quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Fernando Rodrigues


Brasil blasé
BRASÍLIA - Dilma Rousseff leu com mais atenção a edição recente da revista "The Economist" a respeito da troca de poder na China do que a que tratou da eleição nos EUA.
Ontem à noite, nenhum assessor estava instruído a enviar informes instantâneos a Dilma sobre a disputa entre Barack Obama e Mitt Romney. A presidente estaria num jantar com as cúpulas do PT e do PMDB.
Em conversas reservadas, Dilma e alguns ministros palacianos se declaram mais simpáticos a Obama. Mas Romney na Casa Branca não causa comoção no Planalto. Há algum tempo os políticos brasileiros aprenderam que são sutis as diferenças entre democratas e republicanos. Ambos têm seus encantos -sobretudo a sempre mencionada vocação maior dos republicanos para o comércio e os negócios.
Ao analisar esse cenário, alguém na cúpula do governo brasileiro lembrou ontem que o candidato republicano disse, durante a campanha, ser necessário aliviar os EUA da dependência do petróleo da Venezuela e do Oriente Médio. Haverá então um investimento maciço de dólares norte-americanos na exploração do pré-sal no Brasil? Se sim, um Romney presidente pode ser uma boa notícia para os brasileiros.
Um outro fator conta para a relativa frieza de Dilma em relação a Obama. Nunca houve uma química perfeita entre ela e o colega norte-americano. Muito menos com a secretária de Estado, Hillary Clinton, por quem a brasileira não nutre a menor simpatia -o que é recíproco.
Dilma também acha que com Obama as coisas não andam como deveriam. O marketing supera a ação. Compara-o sempre com o presidente da China, Hu Jintao. Já se encontrou com ambos. Depois das reuniões, notou a chegada de mais investimentos chineses do que dos EUA.
Para o Planalto então tanto faz, Obama ou Romney? Não chega a tanto. O fato é que não há torcida efusiva para um ou para outro.

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