Alguns republicanos estão usando a tragédia para fazer o processo da reforma migratória se arrastar
Antes das 24 horas finais de tiroteio, busca e prisão do irmão Tsarnaev sobrevivente, o Senado americano derrotou um projeto de lei muito modesto que exigiria verificações de antecedentes e algumas outras medidas de bom senso no controle de armas. E então uma fábrica de fertilizantes no Texas explodiu, deixando 14 mortos e 200 feridos.
No final da semana, um presidente Obama exausto, triste e revoltado discursou para o país, depois de a polícia ter capturado o Tsarnaev mais jovem. Antes de a rede de TV ter passado de Watertown para a Casa Branca, o âncora mencionou um provável aumento das medidas de segurança pública em nome da segurança nacional.
Um amigo brasileiro em visita a Washington estava em casa e assistiu ao noticiário conosco. Ele cresceu sob a ditadura, quando os militares evocavam a ameaça de terrorismo para justificar a repressão, a tortura e os desaparecimentos. Ouvindo a cobertura, ele se voltou para mim e disse: "Sempre que ouço a frase segurança nacional', sou levado de volta a um período muito sombrio no Brasil".
Os EUA são uma democracia, não um regime militar. Torturamos combatentes inimigos, não cidadãos americanos. A administração Obama vem levando essa prática adiante, só que agora não é preciso matar civis num grande evento esportivo para correr o risco de receber tratamento que as leis internacionais consideram ser tortura.
Alguns migrantes sem documentos que vão parar no sistema de detenção deste país, embora não sejam submetidos à tortura do falso afogamento, são mantidos em prisão solitária por semanas ou até meses a fio.
Desde o 11 de Setembro, os americanos abriram mão de privacidade considerável em nome da segurança. Entre imagens de vídeo feitas por câmeras públicas aparentemente onipresentes e o tsunami de imagens feitas por smartphones, o reino do verdadeiramente privado encolheu. A contribuição de muitas pessoas nos beneficiou, na medida em que ajudou a identificar os irmãos Tsarnaev.
E há pouco a Prefeitura de Boston realizou um exercício para ajudar socorristas a responder a emergências e se preparar para uma quebra de segurança de grandes proporções, para que a polícia, o FBI, os bombeiros e outras agências estaduais, locais e federais soubessem trabalhar em conjunto. Os resultados do exercício foram visíveis.
E há a imigração. A relevância política futura do Partido Republicano depende em grande medida dos votos hispânicos, razão pela qual uma coalizão bipartidária está discutindo a reforma da imigração pela primeira vez em 25 anos. Mas alguns republicanos estão usando a tragédia de Boston para fazer o processo se arrastar.
Estas são as consequências imediatas dos ataques à maratona. Há razões para pensar que os eleitores americanos vão moderar o extremismo no mais longo prazo.
@JuliaSweig
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