sábado, 27 de julho de 2013

Eduardo Almeida Reis-Traffic calming‏

Tenho em casa uma porção de ferramentas, mesmo não sabendo mexer com elas 


Eduardo Almeida Reis

Estado de Minas:
27/07/2013 



Já lhes contei que moro numa cidade com mais ou menos 70 traffic calmings, ninguém sabe o número exato, uma espécie de quebra-molas de nome chique. No momento, a prefeitura retira 11 deles e promete aproveitar o material no piso de algumas calçadas. É um tipo de tijolinho, suponho que de ótima qualidade, montado como quebra-molas para o motorista passar calmly, isto é, com calma. Sua função seria evitar ou diminuir o número de atropelamentos e trombadas, o que é discutível. Aqui na avenida principal, por exemplo, onde mora um philosopho amigo nosso, os traffic calmings aumentaram o número de colisões traseiras.

Em 1985, Carmen Hass-Klau usou o termo em inglês pela primeira vez, traduzindo do alemão Verkehrsberuhigung, o que me faz supor que a cidade-polo da Zona da Mata de Minas tenha cerca de 70 Verkehrsberuhigung, com ou sem esse final: não sei como se faz o plural na língua de Goethe.

Prof. Dr. Carmen Hass-Klau für europäische Regierungen und Forschungseinrichtungen sowie auf das vorhandene Spezial-Know-how der Mitarbeiter, ou lá o que isso queira dizer. Vervaltung der Bergischen Universität Wuppertal.

Em inglês, descobri que a professora doutora Hass-Klau ensina engenharia-civil na Universidade de Wuppertal, cidade alemã de 360 mil habitantes, que teve 40% de sua área destruída durante a Segunda Guerra Mundial. Salvo engano, foi de lá que veio em 1950 uma fábrica de canetas para ser instalada em Nova Iguaçu, Baixada Fluminense. O advogado dos alemães, meu amigo, contou-me que o edifício da fábrica só era refrigerado na linha de produção, motivo pelo qual os engenheiros vindos de Wuppertal, região gélida, levaram suas camas e seus armários para o galpão industrial, onde passavam dia e noite. Não tiveram curiosidade de conhecer a Via Dutra, que ficava e fica diante da indústria.

A mineira Bicas, Zona da Mata, tinha 12.793 habitantes na virada do século e do milênio. Por dentro dela passam os veículos que vêm pela BR-267 e tomam a MG-126, onde as estradas se “encaixam” na rua principal da cidade, estreita, com estacionamento dos dois lados, pistas cheias de rich man traffic calmings, quebra-molas inventados para inviabilizar a circulação de automóveis que custam mais que R$ 24 mil reais, taxa zero. Carros de R$ 35 mil passam raspando o fundo e os de R$ 60 mil para cima, veículos de milionários, podem desistir de passar sobre os quebra-molas biquenses. Devem tratar de voltar à BR-267, superiormente administrada pelo DNIT, suposto de ter convênio com as fábricas de pneumáticos tantos são os buracos traiçoeiros que oferece em suas pistas.


Ferramentas
Tenho em casa uma porção de ferramentas, mesmo não sabendo mexer com elas. Chaves de parafusos, alicates, furadeira com jogos de brocas para madeira, concreto e tijolos, essas coisas que custam uma tutameia e todas as casas de classe média têm.

Ferramenta indispensável, mesmo, é uma espécie de chave de grifa ou de grifo, não exatamente as grifas mostradas na internet, mas uma espécie de alicate de pressão ou alicate bomba-d’água. O Google tem as fotos de 259 alicates e os mais parecidos com o meu, de uso quase diário, é o bomba-d’água, indispensável para abrir certas garrafas pet de 1,5 l de água mineral, bem como as garrafas de excelente cerveja fabricada em Teresópolis, RJ, com 9,5% de álcool por volume.

Cerveja engarrafada pelo método dos espumantes, em que você tira aquele araminho e não consegue torcer a rolha, a não ser que tenha a força de um touro, o que já não é o meu caso. Com o tal alicate, torço a rolha tipo champanha, acabo de tirar na munheca, encho o copo de cristal (sou meio besta) e fico numa felicidade que vou te contar.


O mundo é uma bola
27 de julho de 1765: criação em Portugal do Regimento de Lezírias e Pauis. Lezíria é o leito maior ou planície de inundação, junto a certos rios, onde há depressões que são invadidas pelas cheias e canta o sapo-cururu da beira do rio. Pauis são pântanos. Em 1794, o advogado e político Maximilien François Marie Isidore de Robespierre é preso depois de encorajar a execução de mais de 17 mil “inimigos da Revolução Francesa”. Foi guilhotinado no dia seguinte.

Em 1843, abertura da China ao comércio europeu. Em 1866, os Estados Unidos inauguram o primeiro cabo telegráfico transatlântico. Em 1890, com 37 anos, Van Gogh dá um tiro no peito e morre dois dias depois. Deixou cerca de 800 quadros e uma centena de desenhos.

Em 1976, o general Ramalho Eanes, depois da Revolução dos Cravos, é eleito presidente da República Portuguesa. António dos Santos Ramalho Eanes, se não me falha a memória, era aquele que tinha voz de Zebrinha da Loteca.

Hoje é o Dia do Pediatra, do Despachante e do Motociclista.


Ruminanças
“Além dos futuros médicos, parece que os estudantes de psicologia, fisioterapia, enfermagem, odontologia e outros estão ameaçados de estagiar durante dois anos no SUS. Sugiro que o estágio seja estendido aos estudantes de comunicação para conhecer as entranhas e os dirigentes do país em que vão trabalhar” (R. Manso Neto).

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