quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Sites de busca revelam curiosidades alheias


 QUENTIN HARDY e MATT RICHTEL
Tem coisas que você pergunta aos amigos, parentes e confidentes próximos. Outras, à internet.
Há anos, sites de busca oferecem pistas sobre os tópicos que as pessoas procuram. Agora, sites como o Google e o Bing estão mostrando de forma exata as perguntas mais frequentes, permitindo-nos espiar virtualmente as curiosidades privadas dos outros. Isso está revelando padrões interessantes.
Perguntas frequentes incluem: Quando o mundo vai acabar? Neil Armstrong é muçulmano? George Washington era gay?
As perguntas vêm das ferramentas chamadas "autocompletar" ou "autossugerir". Elas antecipam o que você deverá perguntar com base em perguntas que outras pessoas já fizeram.
Basta digitar alguma coisa começando com "é" ou "foi" [em inglês, essas formas verbais aparecem no início de frases interrogativas], e os buscadores passam a preencher o resto.
Estudiosos do comportamento on-line também dizem que as perguntas mostradas pelos sites muitas vezes são politicamente incorretas ou delicadas.
"Seu buscador é o seu melhor amigo. Você fala com ele sobre tudo, até sobre coisas que você não falaria com seus melhores amigos reais", disse Danny Sullivan, editor-chefe do Search Engine Land, um site que cobre a indústria das buscas.
Uma categoria surge com intrigante frequência: a dúvida sobre se determinada pessoa é gay. Isso costuma aparecer também quando você inicia buscas sobre George Clooney, sobre o jogador de beisebol Alex Rodríguez, sobre a atriz Ellen Page, sobre Genghis Khan e até sobre o papa.
Nick In't Ven, gerente-sênior de programação do Bing, da Microsoft, disse que os resultados refletem as curiosidades coletivas dos usuários. "Baseamos isso na experiência, no que os usuários têm perguntado no mundo inteiro", disse In't Ven. "Estamos tentando refletir as intenções coletivas do mundo."
In't Ven acrescentou que ele e sua equipe costumam conversar sobre as perguntas estranhas que surgem.
Há alguns meses, eles se interessaram pelas frequentes buscas sobre estereótipos culturais. Digite "Por que os americanos são", e as opções de autocompletar incluem "gordos", "estúpidos" e "patrióticos". Substitua por "chineses", e entre as sugestões aparecerão "magros", "rudes" e "inteligentes".
Krisztina Radosavljevic-Szilagyi, porta-voz do Google, escreveu que "os termos de busca que você vê na função de autocompletar são um reflexo das atividades de busca de todos os usuários da web".
Uma razão de ser desses serviços é reduzir os erros de digitação, para tornar os resultados mais rápidos e precisos. Mas outro motivo é dar às pessoas a sensação de que as coisas estão andando mais velozmente, poupando-lhes o tempo de digitar algumas palavras adicionais.
Em uma experiência há vários anos, o Google descobriu que as pessoas se diziam mais satisfeitas com as buscas quando os resultados apareciam poucos milésimos de segundos antes, num intervalo inferior ao que é possível ser percebido conscientemente.
Sean Gourley, cofundador e diretor de tecnologia do Quid, empresa de análise de dados, disse que os resultados do autocompletar salientam o caráter privado da conversa que as pessoas acreditam estar tendo com seus computadores.
"Não estamos sendo julgados pelo nosso computador, ou melhor, não sentimos que estamos sendo julgados", afirmou.
"Tendemos a fazer perguntas sem nenhum tipo de barreira."[in folha de são paulo]

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