quinta-feira, 4 de abril de 2013

Tereza Cruvinel - O eixo Minas‏

Enquanto Pimentel corre solto, os tucanos não têm e não podem ter ainda um candidato definido ao Palácio da Liberdade. Como acima de tudo está a candidatura de Aécio a presidente, a ela se subordina a montagem da equação eleitoral no estado 


Estado de Minas: 04/04/2013 


Com o senador Aécio Neves no páreo, a eleição presidencial desta vez passará por Minas Gerais não apenas por tratar-se do segundo maior colégio de votos. Esta é uma condição que tocará o imaginário dos eleitores de um estado que sempre esteve no centro das decisões políticas nacionais e ressentia-se do papel secundário nos tempos recentes. Já a disputa pelo governo do estado, por conta da candidatura presidencial do senador tucano e de outras alterações, até agora vem sendo bastante atípica, em relação aos últimos 12 anos. Vale conferir.

 Em 2002, Aécio era o candidato natural do PSDB, depois de uma trajetória vitoriosa como deputado, que o levou à Presidência da Câmara. O PT tinha Lula como forte candidato à Presidência, mas não tinha um nome forte em Minas. O bloco PT-PMDB enfrentou Aécio com as candidaturas de Nilmário Miranda (PT) e Newton Cardoso (PMDB). Em 2006, a candidatura tucana ao segundo mandato era também natural, e a vitória, previsível. O outro lado improvisou uma chapa que deu o que falar: Nilmário com Newton de vice. Para 2010, com muita antecedência, Aécio preparou a candidatura do então vice-governador, Antonio Anastasia. PT e PMDB novamente sabiam quem seria o adversário, mas não tinham uma chapa consistente. Montaram a dobradinha Hélio Costa-Patrus Ananias. O PSDB ganhou todas no primeiro turno.

Agora, a situação se inverteu. O PT tem um candidato competitivo, que já está em franca movimentação eleitoral, o ministro Fernando Pimentel. Ele fez uma gestão exitosa em Belo Horizonte, de onde sua popularidade irradia para a região metropolitana, que congrega 25% dos votos do estado. Hoje é um ministro forte, próximo da presidente. Neste momento, atua como uma espécie de âncora das 40 inserções regionais do PT que estão sendo veiculadas no rádio e na televisão. Tem feito incursões pelo interior, visitando cidades-pólo como Montes Claros e Juiz de Fora. O PT está unido. Parecem bem resolvidas as rivalidades entre Pimentel e o ex-ministro Patrus Ananias, outro nome forte do PT mineiro. Estão se entendendo, inclusive, para a eleição da nova direção estadual. Agora, o PSDB é que sabe quem enfrentará.

Enquanto Pimentel corre solto, os tucanos não têm e não podem ter ainda um candidato definido ao Palácio da Liberdade. Como acima de tudo está a candidatura de Aécio a presidente, a ela se subordina a montagem da equação eleitoral no estado. Por maior que seja a ansiedade de alguns postulantes, nada poderá ser decidido antes de duas definições cruciais, que só acontecerão no ano que vem. Somente em abril de 2014, o governador Anastasia decidirá se fica no governo até o último dia ou se se afasta para concorrer ao Senado ou a outro cargo eletivo, já que não pode disputar a reeleição. Se for candidato ao Senado, isso terá impacto na montagem da aliança estadual, numa eleição em que todos os acordos estaduais vão girar em torno de três posições: as candidaturas ao governo, a vice e à única vaga de senador. E só em maio será também conhecida a coligação que Aécio montará em apoio à sua candidatura. Partidos que hoje estão na coalizão do governo Dilma Rousseff poderão optar por outras candidaturas a presidente, mas só farão isso na última hora. Até lá, vão ficando na base, tirando proveito dos cargos e benefícios de ser governo.

Na coalizão governista mineira existem quatro pré-candidatos ao governo estadual, mas nenhum deles tem poder e força para se impor este ano, atropelando as circunstâncias. Nenhum deles teria, hoje, mais que 5% de preferência. Terão que partir de um patamar baixo, valendo-se da força mobilizadora da candidatura de Aécio, que certamente mexerá com o tal “sentimento de Minas”, como lhe chamou Tancredo Neves. O mais serelepe no momento é o vice-governador Alberto Pinto Coelho, que sendo do PP, tem o apoio de muitos tucanos. No próprio partido, são postulantes o deputado e secretário de Ciência e Tecnologia, Nárcio Rodrigues, o presidente da Assembleia, Dinis Pinheiro, e o deputado e presidente regional do PSDB, Marcus Pestana. Aécio, que terá em Minas seu palanque principal, tem lhes pedido calma diante do calendário e frieza diante da movimentação de Pimentel. Que evitem guerrilhas e fogo amigo, o que só ajuda o adversário. Pestana está propondo que formem uma espécie de pelotão solidário, viajando pelo estado e discutindo propostas para o futuro, enquanto não chega a hora da escolha. Mas é difícil esperar racionalidade em situações pautadas pela ambição e a ansiedade.

Rio: Miro na disputa

A disputa pelo governo do estado do Rio de Janeiro promete ser uma das mais trepidantes. Já tivemos o lançamento da candidatura do petista Lindbergh Farias, contra a do vice-governador Pezão, do PMDB, rachando no plano local a aliança nacional. Garotinho concorrerá pelo PR, criando o terceiro palanque da coalizão dilmista. O deputado Miro Teixeira, do PDT, também está decidido a concorrer. Ele chegou a liderar as pesquias na eleição de 1982, a primeira por voto direto, para governador, depois do golpe de 64. Mas a vez era de Brizola, que voltava do exílio, e quando armaram a Proconsult para fraudar a eleição, Miro foi dos que gritaram contra a tramoia. Mas reconheceu a vitória de Brizola e depois elesse tornaram aliados. Ele diz que já pediu prévias ao PDT. Se não forem realizadas, disputará a convenção, movido pelo mesmo desejo de mais de 30 anos atrás: fazer um governo exemplar, inesquecível, que mude os destinos do Rio. Em tempo: o deputado Rodrigo Maia também informa que seu pai, César Maia, hoje vereador, pode ser candidato pelo DEM. 

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