Folha de São Paulo
SÃO PAULO- O MEC se enrolou. Ao divulgar as médias do Enem por escolas, o ministério excluiu as notas das redações, por entender que sua correção é muito subjetiva. Eu concordo, mas então como justificar que elas sejam computadas para efeitos de acesso a universidades tanto no Sisu como no ProUni?
Em teoria, não há nada melhor do que a redação para avaliar um estudante. A produção escrita é uma excelente janela para averiguar o nível de conhecimentos de um aluno e sua capacidade de articular ideias, além, é claro, de seu domínio da linguagem. Existe, porém, um preço a pagar. Embora a subjetividade da correção não seja um problema incontornável, ela inevitavelmente rouba algo da precisão e da imparcialidade possibilitadas pelos testes de múltipla escolha.
Ao incorporar a redação, acabamos introduzindo novos e indesejáveis elementos de aleatoriedade à prova. Por mais justo que o corretor tente ser, detalhes como uma letra feia e até baixos níveis de glicose no sangue do avaliador tendem a reduzir a nota do aluno.
Vale a pena? Eu penso que não, pois existe uma correlação grande, ainda que não perfeita, entre o desempenho nos testes objetivos e a capacidade de escrever bem.
A Folha fez uma simulação com o ranking das 50 escolas da capital paulista que tiveram melhor desempenho no Enem e atribuiu à redação 50% da média, como o próprio MEC fazia até o ano passado. O resultado foi que 70% dos colégios mantiveram sua posição no grupo de elite. Um estudo da Fuvest divulgado em 2005 mostrou que, se a segunda fase do exame (da qual constam a redação e as questões dissertativas) fosse eliminada, a relação final dos aprovados mudaria pouco, de 3% a 6%.
A escolha se dá entre continuar cultivando um, até certo ponto justificável, fetiche pela redação ou aceitar de vez o paradigma das avaliações científicas, muito mais estáveis, precisas e fáceis de corrigir.
SÃO PAULO- O MEC se enrolou. Ao divulgar as médias do Enem por escolas, o ministério excluiu as notas das redações, por entender que sua correção é muito subjetiva. Eu concordo, mas então como justificar que elas sejam computadas para efeitos de acesso a universidades tanto no Sisu como no ProUni?
Em teoria, não há nada melhor do que a redação para avaliar um estudante. A produção escrita é uma excelente janela para averiguar o nível de conhecimentos de um aluno e sua capacidade de articular ideias, além, é claro, de seu domínio da linguagem. Existe, porém, um preço a pagar. Embora a subjetividade da correção não seja um problema incontornável, ela inevitavelmente rouba algo da precisão e da imparcialidade possibilitadas pelos testes de múltipla escolha.
Ao incorporar a redação, acabamos introduzindo novos e indesejáveis elementos de aleatoriedade à prova. Por mais justo que o corretor tente ser, detalhes como uma letra feia e até baixos níveis de glicose no sangue do avaliador tendem a reduzir a nota do aluno.
Vale a pena? Eu penso que não, pois existe uma correlação grande, ainda que não perfeita, entre o desempenho nos testes objetivos e a capacidade de escrever bem.
A Folha fez uma simulação com o ranking das 50 escolas da capital paulista que tiveram melhor desempenho no Enem e atribuiu à redação 50% da média, como o próprio MEC fazia até o ano passado. O resultado foi que 70% dos colégios mantiveram sua posição no grupo de elite. Um estudo da Fuvest divulgado em 2005 mostrou que, se a segunda fase do exame (da qual constam a redação e as questões dissertativas) fosse eliminada, a relação final dos aprovados mudaria pouco, de 3% a 6%.
A escolha se dá entre continuar cultivando um, até certo ponto justificável, fetiche pela redação ou aceitar de vez o paradigma das avaliações científicas, muito mais estáveis, precisas e fáceis de corrigir.
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