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Dilma: Vozes da rua precisam ser ouvidas
Presidente elogia manifestações, antes de viajar a São Paulo para discutir a onda de protestos com Lula e a cúpula do PT
Presidente elogia manifestações, antes de viajar a São Paulo para discutir a onda de protestos com Lula e a cúpula do PT
Paulo de Tarso Lyra e Juliana Braga
Estado de Minas: 19/06/2013
Brasília –
O governo federal ainda tenta acordar para o tamanho da nova cara do
Brasil, que se espalha pelas ruas do país desde a semana passada. Mas,
por enquanto, a maior preocupação é eleitoral. Tão logo fez o primeiro
pronunciamento oficial sobre o assunto, em cerimônia no Palácio do
Planalto ontem, para a apresentação do Código de Mineração, a presidente
Dilma Rousseff voou para São Paulo para se encontrar com o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o prefeito de São Paulo,
Fernando Haddad (PT). Além deles, participaram do encontro o ministro da
Educação, Aloizio Mercadante, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, e
o publicitário João Santana.
Esse grupo em nada se parece com uma força-tarefa formada para discutir crises. Em vez de encontros com os ministros de Estado de setores ligados à Justiça, à Segurança Pública e aos serviços de inteligência, a reunião contou apenas com caciques petistas e o principal marqueteiro do partido atualmente. Lula já tinha reclamado a interlocutores que Haddad estava titubeante diante dos confrontos ocorridos nas ruas de São Paulo. Em seu blog, o ex-ministro José Dirceu afirmou que cabia ao prefeito chamar os estudantes para abrir uma mesa de debate sobre a qualidade no transporte público e a militarização das polícias.
A gestão de Haddad se transformou em uma vitrine para o PT e para a reeleição da presidente Dilma. A sensação de que o pupilo de Lula fraquejou na primeira crise passa uma imagem muito ruim para o eleitorado, que escolherá, no ano que vem, o governador do estado – outro objetivo do PT – e decidirá se a presidente terá ou não direito a mais quatro anos de mandato no Planalto.
A percepção de que a situação havia passado totalmente do controle ocorreu na noite de segunda-feira, quando uma perplexa presidente assistia às imagens dos protestos que levaram quase 250 mil pessoas às ruas de 12 capitais. Ela decidiu, então, ligar para os governadores de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB); do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB); e do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), que enfrentaram protestos na segunda-feira.
Discurso As conversas telefônicas que Dilma teve serviram para nortear o discurso da manhã de ontem. Até então, mesmo com a presidente tendo sido alvo de vaias durante a abertura da Copa das Confederações, no sábado, em Brasília, governo e petistas tentavam minimizar as manifestações. Na segunda-feira, Dilma se limitou a declarar, por meio da ministra da Secretaria de Comunicação Social, Helena Chagas, que as “manifestações são próprias da democracia”. Ontem, ela foi mais contundente.
A presidente disse que “as vozes da rua precisam ser ouvidas”, e evidenciou a natureza dos manifestos das últimas semanas. “Eles ultrapassam, e ficou visível isso, os mecanismos tradicionais das instituições, dos partidos políticos, das entidades de classe e da própria mídia”, afirmou. “Os que foram às ruas deram uma mensagem direta ao conjunto da sociedade, sobretudo aos governantes de todas as instâncias. Essa mensagem é por mais cidadania, por melhores escolas, melhores hospitais, postos de saúde, pelo direito à participação”, disse.
Dilma ainda elogiou o movimento e afirmou que ele fortalece o país. “O Brasil, hoje, acordou mais forte. A grandeza das manifestações comprova a energia da nossa democracia, a força da voz da rua e o civismo da nossa população”, afirmou. Ela condenou o uso da violência. “O caráter pacífico dos atos públicos evidenciou o correto tratamento dado pela segurança pública à livre manifestação popular. Conviveram pacificamente”, ponderou. Dilma ainda disse que atos isolados de violência não retiram a legitimidade dos movimentos.
A presidente aproveitou a oportunidade para enaltecer os programas do governo e se colocar ao lado dos manifestantes. “Eu vi ontem (segunda) um cartaz muito interessante, que dizia: ‘Desculpe o transtorno, estamos mudando o país’. Eu quero dizer que o meu governo está ouvindo essas vozes pela mudança.”
Blatter na defesa
O presidente da Fifa, Joseph Blatter, disse ontem, no Rio, confiar que as manifestações e protestos que acontecem em cidades brasileiras não vão atingir o interior dos estádios da Copa das Confederações. E destacou que a Fifa não impôs ao Brasil organizar a Copa do Mundo. “Temos uma competição muito boa e estou seguro de que as manifestações vão se acalmar. O futebol está aqui para unir as pessoas (…). Nós não impusemos a Copa do Mundo ao Brasil”, afirmou o dirigente.
Esse grupo em nada se parece com uma força-tarefa formada para discutir crises. Em vez de encontros com os ministros de Estado de setores ligados à Justiça, à Segurança Pública e aos serviços de inteligência, a reunião contou apenas com caciques petistas e o principal marqueteiro do partido atualmente. Lula já tinha reclamado a interlocutores que Haddad estava titubeante diante dos confrontos ocorridos nas ruas de São Paulo. Em seu blog, o ex-ministro José Dirceu afirmou que cabia ao prefeito chamar os estudantes para abrir uma mesa de debate sobre a qualidade no transporte público e a militarização das polícias.
A gestão de Haddad se transformou em uma vitrine para o PT e para a reeleição da presidente Dilma. A sensação de que o pupilo de Lula fraquejou na primeira crise passa uma imagem muito ruim para o eleitorado, que escolherá, no ano que vem, o governador do estado – outro objetivo do PT – e decidirá se a presidente terá ou não direito a mais quatro anos de mandato no Planalto.
A percepção de que a situação havia passado totalmente do controle ocorreu na noite de segunda-feira, quando uma perplexa presidente assistia às imagens dos protestos que levaram quase 250 mil pessoas às ruas de 12 capitais. Ela decidiu, então, ligar para os governadores de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB); do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB); e do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), que enfrentaram protestos na segunda-feira.
Discurso As conversas telefônicas que Dilma teve serviram para nortear o discurso da manhã de ontem. Até então, mesmo com a presidente tendo sido alvo de vaias durante a abertura da Copa das Confederações, no sábado, em Brasília, governo e petistas tentavam minimizar as manifestações. Na segunda-feira, Dilma se limitou a declarar, por meio da ministra da Secretaria de Comunicação Social, Helena Chagas, que as “manifestações são próprias da democracia”. Ontem, ela foi mais contundente.
A presidente disse que “as vozes da rua precisam ser ouvidas”, e evidenciou a natureza dos manifestos das últimas semanas. “Eles ultrapassam, e ficou visível isso, os mecanismos tradicionais das instituições, dos partidos políticos, das entidades de classe e da própria mídia”, afirmou. “Os que foram às ruas deram uma mensagem direta ao conjunto da sociedade, sobretudo aos governantes de todas as instâncias. Essa mensagem é por mais cidadania, por melhores escolas, melhores hospitais, postos de saúde, pelo direito à participação”, disse.
Dilma ainda elogiou o movimento e afirmou que ele fortalece o país. “O Brasil, hoje, acordou mais forte. A grandeza das manifestações comprova a energia da nossa democracia, a força da voz da rua e o civismo da nossa população”, afirmou. Ela condenou o uso da violência. “O caráter pacífico dos atos públicos evidenciou o correto tratamento dado pela segurança pública à livre manifestação popular. Conviveram pacificamente”, ponderou. Dilma ainda disse que atos isolados de violência não retiram a legitimidade dos movimentos.
A presidente aproveitou a oportunidade para enaltecer os programas do governo e se colocar ao lado dos manifestantes. “Eu vi ontem (segunda) um cartaz muito interessante, que dizia: ‘Desculpe o transtorno, estamos mudando o país’. Eu quero dizer que o meu governo está ouvindo essas vozes pela mudança.”
Blatter na defesa
O presidente da Fifa, Joseph Blatter, disse ontem, no Rio, confiar que as manifestações e protestos que acontecem em cidades brasileiras não vão atingir o interior dos estádios da Copa das Confederações. E destacou que a Fifa não impôs ao Brasil organizar a Copa do Mundo. “Temos uma competição muito boa e estou seguro de que as manifestações vão se acalmar. O futebol está aqui para unir as pessoas (…). Nós não impusemos a Copa do Mundo ao Brasil”, afirmou o dirigente.
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