carlos Starling, diz que são recomendações básicas a qualquer pessoa do planeta: “Questão de bom senso”. Segundo ele, a orientação de prender a barra da calça nas botas com fita adesiva é uma proteção necessária para quem vai às regiões infestadas por carrapatos, o que inclui parques ecológicos dentro da cidade.
“A época seca começa agora no meio do ano. Acho a recomendação adequada. Muitas pessoas que vivem na Europa frequentam parques, costumam se deitar na grama e podem ficar expostos. Existem casos de infecção por febre maculosa”, explica.
Para ele, a população realmente deve priorizar a compra de alimentos e bebidas com comerciantes certificados e fiscalizados. Andar calçado para prevenir acidentes e lavar as mãos para evitar infecções intestinais e transmissão de vírus, como a gripe, seriam recomendações necessárias. “O que está sendo feito é alertar o visitante para as nossas falhas e os riscos que podem ocorrer com os problemas estruturais do país. Não queremos que eles venham para cá e fiquem doentes”, destaca.
O transportador Luiz Chagas, de 50 anos, considera “absurda” a orientação. “Denigrem a imagem do país quanto à qualidade da água que o próprio povo está consumindo”, reclama. Já a coodenadora do Centro de Informações e Estratégias de Vigilância em Saúde (Cievs) do estado, a médica infectologista Tania Marcial, por exemplo, se surpreendeu com a orientação sobre o termômetro. “É o ideal, mas quem vai andar com um termômetro no bolso? E o texto não informa a temperatura correta”, alerta.
Sobre a água, ela lembra que os visitantes recebem orientações de comprar a bebida engarrafada já nos seus países, e aqui são orientados a comprar só a mineral. A dica, segundo ela, é para evitar que os turistas bebam água de torneira ou de bebedouros em más condições. Em nota, a Copasa informou que a água que distribui atende rigorosamente as exigências de qualidade feitas pelo Ministério da Saúde e pode ser consumida sem qualquer risco. “O cuidado que se deve ter é com a reservação domiciliar”, afirmou a empresa
Não fazer tatuagens ou pôr piercings, segundo Tania, é uma recomendação geral da área de saúde para evitar transmissão de doenças como hepatite e HIV. Vestir roupas de manga longa e se hospedar em locais com tela de proteção nas janelas são ações de prevenção contra insetos como o mosquito transmissor da dengue. “Nossa intenção é dar orientação para que os turistas não tenham algum problema de saúde durante sua estadia, mas são cuidados que a população toda deve tomar”, esclarece.
DOENÇAS Há outras diversas orientações que parecem óbvias para os cidadãos, como não consumir alimentos vencidos e lavar as mãos depois de ir ao banheiro.O vice-presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, Carlos Starling, diz que são recomendações básicas a qualquer pessoa do planeta: “Questão de bom senso”. Segundo ele, a orientação de prender a barra da calça nas botas com fita adesiva é uma proteção necessária para quem vai às regiões infestadas por carrapatos, o que inclui parques ecológicos dentro da cidade.
“A época seca começa agora no meio do ano. Acho a recomendação adequada. Muitas pessoas que vivem na Europa frequentam parques, costumam se deitar na grama e podem ficar expostos. Existem casos de infecção por febre maculosa”, explica.
Para ele, a população realmente deve priorizar a compra de alimentos e bebidas com comerciantes certificados e fiscalizados. Andar calçado para prevenir acidentes e lavar as mãos para evitar infecções intestinais e transmissão de vírus, como a gripe, seriam recomendações necessárias. “O que está sendo feito é alertar o visitante para as nossas falhas e os riscos que podem ocorrer com os problemas estruturais do país. Não queremos que eles venham para cá e fiquem doentes”, destaca.
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