quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Dois agrotóxicos 'pularam' avaliação da Anvisa


Uma das empresas beneficiadas emprestou jato ao então ministro da Agricultura em 2011
REYNALDO TUROLLO JR.DE SÃO PAULODois agrotóxicos chegaram ao mercado sem passar pela avaliação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que examina eventuais danos à saúde humana.
Essa avaliação é obrigatória para o registro no Ministério da Agricultura, mas foi "pulada". Um dos dois produtos beneficiados é o Diamante BR, inseticida da Ourofino Agronegócios.
A empresa é a mesma que, no ano passado, emprestou um jatinho ao então ministro da Agricultura Wagner Rossi, do PMDB, no episódio que acelerou sua queda.
O outro produto que não passou pela avaliação da Anvisa é o Locker, fungicida da FMC Química do Brasil.
O Locker teve registro publicado no "Diário Oficial da União" em junho, mas estava no mercado desde março. O Diamante BR teve o registro publicado em setembro. Além desses produtos, há irregularidades com ao menos mais três -dois da Ourofino.
As vendas do Diamante BR e do Locker foram proibidas após o Ministério da Agricultura publicar no "Diário Oficial da União", em 17 de outubro, a suspensão do IAT (Informe de Avaliação Toxicológica) desses produtos.
O ex-gerente de Toxicologia da Anvisa, Luiz Cláudio Meirelles, denunciou suspeita de corrupção e irregularidades em carta numa rede social. Segundo ele, houve até a falsificação de sua assinatura. O caso foi revelado ontem pelo jornal "O Globo".
Na carta, Meirelles diz ter feito a denúncia. Sem "orientação [da Anvisa]", pediu à diretoria a exoneração do gerente de Avaliação de Riscos, Ricardo Augusto Velloso -publicada em 22 de outubro.
Na semana passada, Meirelles foi surpreendido com sua própria exoneração.
OUTRO LADO
Segundo a Anvisa, a demissão de Meirelles "não tem relação direta" com a apuração.
Velloso disse desconhecer a falsificação de assinaturas para liberação de produtos. Afirmou ainda que prestou os esclarecimentos durante as apurações na Anvisa, ao contrário do que afirmou Meirelles no texto da carta aberta.
A reportagem não conseguiu falar com responsáveis pela FMC e pela Ourofino.

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