Fernando Brant - fernandobrant@hotmail.com
Estado de Minas: 19/06/2013
Quantas vezes, na
hora da conta, eu e meus amigos, deslumbrados pela boa conversa e
inebriados pelo álcool suave das cervejas, não imploramos por uma rodada
saideira? Sempre sem consequências, a não ser desfrutar por mais algum
tempo de um momento agradável com pessoas que a gente gosta e admira.
Alguns desses nos deixaram muito antes da hora, de surpresa, sem nos dar
a chance de pedir uma penúltima. É de um deles que me lembro agora,
nesta tarde de quase inverno .
O que vou contar, uma singela história de amizade, aconteceu há mais de 30 anos. Eu conseguira comprar um lote no Bairro da Cachoerinha e comecei a pensar na possibilidade de construir uma casa e fugir das incertezas do aluguel. Um casal amigo, os arquitetos Mariza e Veveco Hardy, se prontificou a criar um projeto e meu cunhado, o Marção, amigo que guardo no lado esquerdo do peito, resolveu cuidar da engenharia da edificação. Sem esses três não sei o que seria de mim.
Tudo pronto, pensamos em fazer uma casa mineira, com material de demolição. Pacífico Mascarenhas me orientou nessa busca. Pude comprar uma bela escada de peroba-rosa e portas de uma residência da Rua Ceará. Não consegui arrematar a bela varanda, que já namorava há algum tempo. “Se um dia eles demolirem essa casa, eu quero essa varanda”, pensava em minhas caminhadas pela região. Biléo, o arquiteto Gabriel Aun, já tinha adquirido a joia. O Veveco me ajudou a convencê-lo a repassá-la para mim.
Enquanto vagarosamente, e de acordo com o dinheiro que tinha, a obra andava, pus-me à busca de mais material para o que queríamos. Fui até Sabará e, depois de conversar com o chefe da estrada de ferro, reservei 300 dormentes inservíveis. Mas ele permitiu que eu escolhesse, entre eles, os que me serviriam e não apenas os que só se prestavam para mourões de cercas de sítios e fazendas. Carpinteiros conhecedores das coisas do interior de Minas trabalharam com esforço e precisão para tornar aquele madeirame gasto em algo útil para meus planos.
Aí soubemos de uma janela linda à venda. Combinamos com o proprietário a compra e ele marcou o fechamento do negócio para o sábado, às 14h. Eu, o Veveco e um amigo nos encontramos por volta do meio-dia, em um bar. A conversa proveitosa e excelente, a cervejinha descendo suavemente pelas gargantas sedentas, lá íamos nós em nosso plantão. Consultávamos o relógio, ainda havia tempo. Quando eram 15 para as duas, pedimos a conta. Mas um de nós pediu a inevitável saideira. Chegamos ao lugar do encontro 10 minutos atrasados. E o danado do Paulinho Borges já passara a janela para outra pessoa.
Não acreditei naquela absurda pontualidade. Saímos desolados e o amigo resolveu lembrar que se não fosse a saideira...
Da janela eu não sinto a menor falta, mas do Veveco eu não me esqueço.
O que vou contar, uma singela história de amizade, aconteceu há mais de 30 anos. Eu conseguira comprar um lote no Bairro da Cachoerinha e comecei a pensar na possibilidade de construir uma casa e fugir das incertezas do aluguel. Um casal amigo, os arquitetos Mariza e Veveco Hardy, se prontificou a criar um projeto e meu cunhado, o Marção, amigo que guardo no lado esquerdo do peito, resolveu cuidar da engenharia da edificação. Sem esses três não sei o que seria de mim.
Tudo pronto, pensamos em fazer uma casa mineira, com material de demolição. Pacífico Mascarenhas me orientou nessa busca. Pude comprar uma bela escada de peroba-rosa e portas de uma residência da Rua Ceará. Não consegui arrematar a bela varanda, que já namorava há algum tempo. “Se um dia eles demolirem essa casa, eu quero essa varanda”, pensava em minhas caminhadas pela região. Biléo, o arquiteto Gabriel Aun, já tinha adquirido a joia. O Veveco me ajudou a convencê-lo a repassá-la para mim.
Enquanto vagarosamente, e de acordo com o dinheiro que tinha, a obra andava, pus-me à busca de mais material para o que queríamos. Fui até Sabará e, depois de conversar com o chefe da estrada de ferro, reservei 300 dormentes inservíveis. Mas ele permitiu que eu escolhesse, entre eles, os que me serviriam e não apenas os que só se prestavam para mourões de cercas de sítios e fazendas. Carpinteiros conhecedores das coisas do interior de Minas trabalharam com esforço e precisão para tornar aquele madeirame gasto em algo útil para meus planos.
Aí soubemos de uma janela linda à venda. Combinamos com o proprietário a compra e ele marcou o fechamento do negócio para o sábado, às 14h. Eu, o Veveco e um amigo nos encontramos por volta do meio-dia, em um bar. A conversa proveitosa e excelente, a cervejinha descendo suavemente pelas gargantas sedentas, lá íamos nós em nosso plantão. Consultávamos o relógio, ainda havia tempo. Quando eram 15 para as duas, pedimos a conta. Mas um de nós pediu a inevitável saideira. Chegamos ao lugar do encontro 10 minutos atrasados. E o danado do Paulinho Borges já passara a janela para outra pessoa.
Não acreditei naquela absurda pontualidade. Saímos desolados e o amigo resolveu lembrar que se não fosse a saideira...
Da janela eu não sinto a menor falta, mas do Veveco eu não me esqueço.
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