Passe (aéreo) livre
SÃO PAULO - Quem disse que implementar o passe livre é inviável? Ao menos para autoridades, voar para destinos como Rio de Janeiro e Trancoso pode sair de graça.Os presidentes das duas Casas do Legislativo, deputado Henrique Alves (RN) e senador Renan Calheiros (AL), ambos do PMDB, recorreram ao velho expediente de usar jatos da FAB como táxi-aéreo. E o fizeram no auge das manifestações que tomaram as ruas de todo o país.
Flagrados por esta Folha, tiveram reações opostas. Em comum, apenas o fato de tentarem dizer que usaram as aeronaves para compromissos oficiais. Alves levou parentes de Natal para um jogo de futebol. Renan foi ao casamento da filha de um colega.
O deputado requisitou um avião com 50 lugares para levar sete pessoas, no trecho Natal-Rio de Janeiro-Natal. Achou que liquidaria a fatura devolvendo R$ 9.700 ao erário.
Não apenas o valor é irrisório diante do custo quanto a saída não repara o mal uso da coisa pública, justamente quando se discute a reformulação dos costumes na política.
Renan Calheiros vinha se dedicando à retórica da transparência nos gastos do Senado desde que reassumiu a presidência da Casa, sob forte contestação popular, depois de ter sido forçado a renunciar ao cargo por conta de denúncias em 2007.
Pego em plena contradição com o discurso da austeridade, adotou a arrogância ao ser questionado se também devolveria o dinheiro do voo a Porto Seguro para participar do casório, que teve até show do cantor Latino. "É claro que não", respondeu.
Em nota, fez livre interpretação do decreto que disciplina voos em aeronaves da FAB para dizer que tem direito a usá-las por ser chefe de Poder.
Diz que estava em compromisso oficial, mas sua agenda não previa nada no sábado, dia 15 de junho. Também não explica a carona à mulher, Verônica, no voo oficial''.
O Movimento Passe Livre deveria fazer um workshop com o PMDB sobre como viabilizar a tarifa zero.
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