terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

[Berlim] Hélio Oiticica é lembrado em vários eventos


Folha de são pauloDO ENVIADO A BERLIM
Apelidado pela revista "Rolling Stone" de "Andy Warhol brasileiro", Hélio Oiticica (1937-1980) é uma das atrações da Berlinale.
O artista plástico é o personagem principal do documentário "Hélio Oiticica", dirigido por seu sobrinho, César, que passa hoje no evento na mostra Fórum.
A instalação "Cosmococa", série que completa 40 anos em 2013, será aberta ao público alemão na piscina do Liquidrom, com projeções de Neville D'Almeida, cocriador do projeto com Hélio Oiticica, que cuida pessoalmente da obra. A peça junta-se a outra "Cosmococa" em exposição na Hamburger Bahnhof.
Os visitantes serão convidados a mergulhar na piscina, onde serão bombardeados por imagens de D'Almeida, como cenas de seu filme "Mangue Bangue" (1971).
Antes, em outra parte da cidade, vários filmes em Super 8 criados por Oiticica serão exibidos.
Boa parte dessas imagens é a espinha dorsal do documentário de César, exibido pela primeira vez no Festival do Rio e na Mostra de São Paulo, no ano passado.
"Não é uma homenagem do festival a Hélio, vamos deixar claro", afirma o diretor. "Do contrário, teríamos imagens dele nos panfletos e nos pôsteres. Eu é que fui atrás para trazer tudo isso para cá."
O sobrinho acredita que apenas agora, com a ascensão da projeção em multiplataformas, o talento de Oiticica poderá ser compreendido em seu potencial máximo.
"Há 40 anos, Hélio fazia filmes, livros e instalações que se complementavam. Isso só foi virar moda hoje", conta o cineasta, que pretende lançar o filme no Brasil em 2013.
"Tenho propostas para distribuir meu filme em diversos países. E, no Brasil, onde Oiticica nasceu, não sei como vou lançar, porque ninguém comprou os direitos de distribuição", reclama.

Personagens femininos fortes dão o tom da competição em Berlim
Mulheres protagonizam romance trágico, thriller, drama histórico e até faroeste mostrados no festival
Romeno 'Child's Pose' e chileno 'Gloria' são apostas para Urso de Prata de melhor atriz da Berlinale
RODRIGO SALEMENVIADO ESPECIAL A BERLIMSe o Festival de Cannes de 2012 foi criticado pela presença tímida de mulheres cineastas, a Berlinale fez o exato oposto: dedicou boa parte de sua competição principal a longas com papéis femininos fortes, incluindo desde relações entre mães e filhos até paixões homossexuais.
A tendência ficou bem delineada com a exibição, ontem, do romeno "Child's Pose", de Calin Peter Netzer, sobre uma mãe (Luminita Gheorghiu) de classe média alta de Bucareste que usa sua influência para livrar o filho (Bogdan Dumitrache) da cadeia após um acidente.
"Tudo começa com as mulheres, então nada mais natural que elas ganhem esse espaço", disse Gheorgiu, que, ao lado de Paulina Garcia, protagonista de "Gloria" (outro representante conduzida por trama feminina), é favorita ao Urso de Prata.
Apesar disso, os longas não caem na armadilha de representar o universo das mulheres por ângulos limitados e se filiam a gêneros variados.
O canadense "Vic + Flo Saw a Bear", de Denis Côté, é um romance trágico entre duas ex-presidiárias com altas doses de humor negro.
"Layla Fourie", de Pia Marais, é uma coprodução entre Alemanha e África do Sul sobre uma mãe solteira negra (Rayna Campbell) que luta pela guarda do filho durante o apartheid.
O badalado "La Réligieuse", de Guillaume Nicloux, é uma adaptação da obra "A Religiosa", de Denis Diderot, que reflete a situação da mulher moderna na França, mesmo sendo um filme histórico.
"Tive essa ideia quando minha filha de 15 anos me disse que havia lido a obra e que ela não via diferença em relação ao mundo de hoje, no qual as mulheres não podem escolher se querem ter filhos ou usar camisinha", falou o cineasta francês à Folha.
Até o faroeste alemão "Gold", de Thomas Arslan, é protagonizado por uma mulher (Nina Hoss).
Se o americano "The Necessary Death of Charlie Countryman" foi o único (e terrível) representante com "punch" masculino, o Steven Soderbergh de "Side Effects" quer mostrar que o país sabe criar bons papéis femininos.
Seu thriller, que passa hoje na festival, mostra uma garota (Rooney Mara) viciada em tranquilizantes que podem (ou não) tê-la impulsionado a cometer certos atos como sonâmbula.

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