RIO DE JANEIRO - De quarta-feira até ontem à noite, o Brasil teve uma semana de feriado. Mesmo para os nossos padrões, deve ser recorde. Você dirá: Outros países não costumam enforcar tantos dias entre um feriado e outro. Eu responderia: Mas, em matéria de férias, direitos trabalhistas, assistência médica, aposentadoria etc., tudo neles difere de nós, não? Eles têm cidades em que os feriados são tão chatos que é melhor trabalhar.
Os brasileiros mais responsáveis deploram esse festival de feriados e forcas, e lamentam os dias em que, com as fábricas e boa parte do comércio fechadas, o país para, a produção estaciona, o desenvolvimento emperra. Mas será assim tão trágico? Os dias de vadiagem não trarão compensações em outras categorias?Por exemplo: nos feriados, brasileiros e brasileiras multiplicam o seu quociente de beijos, abraços e carícias, sem contar as vias de fato -se incluirmos os turistas estrangeiros, tal quociente irá à estratosfera.
Os dias vazios convidam à maciça entrega mútua, do que se beneficiam bares, restaurantes, táxis, motéis. E a venda de Viagra, óleos e camisinhas? Alguém já calculou o que isso rende?
Nesses dias, aumenta também o índice de bocejos, sonecas, noites bem-dormidas e recuperação de sono atrasado. Além dos benefícios para a produtividade dos cidadãos quando eles voltarem de pilha nova ao trabalho, imagine a indispensável providência para se passar dias de molho: abarrotar a geladeira. Dispara o movimento nos supermercados, padarias e lojas de conveniência -quanto não vale isso em milhões?
Os shoppings, praias, hotéis, aviões e aeroportos bombam. E vende-se mais gasolina, protetor solar, cachorro-quente e biscoito Globo do que nunca. Enfim, muitos setores progridem e se expandem. Só diminui a corrupção -pelo fechamento das repartições oficiais. Viva o feriado.
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