sábado, 10 de novembro de 2012

Copa do atraso


Copa do atraso
Em junho do ano que vem -ou seja, em sete meses-, começará a Copa das Confederações, evento de teste para o Mundial de futebol em 2014.
Levas de turistas visitarão o Brasil, e o mundo acompanhará o torneio, que envolverá países como Espanha, Itália, Japão e México.
Com custos estimados em mais de R$ 27 bilhões, entre estádios e infraestrutura, as perspectivas do evento ainda são incertas. Algumas melhorias urbanas previstas não serão realizadas, e o balanço das arenas esportivas revela um quadro que, se não é desesperador, ainda oferece motivos para preocupação.
A Fifa anunciou que a Copa das Confederações será realizada em seis sedes: Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Brasília, Fortaleza e Recife. A primeira data para a entrega dos estádios era dezembro deste ano. Apenas Belo Horizonte e Fortaleza teriam condições de cumpri-la. Esticou-se o cronograma, então, até fevereiro. Agora, por fim, até abril.
O novo limite foi definido por pressões do governo federal, que teria oferecido à Fifa garantias de que serão concluídas as obras mais problemáticas, a saber, as do Recife e do Rio de Janeiro.
Mais do que na arena pernambucana, é no Maracanã, por ser a principal vitrine, que se concentram as apreensões.
O histórico recente de reformulações do estádio carioca ilustra o descaso com que o dinheiro público é tratado no país. Com gastos de cerca de R$ 1 bilhão previstos para a Copa, já havia consumido mais de R$ 400 milhões (em valores absolutos, não corrigidos pela inflação) na preparação para o Pan de 2007 e o Mundial de Clubes, em 2000. Espera-se que a Olimpíada de 2016 não exija novas e perdulárias intervenções.
As elevadas despesas, é claro, não garantem prazos. Basta citar a resposta de um um consultor do Comitê Organizador Local (COL) sobre a data de conclusão da reforma: "Se você souber o prazo, me fala. Não tem data certa, mas estimamos para meados de abril".
Apesar dos percalços, é provável que os estádios atrasados tenham condições de receber os jogos em 2013, mas parece certo que faltarão obras no entorno.
A Copa do Mundo não é mais um evento longínquo. Os meses passam, e a hora da verdade se aproxima. Já é tempo, portanto, de o país deixar de praticar um de seus esportes prediletos, depois do futebol: postergar providências e improvisar soluções.

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