Demografia do Nobel
SÃO PAULO - Richard Dawkins ataca de novo. Desta vez, criou celeuma ao tuitar: "Todos os muçulmanos do mundo têm menos Prêmios Nobel do que o Trinity College, em Cambridge. Eles já fizeram grandes coisas, mas foi na Idade Média".
Se a ideia era causar controvérsia, Dawkins até que pegou leve. Ele poderia ter estragado o feriado do Eid al-Fitr e quem sabe as negociações de paz entre israelenses e palestinos se, em vez de mencionar o Trinity College, tivesse falado nos judeus.
Os números impressionam: os muçulmanos receberam 10 láureas (1,2% do total); o Trinity College, 32 (3,8%); e judeus, nas contas da "Encyclopaedia Judaica", 187 (22%). A comparação fica mais gritante quando se considera que os muçulmanos representam 23% da população mundial e os judeus, apenas 0,2%.
O que isso significa? Não sabemos bem. O que dá para dizer é que haveria aí um fenômeno intrigante a ser estudado, mas temos grande dificuldade para fazê-lo porque esse é um terreno politicamente minado, como Dawkins acaba de demonstrar.
Existem poucos estudos na área, como "Natural History of Ashkenazi Intelligence", de 2005, que levantaram hipóteses genéticas interessantes e testáveis. A dificuldade é que esses trabalhos não têm sequência porque o assunto é tabu nos meios universitários. Pesquisadores morrem de medo de ser tachados de racistas, reducionistas e sabe-se mais o quê.
O problema aqui é o mito da "tabula rasa", segundo o qual os homens nascem como uma folha em branco e as diferenças que acabam por desenvolver são fruto de condições externas. A ideia fez carreira entre pensadores de esquerda. Em vez de defender que todos devem ter os mesmos direitos, resolveram que a igualdade precisaria ser um dado da natureza. Só que não é. Se não existissem diferenças biológicas entre indivíduos e grupos de indivíduos, não haveria espécies nem evolução e não estaríamos aqui para discutir essas coisas.
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