Estado de Minas: 04/04/2013
“Olha, não sei
quantas já passaram aqui em casa. Teve uma que se chamava Ninfa. Chegou
grávida, mas escondeu o tempo todo, até que a levei correndo ao médico
porque alegava problema no fígado. Quase não deu para chegar à Santa
Casa para ela ter o filho, que tinha a mesma cara engraçada da mãe. Uma
noite fomos ao Mineirão e ela ficou em casa. Quando nosso time, dela
também, marcou gol, ela soltou um foguete no vão do prédio e foi uma
loucura. Adorava nossa filha mais velha, então com 1 ano e pouco. Um
dia, sem nos avisar, a levou escondido, à Praça da Estação para o
lambe-lambe fotografar as duas. Apesar do susto pela ousadia dela, até
hoje guardamos a foto com carinho. Depois, sumiu e virou líder
comunitária da favela onde morava sua família.
Foram muitas que me ajudaram a cuidar de meus três filhos. Eu trabalhava no grupo escolar e não sei como faria sem elas. A Maria Preta, gorda e alegre, não tinha onde morar. Abandonada pelo marido, nós a ajudamos a comprar material para construir sua casa. Teve também a Jacy, batalhadora Jacy, mãe de muitos filhos, outra de quem ninguém aqui em casa se esquece.
Sem falar da Cunhã, assim chamada por parecer com a ajudante do Painho, personagem do Chico Anísio, que usava o bordão: “Sou doido com esta neguinha…” Lá em casa, todos eram doidos com ela, e também tivemos de ampará-la, ajudando na construção do barraco para a família. Nem sei de quantas mais sou imensamente grata. Se vivemos momentos difíceis, isso é da vida.
Só sei que todas foram fundamentais, como são todas as domésticas. Acho justa a nova lei para profissionalizar a atividade. Só que, como sempre no Brasil, não fazem nada direito e deixam questões dependuradas, incompletas, porque o Estado é incompetente e leva tempo para as coisas se acertarem. Sempre procurei ajudá-las e respeitá-las, obrigação minha como patroa e cidadã. Elas merecem. Mas, de toda forma, meu marido já comprou avental para me auxiliar na cozinha.”
Foram muitas que me ajudaram a cuidar de meus três filhos. Eu trabalhava no grupo escolar e não sei como faria sem elas. A Maria Preta, gorda e alegre, não tinha onde morar. Abandonada pelo marido, nós a ajudamos a comprar material para construir sua casa. Teve também a Jacy, batalhadora Jacy, mãe de muitos filhos, outra de quem ninguém aqui em casa se esquece.
Sem falar da Cunhã, assim chamada por parecer com a ajudante do Painho, personagem do Chico Anísio, que usava o bordão: “Sou doido com esta neguinha…” Lá em casa, todos eram doidos com ela, e também tivemos de ampará-la, ajudando na construção do barraco para a família. Nem sei de quantas mais sou imensamente grata. Se vivemos momentos difíceis, isso é da vida.
Só sei que todas foram fundamentais, como são todas as domésticas. Acho justa a nova lei para profissionalizar a atividade. Só que, como sempre no Brasil, não fazem nada direito e deixam questões dependuradas, incompletas, porque o Estado é incompetente e leva tempo para as coisas se acertarem. Sempre procurei ajudá-las e respeitá-las, obrigação minha como patroa e cidadã. Elas merecem. Mas, de toda forma, meu marido já comprou avental para me auxiliar na cozinha.”
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