Rugido ou miado?
BRASÍLIA - "BC: inflação baixa, estável e previsível é condição para crescimento sustentável." Esta era a manchete do Blog do Planalto no dia 6 de janeiro de 2011, início do governo Dilma, da primeira entrevista de Alexandre Tombini como presidente do Banco Central.
Próxima de completar dois anos e meio de mandato, Dilma Rousseff viu seu governo conviver com inflação alta, instável e sem previsibilidade. Resultado: não houve crescimento sustentável no período.
Agora, às vésperas da eleição e com a oposição explorando o tema, o governo parece ter descoberto que estava brincando com fogo. Pelo menos o Banco Central.
Tanto que Tombini voltou a falar grosso desde o início do ano e retomou o tom da fala inaugural. Passou ainda a alertar que o combate à inflação vai contribuir para fortalecer a confiança de empresários e consumidores na economia.
Recado com endereço certo, o Palácio do Planalto: a inflação alta ajudou a adormecer o espírito animal de empresários e a corroer o poder de compra dos eleitores.
O BC distancia-se, assim, da imagem de alinhamento com a visão petista de que, para não sacrificar o crescimento, é possível tolerar uma certa inflação elevada.
O próprio banco flertou com tal linha no ano passado, na crença de que a inflação cederia no médio prazo. Só que ela ficou nas alturas por tempo demais e recua num ritmo aquém do recomendável.
Daí a subida de tom nas falas de Tombini, que já desperta de novo o fogo amigo no governo e levou o mercado a apostar que a taxa de juros deve subir numa dose mais salgada nesta semana --com aval e sem reação contrária do banco.
O risco é o rugido do BC virar um miado caso os juros subam no mesmo ritmo do mês passado. Nunca é demais lembrar, porém, que 2014 é ano de eleição. Ao PT, em vez de bater no BC, pode interessar mais que todo serviço seja feito agora.
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