segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Parir ouro - Carlos Emilio Faraco

Nāo tenho ouro,
Nem prata,
Nem mérito
Ou cartāo de crédito.

Tenho meu silêncio,
Que transformo em palavras baratas,
Quando quero.

Ás vezes, elas
Desencasulam-se aladas
E viram borboletas.

Às vezes,
Escorrem boca abaixo,
Qual massa ígnea.

Por vezes, duras,
Brotam como comandos.
Outras, de latāo,
Se moldam em insígnias.

Em todos os casos,
Sāo inúteis:

As borboletas,
Porque a natureza já as produz
Aos milhares
E massas ígneas
Nāo passam de vômito
De vulcōes
Mal-humorados.

Melhor será, pois,
Manter-me em silêncio,
Ruminando
Minhas perplexidades,
Ou, pelo menos,
Parir ouro,
Como certas galinhas
De cacarejar bilingue.

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