Hamas chega a anunciar acordo de cessar-fogo, mas Israel nega; confrontos se intensificam dos dois lados da fronteira
Ao menos 135 pessoas morreram em sete dias; em Jerusalém, Hillary reafirma compromisso dos EUA com israelenses
Fabio Braga/Folhapress | ||
Integrantes da comunidade judaica em São Paulo fazem protesto no vão livre do Masp, na avenida Paulista, contra o lançamento de foguetes pelo grupo radical islâmico Hamas ao território de Israel, ontem |
MARCELO NINIOENVIADO ESPECIAL A GAZAEm meio à frenética movimentação diplomática e informações desencontradas sobre a iminência de uma trégua, os confrontos entre Israel e extremistas palestinos da faixa de Gaza se intensificaram dos dois lados ontem.
Um membro do grupo islâmico Hamas envolvido nas negociações intermediadas pelo Egito, no Cairo, chegou a dizer que o acordo de cessar-fogo havia sido fechado, mas a informação foi negada pelo governo de Israel.
Enquanto falavam em trégua, Israel e o Hamas intensificaram os ataques, numa indicação de que pretendem manter o inimigo acuado até que um acordo seja obtido.
Quando a noite caiu em Gaza e parecia que o cessar-fogo seria anunciado no Cairo, aFolha pôde ouvir pesados bombardeios israelenses perto do litoral, ao mesmo tempo em que dezenas de foguetes palestinos eram disparados contra Israel.
Foi o desfecho do sétimo dia da ofensiva israelense, que deixou pelo menos 20 pessoas mortas em Gaza. Fontes palestinas informaram que a maioria era civil, mas Israel disse que 18 eram militantes do Hamas e do grupo radical Jihad Islâmico.
Em Israel, um soldado e um civil foram mortos por disparos de Gaza. Segundo o Exército israelense, seu território foi alvejado ontem por mais de 150 projéteis. "É assustador", disse ao site de notícias israelense Ynet um morador da região. "Nós esperamos que a ofensiva vá até o fim. Já sofremos demais."
A atual escalada de violência já matou ao menos 130 palestinos e cinco israelenses.
Além dos disparos contra as áreas próximas da fronteira israelense, que há anos é alvo da artilharia de Gaza, os palestinos voltaram a ameaçar o centro de Israel com foguetes de longa distância.
Um deles atingiu um prédio na cidade de Rishon Letzion e feriu duas pessoas. Outro foi disparado contra Jerusalém, centro do poder de Israel, mas caiu em área aberta da Cisjordânia ocupada.
O ataque disparou o alarme antiaéreo em Jerusalém pouco antes da chegada do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que exortou o premiê israelense, Binyamin Netanyahu, a não ordenar uma ação por terra em Gaza: "A escalada de violência coloca toda a região em risco".
O premiê respondeu que está disposto a aceitar uma solução diplomática. "Mas não hesitaremos em fazer o que for preciso para defender nossos cidadãos", ressalvou.
Pouco depois, foi a vez de a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, se reunir com Netanyahu em Jerusalém. Ela reafirmou o compromisso dos EUA com a segurança de Israel.
"Os ataques terroristas de Gaza devem parar, e a calma deve ser restaurada", afirmou. Ela não quis prever quando a trégua entrará em vigor, mas disse que está trabalhando para que "uma solução duradoura seja alcançada nos próximos dias".
Ontem à noite, o Conselho de Segurança da ONU marcou reunião sobre Gaza para hoje à tarde, caso um cessar-fogo não seja acertado antes.
A aviação israelense lançou panfletos ontem no norte de Gaza, recomendando à população que deixasse a região porque ela seria atacada. O alerta gerou uma longa caravana de famílias em fuga, em vans, carroças e a pé.
Cerca de 300 pessoas foram abrigadas numa escola da Cidade de Gaza, que o panfleto israelense dizia estar numa área segura. "Isso não é vida. Quando os judeus vão parar de nos atacar?", gritava uma idosa.
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