sexta-feira, 19 de abril de 2013

Abril Pro Rock chega à 21ª edição tentando atrair público jovem

folha de são paulo

Festival em Olinda terá, entre outros, Siba, Marcelo Jeneci, Television e Dead Kennedys
LUCAS NOBILEDE SÃO PAULOReconhecido por ter revelado nomes como Los Hermanos, Pitty, Mombojó, Mestre Ambrósio e por ter recebido show de Chico Science e Nação Zumbi em seu primeiro ano, o festival Abril Pro Rock chega à sua 21ª edição hoje e amanhã, em Olinda (PE).
Com programação dividida em duas noites, o evento tem hoje, no primeiro dia desta edição, um line-up dominado por atrações brasileiras.
Apresentam-se no Chevrolet Hall Móveis Coloniais de Acaju, Marcelo Jeneci e Silva. Além deles, nomes pernambucanos conhecidos, como Siba --com o elogiado disco "Avante"-- e Volver, e outros mais novos, como Babi Jaques e Os Sicilianos e Tagore.
Na mesma noite, também toca o Television, banda de punk rock formada nos Estados Unidos nos anos 1970.
"O nosso desafio é sempre trazer um público jovem para o festival. Se dependesse do público mais velho, o Abril Pro Rock já tinha morrido", comenta o diretor artístico do APR, Paulo André.
"Pessoas acham que a gente devia trazer alguma banda de axé, um Charlie Brown Jr., um Capital Inicial. Mas nosso foco é exatamente o oposto disso. A gente se orgulha de não ter essas bandas na história do festival", completa o curador.
Já a segunda noite do evento terá programação focada no rock mais pesado. Na escalação figuram nomes como Devotos, Andre Matos (ex-Angra, Viper e Shaman), Krisiun, entre outros.
Como atrações internacionais, o segundo dia do festival terá Dead Kennedys (EUA) e Sodom (Alemanha).
"Desde 1997 o segundo dia do festival tem esse desenho mais pesado. O fã de rock é aquele que compra camiseta, disco, viaja de longe pra ver uma banda. Para este dia, devemos ter de 30% a 40% do público vindo da região [Nordeste]", diz Paulo André.
Segundo o diretor artístico, a página oficial do festival no Facebook recebeu postagens de fãs dizendo que sairão de cidades como Mossoró (RN), Campina Grande (PB) e Paulo Afonso (BA) para ir aos shows.
O Abril Pro Rock, que desde 2010 recebe oficinas, terá cursos de fotografia, desenho, moda e marketing para bandas nas mídias sociais.

    SHOWS EM OLINDA OS 18 PARTICIPANTES
    HOJE
    Móveis Coloniais de Acaju
    Siba
    Television (EUA)
    Volver
    Marcelo Jeneci
    Silva
    Babi Jaques e Os Sicilianos
    Tagore
    AMANHÃ
    Dead Kennedys (EUA)
    Sodom (Alemanha)
    Devotos
    Krisiun
    DFC
    Fang (EUA)
    Andre Matos
    Kataphero
    Kriver
    Vocifera

      Brasil vira freguês das turnês do Television
      MÁRCIO PADRÃOCOLABORAÇÃO PARA A FOLHAApesar da baixa média de shows pelo mundo nos últimos anos, o Television, respeitada banda de Nova York que ajudou a formar a cena punk norte-americana nos anos 1970, chega ao Brasil pela terceira vez em oito anos, para o festival Abril Pro Rock.
      Em entrevista por e-mail, o guitarrista e cofundador Tom Verlaine se mostrou lacônico ao tentar explicar sua preferência pelo país, dizendo apenas que aprecia "um público agradável e o bom clima".
      Em 2011, quando veio ao Brasil pela segunda vez, a banda formada por Verlaine, Billy Ficca (bateria), Fred Smith (baixo) e Jimmy Rip (guitarra) falou da possibilidade de lançar o quarto disco e disse ter várias músicas prontas. Mas Verlaine também falou pouco sobre as chances de lançamento do álbum.
      "Trabalhamos no disco quando estamos todos na mesma cidade. Ou seja, está levando bastante tempo para ficar pronto", diz Verlaine, que conduz ainda carreira solo e projetos paralelos, como o grupo The Million Dollar Bashers, com Lee Ranaldo e Steve Shelley (Sonic Youth) e Nels Cline (Wilco).
      Com as canções minimalistas de seu álbum de estreia, "Marquee Moon" (1977), o Television foi rapidamente alçado à condição de banda cult e precursora do pós-punk da primeira metade dos anos 80 --cenário musical que veio a influenciar, duas décadas depois, bandas como o Franz Ferdinand e o Strokes.
      No entanto, Verlaine parece não se deslumbrar. "Eu não sei o que somos considerados. Somos algo diferente para qualquer um que escreve sobre isso, eu acho."
      Para falar do atual estado do rock e de um suposto esgotamento criativo, o guitarrista menciona o livro "Retromania", do jornalista britânico Simon Reynolds, que aborda a obsessão da cultura pop por seu próprio passado.
      "O livro é bem interessante. O mundo pop hoje é tão fabricado. Todos os mesmos sons saindo da mesma fábrica'. Há poucas ideias instrumentais. É como se os cantores não pudessem se calar! Estou pensando em Taylor Swift", ironiza o músico.

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