sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Índios criticam falta de médicos no Xingu (MT)

FOLHA DE SÃO PAULO

DE SÃO PAULOÍndios que vivem no norte do Parque Nacional do Xingu (MT) denunciam que estão sem médicos na região desde 2010. Eles afirmam que o atendimento no Alto Xingu fica a cargo de enfermeiros e técnicos. O governo federal é responsável pelo atendimento à saúde em áreas indígenas.
"Não tem médico, só enfermeira e outro atendente", disse o índio Mataryua, 47.
As reclamações cresceram após o cacique Aritana Yawalapiti ter um derrame no dia 6. Ele, que conviveu com os irmãos Orlando e Cláudio Villas-Bôas, responsáveis pela criação do parque, em 1961, preside o Conselho da Liderança do Xingu.
Familiares dizem que a pressão do cacique subiu, mas ele não tinha nem remédios nem médicos.
Como o tratamento espiritual com o pajé não surtiu efeito, eles decidiram transferi-lo para Brasília. Um avião contratado pelo governo federal o levou à Canarana, cidade próxima à reserva, dois dias após o derrame.
O Ministério da Saúde informou que só poderia levá-lo a Brasília no dia seguinte, por causa do mau tempo. Segundo a pasta, a avaliação médica constatou que a demora não traria risco à saúde de Aritana.
O filho do cacique, Tapi, 36, disse que a situação do pai se agravou e um amigo fretou outra aeronave para levá-los a Brasília. Aritana está internado no hospital da Universidade de Brasília e apresenta melhoras.
O Ministério da Saúde disse que o atendimento é feito por 420 profissionais em quatro postos na área indígena e em unidades próximas e que as equipes se revezam para cobrir todos os 2,6 milhões de hectares do parque.

    Funai reconhece terra guarani-caiová
    Encomendado a antropólogos, documento identificou que área de 415 km2 em MS pertence à etnia de índios
    Texto é primeira etapa para que local vire terra indígena; região hoje é ocupada por 46 propriedades rurais
    Eduardo Knapp - 31.out.2012/Folhapress
    Índia Marilene Romeiro, 22, na área onde foi escrita carta polêmica dos guaranis-caiovás
    Índia Marilene Romeiro, 22, na área onde foi escrita carta polêmica dos guaranis-caiovás
    DANIEL CARVALHODE SÃO PAULOApós quatro anos e meio de espera, a Funai (Fundação Nacional do Índio) divulgou nesta semana o resumo do primeiro de seis estudos voltados a identificar terras da etnia guarani-caiová em Mato Grosso do Sul.
    Encomendado a antropólogos, o levantamento iniciado em 2008 reconheceu uma área de 415 km2 no município de Iguatemi -equivalente a pouco menos de um terço da cidade de São Paulo- como sendo a Terra Indígena Iguatemipeguá 1.
    No local está situado o tekohá (terra sagrada) Pyelito Kue, que no ano passado ganhou atenção mundial a partir de uma carta escrita pelos índios e interpretada por ativistas como anúncio de suicídio coletivo do grupo de 170 acampados na fazenda Cambará.
    O estudo mostra que 1.793 índios da segunda maior etnia do país vivem na área.
    As terras hoje são ocupadas por 46 propriedades rurais. O estudo não calculou o número de famílias na área.
    Produtores adquiriram terras do governo federal desde o fim da Guerra do Paraguai (1864-70), quando o Império começou a colonizar a região.
    Os 43 mil guaranis-caiovás vivem hoje confinados em reservas ou em acampamentos improvisados em fazendas e às margens de rodovias. A situação foi mostrada pelaFolha em novembro passado.
    A publicação do resumo do estudo no "Diário Oficial" é a primeira etapa para que Iguatemipeguá 1 seja convertida em terra indígena.
    Ainda é preciso que o estudo seja analisado pelo Ministério da Justiça e pela presidente Dilma Rousseff, que pode homologar ou não a área. Além disso, uma batalha judicial deve ser travada entre produtores e Funai.
    Os 46 ruralistas têm 90 dias para se manifestar individualmente a respeito do estudo. O prazo é considerado "exíguo" por Carlo Codibelli, assessor jurídico da Famasul, federação que representa os produtores rurais.
    "As propriedades são tituladas e têm regularidade fundiária reconhecida pelo governo. Não é uma situação de mera ocupação", diz Coldibelli, que afirma temer um outro problema social, com o eventual despejo das famílias que vivem nas fazendas.

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