Viaduto do Chá tucano
SÃO PAULO - Os vereadores de São Paulo resolveram contribuir para tornar a cidade um pouco mais confusa. Num lampejo de criatividade, 45 dos 55 parlamentares decidiram subscrever um projeto de lei por meio do qual alteram, após 120 anos, o nome do viaduto do Chá. Querem que passe a se chamar "Viaduto do Chá Prefeito Mário Covas".Nada contra o político, morto em 2001, já homenageado em uma praça na região da avenida Paulista e no rodoanel metropolitano. Mas o que realmente São Paulo ganharia com isso, além das despesas necessárias para a adequação das placas?
Inaugurado em novembro de 1892, o viaduto do Chá foi assim chamado por ter sido erguido perto de uma chácara, no vale do Anhangabaú, onde o barão de Itapetininga plantava chá. Tinha, então, 240 m de comprimento por 14 m de largura (com o crescimento da cidade, foi reconstruído e ficou com 110 m por 25 m).
Na história do viaduto, não há nada que o ligue particularmente a Covas, o que poderia justificar a junção dos nomes, ressalvando, talvez, o alegado apreço que os adversários diziam que o tucano tinha pelos pedágios -no início, para atravessar o Chá, era necessário pagar três vinténs... Mas essa não parece ser a motivação da Câmara, ainda que oito representantes do PT, velho rival de Covas, tenham assinado a proposta.
A intenção dos vereadores é a de sempre. Fazer agrados e distribuir homenagens, pouco importando se têm sentido histórico ou se dificultam a vida do cidadão. A frequência com que se muda o nome de logradouros importantes da cidade é impressionante. O túnel Nove de Julho virou Daher Elias Cutait; a ponte do Limão passou a ser chamada de Adhemar Ferreira da Silva; a da Vila Maria, de ponte Jânio Quadros; a avenida Robert Kennedy mudou para Atlântica. E assim por diante.
Se São Paulo não tomar cuidado, corremos o risco de, algum dia, ver o Ibirapuera virar parque FHC, e a avenida Paulista, avenida Lula da Silva.
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