DO ENVIADO A PARATYA primeira das duas mesas extras da Flip para debater os protestos no país, ontem à noite, foi a mais aplaudida da festa até aqui.
Reuniu o jornalista espanhol Juan Arias, correspondente do jornal "El País" no Brasil, o poeta Fabiano Calixto, autor de coletânea de poemas inspirada pelos protestos, o diretor Marcus Faustini, que prepara filme das manifestações, e Pablo Capilé, da rede Fora do Eixo.
Arias se disse "muito orgulhoso" do que viu nas ruas. "O Brasil acordou, recuperou sua voz e está fazendo perguntas ao poder. Depois disso, nunca mais vai ser o mesmo", afirmou, sob muitos aplausos.
Tão ovacionado quanto Arias foi Pablo Capilé, que falou sobre a "crise de intermediários", iniciada com a música a partir do declínio das grandes gravadoras, e que, hoje, estaria na imprensa, "pega de calças curtas quando deveria estar apresentando novas soluções".
Reuniu o jornalista espanhol Juan Arias, correspondente do jornal "El País" no Brasil, o poeta Fabiano Calixto, autor de coletânea de poemas inspirada pelos protestos, o diretor Marcus Faustini, que prepara filme das manifestações, e Pablo Capilé, da rede Fora do Eixo.
Arias se disse "muito orgulhoso" do que viu nas ruas. "O Brasil acordou, recuperou sua voz e está fazendo perguntas ao poder. Depois disso, nunca mais vai ser o mesmo", afirmou, sob muitos aplausos.
Tão ovacionado quanto Arias foi Pablo Capilé, que falou sobre a "crise de intermediários", iniciada com a música a partir do declínio das grandes gravadoras, e que, hoje, estaria na imprensa, "pega de calças curtas quando deveria estar apresentando novas soluções".
FLIPETAS
A organização da Flip informou que o poeta palestino Tamim Al-Barghouti, que vive no Cairo e cujos poemas embalaram a Primavera Árabe no Egito, estava ontem no aeroporto a caminho do Brasil, mas que voos antes do dele haviam sido cancelados. Sua participação foi posta em dúvida com o golpe militar de anteontem naquele país.
PEDOLATRIA
O cartunista Laerte ganhou o público que lotou a Casa Folha na tarde de ontem. Falou sobre política, preconceito, "cura gay" e o fato de se vestir de mulher há quatro anos. Alguns também prestaram atenção em outros talentos de Laerte.
"Você tem um pé tão bonito. Gosta de comprar sapato?", perguntou uma fã. Outra, que integrava a longa fila que ficou de pé fora da Casa Folha, ficou encantada com a pele do cartunista.
PRA INGLÊS BEBER
O ensaísta britânico Geoff Dyer tem declarado aos quatro cantos na Flip que o bar Jobi, no Rio, se tornou o seu botequim predileto no mundo. Ele frequentou o lugar pouco antes de ir a Paraty e promete volta.
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O bósnio radicado nos EUA Aleksandar Hemon foi quem montou o setlist da festa que a editora Rocco fez na noite de quarta. No repertório, músicas que influenciaram sua obra, como "Three", do Massive Attack", "I Zimbra", do Talking Heads, e "Thristy Dog", de Nick Cave & the Bad Seeds.
"Acho interessante falar de coisas que não são sublimes, grandiosas, como uma maçaneta. Acho que os poemas de amor estão nas maçanetas, disfarçados"
ALICE SANT'ANNA
poeta, durante debate ontem com as colegas Bruna Beber e Ana Martins Marques
poeta, durante debate ontem com as colegas Bruna Beber e Ana Martins Marques
Gil critica falta de negros em torneios no país
DO ENVIADO A PARATYO cantor Gilberto Gil criticou, ontem, em Paraty, a falta de acesso da população negra e pobre às partidas da Copa das Confederações e da Copa-2014."Tem de haver uma mobilização nas favelas para suprir a carência que esses grandes eventos impõem ao Brasil, que é a filtragem pelo preço dos ingressos", disse o ex-ministro da Cultura, que foi ao Maracanã no último domingo, para a final Brasil x Espanha.
"Fiquei na tribuna de honra, ao lado do [Joseph] Blatter [presidente da Fifa], do Zagallo, Ivete Sangalo, Jorge Ben Jor. Quando cheguei em casa, vi pela TV que o lugar onde os jogadores correram para abraçar a torcida não tinha o matiz racial brasileiro, era esbranquiçado."
Informado de que a Fifa anunciou que venderá ingressos a preços populares na Copa-2014, Gil listou outras sugestões, como linha de crédito bancário ou patrocínio de empresas para parcelar os ingressos.
Niemeyer foi o melhor e o pior da arquitetura brasileira, diz crítico
Americano Paul Goldberger debateu em Paraty com arquiteto português Eduardo Souto de Moura
Um dos principais analistas da área nos EUA defende que brasileiro se repetiu e ofuscou grandes nomes
Na segunda mesa da Flip 2013, o crítico americano Paul Goldberger, vencedor do prêmio Pulitzer, e o arquiteto português Eduardo Souto de Moura, vencedor do prêmio Pritzker de arquitetura, se mostraram pouco simpáticos à obra de Oscar Niemeyer (1907-2012), quando provocados pela plateia a respeito da arquitetura brasileira.
"Niemeyer foi brilhante ao mostrar que certas obras são possíveis, mas [essas obras] nem sempre se prestam ao público", disse Souto de Moura, expoente da chamada "escola do Porto" de arquitetura.
Crítico de arquitetura mais popular dos EUA --escreveu para o "New York Times" e para a "New Yorker" e hoje tem uma coluna na "Vanity Fair"--, Goldberger foi mais duro ao analisar a obra do maior arquiteto brasileiro.
"Niemeyer foi a melhor e a pior coisa para a arquitetura brasileira. A sua sombra perdurou tanto que há até pouco tempo as pessoas sequer conheciam Lina Bo Bardi, certamente uma das maiores arquitetas do século 20."
Tanto Souto de Moura quanto Goldberger concordaram no apreço pelas primeiras obras do brasileiro.
"Quando ele surgiu, foi como a bossa nova para o jazz: deu sensualidade, curvas, movimento", comparou o americano. "Mas, com o passar do tempo, me parece que ele acreditou demais na própria lenda, se copiar, fazer uma paródia que eu considero simplista de si mesmo".
Sobrou também para o urbanista Lucio Costa, com quem Niemeyer projetou Brasília. "Na teoria, Costa é perfeito, coisa que não acontece com a prática de seus projetos", atacou Souto de Moura.
Os dois elogiaram a obra de outro brasileiro, Paulo Mendes da Rocha, no dizer de Souto de Moura, "em plena flor da idade criativa". "Interesso-me por seu modo de ver o mundo, sua profundidade ética, política e confesso que já o copiei num projeto", disse, para diversão da plateia.
Antes de a discussão desaguar em Niemeyer, Souto de Moura afirmou que todo arquiteto é um esquizoide, na medida em que precisa equacionar a sua originalidade, o pedido do cliente e a exequibilidade da obra.
Goldberger foi além: "Eu diria que [o arquiteto é] também um pouco de psiquiatra ou psicanalista, pois, quando ele projeta uma casa para alguém, de certo modo adentra a alma daquela pessoa na busca pelo que a define".
NA INTERNET
Outros destaques
O historiador britânico T.J. Clark deu uma aula sobre a gênese e a influência de "Guernica", obra de Picasso que "se recusa a morrer".
folha.com/no1306537
CRISE GERACIONAL
Paulo Scott e José Luiz Passos falaram sobre política. "Juramos que não cometeríamos os mesmos erros no processo de redemocratização. Mas falhamos", disse Scott.
folha.com/no1306470
COPA BRANCA
Gil critica torcida "esbranquiçada" em Copas e propõe cotas ou parcelamento de ingressos para pobres.
folha.com/no1306442
NA ALEMANHA
Pavilhão do Brasil na Feira de Frankfurt será focado no país como é hoje, evitando a abordagem memorialística.
folha.com/no1306463
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