Enquanto Pimentel corre solto, os tucanos
não têm e não podem ter ainda um candidato definido ao Palácio da
Liberdade. Como acima de tudo está a candidatura de Aécio a presidente, a
ela se subordina a montagem da equação eleitoral no estado
Estado de Minas: 04/04/2013
Com o senador
Aécio Neves no páreo, a eleição presidencial desta vez passará por Minas
Gerais não apenas por tratar-se do segundo maior colégio de votos. Esta
é uma condição que tocará o imaginário dos eleitores de um estado que
sempre esteve no centro das decisões políticas nacionais e ressentia-se
do papel secundário nos tempos recentes. Já a disputa pelo governo do
estado, por conta da candidatura presidencial do senador tucano e de
outras alterações, até agora vem sendo bastante atípica, em relação aos
últimos 12 anos. Vale conferir.
Em 2002, Aécio era o candidato
natural do PSDB, depois de uma trajetória vitoriosa como deputado, que o
levou à Presidência da Câmara. O PT tinha Lula como forte candidato à
Presidência, mas não tinha um nome forte em Minas. O bloco PT-PMDB
enfrentou Aécio com as candidaturas de Nilmário Miranda (PT) e Newton
Cardoso (PMDB). Em 2006, a candidatura tucana ao segundo mandato era
também natural, e a vitória, previsível. O outro lado improvisou uma
chapa que deu o que falar: Nilmário com Newton de vice. Para 2010, com
muita antecedência, Aécio preparou a candidatura do então
vice-governador, Antonio Anastasia. PT e PMDB novamente sabiam quem
seria o adversário, mas não tinham uma chapa consistente. Montaram a
dobradinha Hélio Costa-Patrus Ananias. O PSDB ganhou todas no primeiro
turno.
Agora, a situação se inverteu. O PT tem um candidato
competitivo, que já está em franca movimentação eleitoral, o ministro
Fernando Pimentel. Ele fez uma gestão exitosa em Belo Horizonte, de onde
sua popularidade irradia para a região metropolitana, que congrega 25%
dos votos do estado. Hoje é um ministro forte, próximo da presidente.
Neste momento, atua como uma espécie de âncora das 40 inserções
regionais do PT que estão sendo veiculadas no rádio e na televisão. Tem
feito incursões pelo interior, visitando cidades-pólo como Montes Claros
e Juiz de Fora. O PT está unido. Parecem bem resolvidas as rivalidades
entre Pimentel e o ex-ministro Patrus Ananias, outro nome forte do PT
mineiro. Estão se entendendo, inclusive, para a eleição da nova direção
estadual. Agora, o PSDB é que sabe quem enfrentará.
Enquanto
Pimentel corre solto, os tucanos não têm e não podem ter ainda um
candidato definido ao Palácio da Liberdade. Como acima de tudo está a
candidatura de Aécio a presidente, a ela se subordina a montagem da
equação eleitoral no estado. Por maior que seja a ansiedade de alguns
postulantes, nada poderá ser decidido antes de duas definições cruciais,
que só acontecerão no ano que vem. Somente em abril de 2014, o
governador Anastasia decidirá se fica no governo até o último dia ou se
se afasta para concorrer ao Senado ou a outro cargo eletivo, já que não
pode disputar a reeleição. Se for candidato ao Senado, isso terá impacto
na montagem da aliança estadual, numa eleição em que todos os acordos
estaduais vão girar em torno de três posições: as candidaturas ao
governo, a vice e à única vaga de senador. E só em maio será também
conhecida a coligação que Aécio montará em apoio à sua candidatura.
Partidos que hoje estão na coalizão do governo Dilma Rousseff poderão
optar por outras candidaturas a presidente, mas só farão isso na última
hora. Até lá, vão ficando na base, tirando proveito dos cargos e
benefícios de ser governo.
Na coalizão governista mineira
existem quatro pré-candidatos ao governo estadual, mas nenhum deles tem
poder e força para se impor este ano, atropelando as circunstâncias.
Nenhum deles teria, hoje, mais que 5% de preferência. Terão que partir
de um patamar baixo, valendo-se da força mobilizadora da candidatura de
Aécio, que certamente mexerá com o tal “sentimento de Minas”, como lhe
chamou Tancredo Neves. O mais serelepe no momento é o vice-governador
Alberto Pinto Coelho, que sendo do PP, tem o apoio de muitos tucanos. No
próprio partido, são postulantes o deputado e secretário de Ciência e
Tecnologia, Nárcio Rodrigues, o presidente da Assembleia, Dinis
Pinheiro, e o deputado e presidente regional do PSDB, Marcus Pestana.
Aécio, que terá em Minas seu palanque principal, tem lhes pedido calma
diante do calendário e frieza diante da movimentação de Pimentel. Que
evitem guerrilhas e fogo amigo, o que só ajuda o adversário. Pestana
está propondo que formem uma espécie de pelotão solidário, viajando pelo
estado e discutindo propostas para o futuro, enquanto não chega a hora
da escolha. Mas é difícil esperar racionalidade em situações pautadas
pela ambição e a ansiedade.
Rio: Miro na disputa
A
disputa pelo governo do estado do Rio de Janeiro promete ser uma das
mais trepidantes. Já tivemos o lançamento da candidatura do petista
Lindbergh Farias, contra a do vice-governador Pezão, do PMDB, rachando
no plano local a aliança nacional. Garotinho concorrerá pelo PR, criando
o terceiro palanque da coalizão dilmista. O deputado Miro Teixeira, do
PDT, também está decidido a concorrer. Ele chegou a liderar as pesquias
na eleição de 1982, a primeira por voto direto, para governador, depois
do golpe de 64. Mas a vez era de Brizola, que voltava do exílio, e
quando armaram a Proconsult para fraudar a eleição, Miro foi dos que
gritaram contra a tramoia. Mas reconheceu a vitória de Brizola e depois
elesse tornaram aliados. Ele diz que já pediu prévias ao PDT. Se não
forem realizadas, disputará a convenção, movido pelo mesmo desejo de
mais de 30 anos atrás: fazer um governo exemplar, inesquecível, que mude
os destinos do Rio. Em tempo: o deputado Rodrigo Maia também informa
que seu pai, César Maia, hoje vereador, pode ser candidato pelo DEM.
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