8 ou 80
RIO DE JANEIRO - No domingo, um grupo estimado em cerca de 800 pessoas tentava se aproximar do novo Maracanã. De joelhos, muitos deles enrolados na bandeira brasileira, cantavam o hino nacional e gritavam palavras de ordem como "sem violência" e "paz".A poucos metros deles, 200 policiais do Batalhão de Choque prontos para uma guerra começavam a se agrupar. E, num dos vários vídeos que circulam desde então na internet, ouve-se um manifestante gritar o seguinte: "Vai dar merda!".
O que se vê em seguida é um ataque desmedido das forças de segurança. Bombas de gás lacrimogêneo são atiradas para todos os lados. Os manifestantes são encurralados na Quinta da Boa Vista, onde famílias aproveitavam o domingo de sol, uma tradição na zona norte carioca.
Um dia depois, 100 mil pessoas (na avaliação da própria PM) protestavam pacificamente no centro do Rio. Na segurança, apenas 150 homens do batalhão do centro da cidade.
Já sabemos como acabou essa história: atos de vandalismo de um grupo de manifestantes e cerca de 80 policias encurralados no prédio da Assembleia Legislativa, 20 deles feridos.
Do lado de fora, nada de polícia. O quebra-quebra se espalhou. De um restaurante, levaram mantimentos e um forno de micro-ondas. Antes de sair, quebraram toda a louça.
Saquearam uma loja de chocolates, incendiaram outra de sandálias havaianas. Mesmo assim, na avaliação da PM, apesar de o Batalhão de Choque ter demorado três horas para entrar em ação, os policiais agiram no momento certo.
O que começara em paz podia ter se transformado em uma grande tragédia. O que teria acontecido se os manifestantes tivessem conseguido incendiar um prédio onde 80 policiais estavam presos?
Não dá para agir com a truculência empregada no domingo, nem com a omissão que se viu na segunda.
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