Pedro Ferreira
Estado de Minas: 07/11/2012
A apenas 12 dias de se sentar ao banco dos réus, acusado do desaparecimento e assassinato da ex-amante Eliza Samudio, o goleiro Bruno Fernandes deixou ontem a Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na Grande BH, para interrogatório em inquérito em que é citado como mandante de outro homicídio. Três suspeitos estão presos pela morte de manicure Graziele Beatriz Leal de Souza, de 34 anos, que levou três tiros na madrugada de 22 de janeiro de 2011, na porta de casa, no Bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves.Um dos presos, o traficante Cláudio Marcos Macial, de 34, que é cadeirante, acusou Bruno de ter encomendado o crime, alegando que a vítima foi babá das duas filhas do goleiro e da ex-mulher Dayanne Rodrigues, e que o crime seria queima de arquivo devido a informações comprometedoras. No entanto, o delegado da Homicídios de Ribeirão das Neves, Márcio Rocha, disse que a participação de Bruno no crime está “praticamente descartada”, mas, mesmo assim, vai investigar se havia ligações do goleiro com a vítima.
Graziela era irmã de Geisla Letícia Leal de Souza, de 25, que chegou a cuidar do bebê de Eliza logo depois do sumiço da mãe, em 2010. Ela recebeu a criança do então motorista de Bruno, Cleiton Gonçalves, e da mulher dele, identificada como Júlia. “Bruno disse que não conhecia nenhuma das irmãs e que apenas ouviu falar de Geisla. Afirmou que seu amigo Macarrão, também envolvido no desaparecimento de Eliza, e outras pessoas poderiam até conhecer Geisla”, informou o delegado.
A versão do traficante não foi confirmada, segundo o delegado. O policial informou que Graziela pode ter sido confundida com a irmã, Geisla, que seria usuária de drogas e devia R$ 600 ao traficante. “Há informações de que Cláudio foi o mandante do crime. Ele passou o nome de uma irmã e as características físicas da outra. As duas não eram parecidas”, disse o delegado.
No depoimento de três horas, Bruno negou que Graziele ou Geisla tenham sido suas empregadas. Ele disse que as duas babás das filhas eram do Rio de Janeiro e que, quando viajavam para Minas, elas os acompanhavam. O delegado ouviu também amigas de Graziela e elas disseram que a vítima era manicure e que nunca cuidou de crianças. Bruno informou ao delegado que a ex-mulher Dayanne era cliente de uma manicure, mas as características físicas dela, descritas pelo goleiro, não coincidem com as de Graziela ou Geisla. “Mesmo assim, vamos marcar uma data para ouvir Dayanne”, adiantou o policial.
MANOBRA Os suspeitos Cláudio e Wellington Reginaldo de Jesus, o Sombra, de 37, já estavam presos por tráfico de drogas. Em 22 de outubro, foi preso Daniel Lourenço Maciel da Silva, de 34, o Beiçudo. “Cláudio citou o nome do goleiro Bruno para se livrar das acusações e confundir as investigações”, disse o delegado. Geisla também foi ouvida no inquérito e liberada. No ano passado, ela havia deixado Ribeirão das Neves com a família e retornou este ano, o que possibilitou o andamento do inquérito. “Graziele foi morta por engano e essa é a minha linha de investigação. O nome do goleiro só foi citado na semana passada. Ele já falou o que tinha falar e agora falta ouvir amigas da vítima e, por último, Dayanne ”, acrescentou Márcio Rocha.
Bruno permaneceu tranquilo durante o depoimento, segundo o delegado. Ele estava de barba feita e cabelos cortados e não aceitou o almoço oferecido pelos policiais. Depois de ouvido, foi levado de volta à penitenciária escoltado por policiais armados do sistema prisional. Muita gente esteve na porta da Delegacia de Homicídios, mas o carro que transportava o goleiro entrou na garagem e ninguém conseguiu vê-lo.
Parentes assistem a julgamento no dia 19A juíza Marixa Rodrigues decidiu que dois parentes de cada réu poderão assistir ao julgamento dos suspeitos do desaparecimento e morte da ex-amante do goleiro Bruno, Eliza Samudio, que começa no dia 19, no Tribunal do Júri de Contagem. A mãe da vítima, Sônia Moura, também será ouvida em plenário diante do conselho de sentença. Além do atleta, sentarão no banco dos réus sua ex-mulher Dayanne; o amigo Luiz Henrique Ferreira Romão, Macarrão; o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola; e a ex-namorada de Bruno Fernanda Gomes de Castro. O julgamento de outros dois envolvidos foi desmembrado e outro acusado, Sérgio Rosa Sales, foi assassinado.
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