Estado de Minas - 07/07/2013
Paraty – “Paraty,
paramim, paratodos, parasempre?”. A frase estampada numa camiseta em
vitrines de lojas de Paraty, no litoral sul do estado do Rio, poderia
ser um resumo da proposta da Festa Literária Internacional de Paraty
(Flip). Em seu 11º ano, o evento, que termina hoje, conseguiu se
consolidar como o mais importante encontro da literatura no Brasil, mas
ainda provoca polêmicas quanto a sua abrangência.
O próprio
cantor e compositor Gilberto Gil, que fez parte da primeira Flip em
2003, e voltou à edição deste ano, fez um questionamento a esse
respeito. “É claro que um evento desse porte e que cresceu muito ao
longo do tempo traz impactos e mudanças, principalmente para a cidade
onde é realizado. Por isso também é relevante repensar isso. Mas, no
geral, vejo como positiva a iniciativa”, comentou ele, que fez o show de
abertura, lançou sua biografia e ainda participou de uma das mesas.
A
edição da Flip deste ano teve como homenageado o escritor Graciliano
Ramos. Numa atitude simpática, a Tenda dos autores ganhou uma imagem da
cadela Baleia, do romance Vidas secas, como decoração. O autor foi tema
de várias palestras e mesas conduzidas por especialistas. Hoje, o
professor Wander Melo Miranda, da UFMG, participa do encontro que debate
as políticas da escrita na obra do escritor alagoano.
Para a
professora Maria Adelaide Cerqueira, de 43 anos, radicada na cidade há
11 anos, não há como deixar de ressaltar a importância da Flip para o
município. “Temos eventos da festa que são desenvolvidos em parceria com
escolas e artistas da região. Fora que é uma chance para mostrar um
pouco da cultura paratiense”, frisa.
Estreante na iniciativa, o
arquiteto Felipe Machado, de 32 anos, é fã de literatura e disse estar
até um pouco desorientado com tantas atrações. “Sinto-me como uma
criança em uma loja de doces. É tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo e
não só ligada a livros. Tem música, cinema, artes plásticas e até a
minha área, arquitetura”, comenta. Felipe também lembrou que o evento
oferece programação para todas as idades, o que ajuda a democratizar a
Flip. “Meus sobrinhos mais novos foram para a Flipinha, que é voltada
para o público infantil, e os mais velhos estão aproveitando a Flipzona,
que é para adolescentes. E isso é bem bacana também”, acrescenta.
Já
a estudante de letras Melissa Ribeiro, de 26 anos, que chegou à cidade
na véspera do evento, reclamou que não há muitas atrações gratuitas e
que, mesmo não tendo conseguido comprar ingressos (muitas mesas tiveram
ingressos esgotados semanas antes de a Flip começar), ressaltou o clima
de literatura que paira em Paraty. “Fui a uma sorveteria e encontrei o
Milton Hatoum. Sentei na praça e vi o Ruy Castro e depois o Frei Betto.
Trombei com o Laerte num café. Isso por si só já é bacana demais. Vale
muito a pena vir. Nem que seja para dar uma espiada e entrar na
atmosfera da cidade”, resumiu.
A programação de hoje, no
encerramento do evento, traz debate entre Daniel Galera e Jérome
Ferrari, que ganhou o nome criativo de “Tragédias no microscópio”;
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