Documentário Hélio Oiticica, premiado no
Festival de Berlim, será exibido comercialmente na Europa antes de
chegar às salas brasileiras. Distribuidoras nacionais fecharam as portas
Mariana Peixoto
Estado de Minas: 28/02/2013
Com
dois prêmios importantes no Festival de Cinema de Berlim – da Federação
Internacional da Crítica, na categoria Fórum, e o Caligari, de inovação
no âmbito cinematográfico –, o documentário Hélio Oiticica, de César
Oiticica Filho, vai estrear antes no circuito comercial internacional do
que no brasileiro. “Sem dúvida, ele vai viajar bastante, tem vários
festivais (estrangeiros) convidando. O mais difícil é conseguir
distribuição no Brasil. Por ora, fechei somente na Alemanha”, afirma o
diretor, sobrinho de Hélio Oiticica (1937-1980).
César afirma
que não tem levado muitas portas na cara porque “não tem ficado tanto
atrás”. “As distribuidoras grandes não querem nem saber, já que procuram
filmes água com açúcar, que são mais fáceis de vender. E o filme tem um
potencial incrível. O prêmio da crítica internacional foi dado por
críticos de vários países e de continentes diferentes. Ou seja, ele
agradou numa linguagem universal. Isso é um indício de que vai agradar
também no Brasil. Não é um filme de classificação livre, tem uma certa
dificuldade, mas uma força visual e de música grandes. Estou sendo
procurado por distribuidoras de fora, mas queria muito ser distribuído
aqui”, continua o diretor.
Um não já levado é da Riofilme.
“Embora seja uma empresa mista, ela tem dinheiro público, da Secretaria
Municipal da Cultura do Rio. Lá as portas estão totalmente fechadas, só
falam de dinheiro para blockbuster. Não entendo como uma empresa ligada à
secretaria vai dar dinheiro a quem tem.” Na Alemanha, Hélio Oiticica
deve estrear em outubro, aproveitando que o Brasil é o convidado de
honra da Feira do Livro de Frankfurt, que será realizada naquele mês.
Também durante o evento será apresentada a exposição Hélio Oiticica –
Museu é o mundo, maior retrospectiva do artista, com curadoria de do
próprio Cesar Oiticica Filho e de Fernando Cocchiarale. Ainda em
outubro, o filme participa da Viennale, maior festival de cinema da
Áustria.
Tropicália No Brasil, premiado no Festival do Rio (foi
considerado o melhor documentário), Hélio Oiticica promove um diálogo
direto com o espectador por meio de depoimentos, entrevistas e imagens
de arquivo inéditos, organizados depois de extensa pesquisa. Em pauta, o
início da carreira, junto ao Grupo Frente, o surgimento do
neoconcretismo, a criação dos Bólides, Penetráveis, Núcleos e
Parangolés, bem como o envolvimento com a Tropicália.
“Contratei
um pesquisador, Antônio Venâncio, que descobriu muita coisa que nem eu
sabia que existia.” César cita como exemplo cenas de Parangolé na Bienal
de Paris de 1965. “Da ideia inicial ao filme pronto foram 10 anos.
Mesmo antes de captar a verba (o documentário custou R$ 1,5 milhão),
comecei a produzir alguma coisa por minha conta. Ajudou muito foi a
maneira de filmar, pois a Ancine só aprovou R$ 1 milhão para captação.
Antes, fiz dois curtas (Invenção da cor, para o Inhotim, e o outro para o
colecionador carioca Luiz Antônio Almeida Braga) sem ter que usar o
dinheiro aprovado pela Ancine. Acabei utilizando o material para meu
filme. Foi uma maneira inovadora de produzi-lo”, conclui.
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