Descamisados, uni-vos
O consórcio que administra o Maraca protagonizou o espetáculo de idiotice da semana
O espetáculo de idiotice da semana ficou por conta dos senhores do consórcio que administra o estádio Mário Filho, o Maracanã.
Propõem os finos cavalheiros que, doravante, mesmo no mais histórico dos Fla-Flus, os frequentadores de tal praça esportiva estão proibidos de tirar a camisa, levar bandeiras ou instrumentos musicais.
O som das charangas, mais importante para o ritmo do jogo do que o esquema tático dos treinadores, emudecerá de uma vez por todas.
E revoguem-se as tradições culturais de uma cidade, de um Estado, de um país.
É, meu caro Stanislaw, tu hoje terias uma fartura sem fim para a tua coluna. Nunca foi tão fácil. Ô sorte, como diz nosso chapa Wilson das Neves, o bamba, dono de um dos melhores shows e discos na praça.
Imagina, amigo da geral, em um domingão de sol no Rio de Janeiro, a cidade lindamente toda nua, do Leme ao Pontal as meninas de bundinha de fora, como na canção da Marina, e lá no Maraca o fraque e a cartola.
Imagina, nobilíssimo Mautner, você que gosta de ficar na praia deitado, com a cabeça no travesseiro de areia, olhando coxas gostosas por todo lado, das mais lindas garotas, também das mais feias?
Imagina, amigo Otto, o que o pessoal aí do Vidigal anda falando sobre esses caras do consórcio.
Ô, seu Eike Batista, você que faz parte dessa turma que agora manda no Maraca, se liga, não basta perder milhões, tem que perder essa mania jeca de imitar o padrão Fifa, o padrão Velho Mundo falido. O Rio elegante é o Rio descamisado. O Rio não fica bonito tentando ser chique, artificial e maquiado.
A cidade de São Sebastião é como a Marina de Dorival Caymmi, aquela que não pinta o seu rosto que eu gosto e que é só seu.
Não faz piada, gente do consórcio, gente proba, gente limpeza da Odebrecht, AEG e IMX. O Febeapá não carece de vocês nessa hora. No Rio, mesmo no inverno, até o Papa Francisco, torcedor de arquibancada do San Lorenzo --o time do corvo-- tem vontade de tirar a camisa.
O Maraca, por essência histórica, ajudou até os gregos chegarem a uma boa definição de democracia: do povo, para o povo e pelo povo.
Não pode agora o carioca e a gente do Ceará e do mundo inteiro que habita essa cidade cair no conto do consórcio. Já é tão caro, tão restrito, por que ficar tão desencarnado do espírito da cidade?
É, caro Stanislaw, mais que besteira, acho que já estamos adentrando o bananoso terreno da burrice.
A arte de jogar fora o que temos de melhor no solo pátrio. Ah, gente do consórcio, vai ver se eu tô na esquina, vai ver se eu tô com a tanga do Gabeira no Posto 9!
@xicosa
Nenhum comentário:
Postar um comentário